sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Anoiteceu em contínuo...

Anoiteceu...
Fui vendo o baixar da luz e progressivamente as pálpebras dos meus olhos se fecharam... pesadas, mas suavemente...
E assim se entregaram ao mesmo ritmo...
Ao ritmo de quem cede ao cansaço,
de quem não quer ver a luz
de quem não quer mais nada que não seja... dormir...
E agora não há acordar
Não há manhã
Não há luz
Anoiteceu em contínuo...

domingo, 4 de novembro de 2012

Agora...!

Agora,
no silêncio,
aquele que a noite me proporciona
e que meu ser permite,
deixo fluir de mim...
Expiro tudo o que me quer atormentar
para apenas permitir habitar cada espaço de mim o que me faz bem...
Pensamentos, sonhos, sorrisos, cheiros, sensações, toques, sentimentos, carícias, planos, conversas, sonoridades, ...
Recolho em minha interioridade o prazer que cada uma deles me deixou...
E que agora perpetuo...!
O tempo de lamentar passou
Agora é tempo de amar,
Agora é tempo de viver,
E de dar espaço à meditação do mais fundo... eu!
...
Como á agua fresca que corre no riacho e sentimos tocar a ponta dos dedos da nossa mão
Como a brisa que salpica gotas de água salgada no nosso rosto e cabelo plasmados ao vento
Como o bater de asas da borboleta que se liberta da sua crisálida
...
E eis que...
Agora...
Agora é um Mundo novo...!

sábado, 6 de outubro de 2012

Pureza

Há um dia em que descobrimos que a pureza não existe
E, se calhar, nem a imagem que temos dela
Um misto de alívio e decepção nos inunda
E perguntamo-nos:
Porquê?
Porquê descobrir?
Porquê alívio?
Porquê decepção?
O porquê da existência da pureza não existe, não se põe.
E descobrir isso é na verdade descobrir a essência de tudo
A pureza existe, mas a sua existência não é agora, não é deste Mundo, e nossa só será quando entendermos que nada é nosso, e que nós somos antes de ter, antes de possuir...
É por isso um enorme alívio perceber que a pureza nestes moldes não existe para já, caso contrario, como explicar a nossa ânsia de querer ter? De querer possuir?
E normalmente é uma decepção... pensar que para connosco ninguém é puro... e depois perceber que como humanos que somos, se ninguém o for nós também não seremos...!
Ai pureza... volta!
Nem que seja a imagem de ti!
É tão melhor quando te vejo!
É tão melhor sentir que sou... sou independente do que tenho ou possuo...!

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Abstinência...

E é assim...
Que no silêncio e companhia da noite
Me desprendo...!
Eu que vivi longos anos no peso do incumprimento desse dogma desumano...
Presa à culpa
Presa à vergonha
Presa de mim...!
Hoje sou livre...!
Mas presa...
À ausência...
Ao vazio...
À falta de sentido...
Presa de mim...!
E é assim...
Que no silêncio e companhia da noite...
Permaneço...
Sem nenhuma vontade de a preencher...
Presa...
Mas como serei livre?

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Nua...

E a noite...
Esse pedaço negro que se desprende...
E a noite...
A noite dos meus sonhos...!
Esse vão solto que se envolve...
Tomara eu ter-te assim...
Assim como a noite agora me tem...
Sôfrega...
Fiel...
Cúmplice...
Nua...
Voltei aqui...
Onde tantas vezes nos sentimos acontecer...
E as vezes é tão duro viver dessas memórias...
Ser essas memórias...
Mas seria mais...
... não as sentir...?
...

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Nada me pertence

Está quase a fazer uma semana que estive contigo
E antes dessa, também mais de uma semana tinha passado até estar contigo
Também não te ouço desde essa altura
E antes desta, de facto não passou mais de uma semana, porque eu senti romper o silêncio
Mas nesta, concerteza não te irei ouvir desde essa altura
E nesta, mais de uma semana vai passar até estar contigo...
Uma hora de ausência,
deu lugar a um dia de ausência
que se fez substituir por uma semana...
Incrível...
E até me apetecia dizer que o ser humano tem uma capacidade notável para se adaptar às mudanças
Mas afinal que significa essa capacidade?
Que aceita?
Que se sente bem com ela?
Que enfrenta?
Que sente que não tem outra saída?
Que dá um significado positivo?
Compreendi ao fim deste tempo que afinal todos gostam de encaixar os sentimentos em
Espartilhos!
É tão lindo dizer: "o ser humano tem uma capacidade notável para se adaptar à mudança"
Até parece, que se carrega no botão e acontece
Outra linda é dizer: "o tempo cura tudo"
Até parece, que deixando passar o tempo tudo se encaixa nos espartilhos que se definiram
É mais ou menos como eu acreditar que alguém "nos juntou"
E o outro acreditar que esse alguém "nos separou"
...
Hoje um dia é um dia
E amanha é uma semana...!
E ontem pode ter sido anos...!
E embrulhamo-nos no paradoxo do tempo sem o entender, fechamos a porta, e esperamos que quando de novo a abrirmos estará tudo bem...!
...
Ó quanta ignorância a nossa...!
Que arriscamos tanta criatividade no nosso dia-a-dia e tão pouca canalizada ao nosso sentir, ao nosso ser...!
Hoje foi a eternidade...!
A eternidade da ausência, da espera, ... a eternidade da voz que não se ouviu, do abraço que não se deu, do beijo que não se sentiu...!
Mas amanhã...?
Amanhã pode ser o minuto que quando damos conta já passou...
E que importa tudo isto...?
E que importa tudo o que sei...?
E que importa tudo o que possa vir a saber...?
Nada mais importa...
Porque...
"eu sei que nada me pertence"...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

@ D


Estou na aldeia que te disse  
A viagem até cá foi muito difícil... 
De noite, com nevoeiro, sozinha...
Foi um alento enorme quando o meu Telm cerca das 6h apitou e percebi que eras tu...
Fiquei triste por sentir mais uma vez que... te magoei tanto e nao conseguir entender o porquê...
Pediste-me para eu te esquecer...
E foi com grande esforço que consegui continuar a conduzir, com nevoeiro, e com o meu coracao despedaçado... mas ainda assim, teres acordado mais cedo para comunicares comigo foi mesmo muito bom... 
Passado uns momentos, enviaste-me um email. 
Quando o li perdi-me no percurso pela primeira vez
Tive que voltar atras e nao consegui responder
Consegui chegar a vila mais perto da aldeia não sem antes me enganar de novo no caminho... e quando descia a montanha que erradamente tinha subido, um sol se infiltrou por entre as arvores... E quase me cegou...!
Cheguei a essa vila e enviei uma SMS para ti, sabia que era a ultima e que nao irias responder...
E no meu coração permiti-me apenas à sensação do teu beijo... do teu primeiro beijo... aquele que provavelmente nunca mais irei sentir...
... 
A partir dessa vila o caminho foi ainda mais difícil... 
sozinha... sem poder comunicar... e varias vezes perdida na serra sem certeza de onde estava...
Cheguei à ultima aldeia antes do local de destino e lá me ensinaram como chegar... 
Segui cautelosamente a estrada ainda de alcatrão e progressivamente, no alto da serra percebi que do meu lado esquerdo se avistavam ravinas profundas e sem que eu vislumbrasse o fim...!
Permite-me àquela sensação de infinito...
Quando encontrei a estrada de terra a seguir à placa, senti que já nao me perderia e assim foi!
Percorri lentamente a estrada estreita, de terra e com muitas pedras e grandes, sempre a descer e fui progressivamente sendo engolida pelas ravinas da serra...! 
Andei cerca de 3km assim, até que avistei a aldeia...!
Um autêntico... buraco de casas em pedra...
Estacionei o carro no ponto máximo que o carro conseguia fazer e os restantes 1000metros fiz a pé de mochila às costas. 
Um percurso todo em pedras de altos e baixos e sempre com os olhos postos lá em baixo, no riacho e nas casas...
Umas mais em baixo e outras mais em cima. Apesar de ser um buraco e ser num vale é acidentado, tem muitos altos e baixos...
Entrei na aldeia e perguntei a duas moças pelo meu grupo, nao sabiam...
Andei mais um pouco e depois de um muro havia uma passagem com umas escadas
Eu estava tão feliz por ter chegado e queria saber deles, nao queria ter chegado atrasada, fui pelas escadas em direcção a um chefe que estava um pouco mais à frente
E foi então que... Caí...!
Pus o pé em falso e uma dor enorme percorreu todo o meu corpo...
Suei, tive falta de ar, fiquei completamente imobilizada...! 
Quando me recompus olhei o meu pé... tinha uma batata enorme no tornozelo esquerdo...
Todos vieram... 
E os meus miúdos também...
Quase nao mexia o pé... 
Estava deitada no chão e 20 pessoas à minha volta...
Quase nao ouvi nem vi ninguém e na minha cabeça só pensei "estás no fim do Mundo, com o pé partido, mas tens de ter calma... és chefe tens de te aguentar, tens de dar o exemplo"
Quando consegui recompor-me estavam a levar-me ao colo para uma lagoa, para pôr o pé no frio.
No caminho, como era cheio de pedras e areia caímos os três... 
e uma dor tão forte me percorria... só tinha vontade de chorar... e tive de me aguentar...!
Chegámos à lagoa...
Pus o pé na agua fria... aliviou-me...
Foram buscar-me mantas e tudo para que eu apesar de sentada nas pedras pudesse estar confortável e até à hora de almoço aí permaneci...
Vi-te comigo ali... e as lagrimas teimavam em querer sair...
Estavas comigo nao estavas...?
Pensar em ti
No teu sorriso
No teu olhar
Na tua voz
E no teu beijo...
Foi o que me deu a força maior...!
Estavam outros grupos na aldeia todos vieram ajudar
Uns deram as ligaduras e a fita adesiva, outros deram umas placas de gelo, outros a companhia 
Um grupo ficou mais tempo a fazer uma acção de serviço na lagoa e por isso acompanharam-me
Os meus miúdos partiram para o que estava suposto. 
À hora de almoço tiveram que trazer-me ao colo de novo...
E comecei a desanimar...
Pensei em vir embora mesmo que sozinha e mesmo que com o pé assim...
A carrinha é de mudanças automáticas e tu ensinaste-me só a usar o pé direito e foi isso que treinei depois de ontem ter estado contigo
Portanto talvez conseguisse...
A Ana convenceu-me a ficar, ela tinha ficado comigo, fez-me o almoço e depois o staff da aldeia ofereceu-nos a casa deles para nos deitarmos
Quando cheguei à cama senti um alivio enorme...
Depois da manha inteira sentada em pedras frias soube tão bem o beliche... 
Dormimos eu e a Ana depois de almoço...
Pensei como estarias, que estarias a fazer, se te lembrarias de mim... 
... 
Acordámos cerca das 17h e ficámos na casa a conversar até as 18.30
Hora em que saí a custo e com uma vassoura a servir de muleta consegui andar alguma coisa ao pe coxinho
As 19h havia uma oração e de novo me levaram ao colo...
Incrível como de um momento para o outro ficamos completamente dependentes dos outros e sentimos que a nossa liberdade se cinge à liberdade do nosso pensamento...
Gostei da oração 
Mas sobretudo dos cânticos que me lavaram a alma...! 
De novo me trouxeram ao colo...
Fomos para a mesa comunitária  de pedra. Uns fizeram o jantar, outros cantaram e até de faculdade se falou
Foi giro alguns miúdos ficaram felizes por saber que vou regressar a faculdade 
Houve uns momentos a seguir que fiquei mais sozinha e pude contemplar o céu, o alto dos montes, o riacho mais em baixo... e senti tanto a tua falta...
...
Controlar o desejo, a vontade, a necessidade de comunicar contigo... é horrível... 
Mas se queres que te esqueça... tenho que desabituar-me de ti... talvez tenha sido uma boa forma de começar...
... 
Jantámos e a seguir fizémos a nossa partilha da noite 
Eu já estava muito mal, o pé doía, o rabo de estar nas pedras ainda mais, mas tinha que estar firme com eles...!
Quase no fim da partilha começou a chover e a trovejar...
Tivemos de retirar tudo e eu sem poder ajudar... impotente 
Ainda tentei andar mas dói muito...
Pedi para ir fazer xixi e vieram trazer-me à casa onde dormi a sesta
É onde estou... com as duas moças do staff da aldeia...
Estou deitada no meu saco-cama num beliche...
Nao sei se lerás tudo isto...
E se leres também só será depois de hoje... porque continuo sem rede
Será depois do dia 8 Set e do meu primeiro dia nesta aldeia...
...
Mas nao conseguia ir dormir sem te escrever...
Sinto tanto a tua falta... 
Tu queres que te esqueça...
Mas nunca te vou esquecer... ainda que agora o que guardes de mim seja a mágoa da minha "falta de amor"... 
Assim como nunca esquecerei este dia... o dia em que me beijaste pela primeira vez... 
... 
Noite de paz e tranquilidade...
Dorme bem amor... 
... 

 

sábado, 8 de setembro de 2012

Beijo...

Hoje é dia 8 de Setembro...
O dia em que quebraste todas as barreiras
O dia em que me fizeste quebrar todos os estigmas, medos
E me fizeste voar
E me ensinaste a caminhar sobre as aguas
O dia em que pude sentir a leveza do meu ser...!
Hoje disseste-me para eu te esquecer...
A obediência é algo a que estou habituada desde miúda
E nao funciona com ao coracao
Ate uma criança, na sua eterna pureza e ingenuidade sabe
Que o coracao será sempre o mais forte de tudo!
Nunca esquecerei este dia
E sei que serei sempre "obediente" ao meu coracao
Ainda que até venhas a odiar-me...!
Por isso podes afastar-te o que quiseres
Eu também o farei obviamente obedecendo ao teu querer!
Mas o meu coracao é livre...!
E nao é passado...
... É bem presente...!
Como no dia 8 de Setembro... há 2 anos atras...
Beijo...

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Chegou a hora da partida...

Nunca ninguém me negou um abraço
Nem um beijo
E muitos, antes pelo contrário,
Desejariam-no antes muitíssimo!
Mas tu não...
Tu não queres
Tu reprimes
Tu afastas
Tu excluis
Tu negas-me um abraço e um beijo!
Tu punes-me!
Por causa de alguém que esta morto...!
Dificilmente algum dia irei entender!
Porque a dor que senti tantas vezes pelas pessoas reais que te rodeiam eu tive de aguentar...!
E fiz tanto para superar tudo!
Tive de engolir tanta coisa...!
Até ofensas e palavras reais...! Bem reais! E de alguém muito vivo!
Mas tu não... tu dás mais importância aos mortos!
Sobre algo que escrevi na minha liberdade!
Pois é
Cada um é livre
Eu sou livre de escrever
Tu és livre de ires por algo que escrevi!
Assim como tantas vezes fui livre de ficar
De nao te negar nada
Apesar da dor...
E quem esta mal?
Eu...
Sempre eu
Pois se até a compreensão é depositada nessa viva que me atormenta!!
Claro que quem esta mal SOU EU!
Mas hei-de-me pôr bem!
Sozinha claro...!
Porque a noite cai
E não é a mim que sao devidas atenções e reconhecimentos
Não é a minha segurança que importa precaver!
Eu cá me hei-de arranjar!
Nem é comigo que há compromissos eternos!
Comigo é quando puder ser e quando não causar transtornos a quem sempre cuidou e esteve ao lado! 
E por isso saio
É bom que cada um perceba a sua hora da partida
Fica mais fácil para todos!
Sobretudo para quem atormenta!
E o triste é isso...
Quem fica bem...
Quem fica bem é quem quiseste que ficasse...
E por isso a mim só resta reconhecer que chegou...
... chegou a minha vez de partir...
Quiçá para sempre...
...


...

Há momentos em que o silêncio é a única saída...
E ocuparmos o lugar para o qual nos remetem...
Sobrevivemos...
Mais que não seja no cume de uma montanha e sem contacto com o Mundo...
...

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O aqui... era...

As lágrimas secaram
E o coração não bate
E eu... fico-me por aqui...
...
E mesmo naquele estado do eu inerte, meio indiferente, quase moribundo...
Há quem goste das minhas coisas...
...
As lagrimas secaram
E o corpo nao mexe
E eu... já não estou aqui...

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Como é que se faz...?

Como é que se faz?
Quando se recebe da pessoa que se ama as palavras mais tristes de sempre...?
Como é que se faz?
Quando a pessoa que amamos sente as coisas como um dever e como já nao sendo importantes?
Como é que se faz?
Quando se tem um não da pessoa amada?
Como é que se faz?
Quando a pessoa que amamos nos fecha a porta e já nem quer conversar?
Como é que se faz...?
...
Há momentos em que guardar o que nos emocionou não chega
Há momentos em que lembrar o que nos fez feliz é pouco
Há momentos em que pensar que o que acontece nos leva a algo melhor é muito vago...!
Há momentos... em que a escuridão total se apodera de nós...
Mas não há dia sem noite
E tempestade que não desemboque num belo arco-íris e num sol radioso...
Pena é que se tenha de chegar ao dia e ao sol
Sem possibilidade de falar...!
Mas sobrevive-se...
E o que não nos derruba torna-nos mais fortes, ...


Inundar meu ser

Deixei de pensar no que significa não me escreveres
O pensamento mais "fácil" seria sempre o de que não tens vontade de o fazer
Mas deixei de me permitir a isso
Àqueles pensamentos que me fazem mal, que me deixam triste, que me põem para baixo
A vida é curta!
E invariavelmente já tem os seus pontos baixos, negativos, coisas que fazem mal e que nos deixam triste e em baixo.
Para quê arranjar mais?
Às vezes é uma batalha bem difícil este não me permitir!
Mas faço todo o possível!
E permito-me antes, a não deixar de pensar, que a seguir a um silêncio teu virá algo melhor!
Seja esse algo melhor vindo de ti ou não.

Ontem percorri o caminho do brilho da lua reflectido no rio e esse algo foi (mesmo) melhor!
E hoje, bastará estar atenta, que logo logo surgirá um algo assim também melhor!

Não vou deixar de esperar por algo melhor vindo de ti! Desejo-o!
Com todas as forças do meu ser!
Apenas hoje me permito não estar dependente disso
Apenas hoje dirijo também o meu olhar para tanta coisa boa e bonita que acontece à minha volta!
Tu dirias que isto é ressignificação cognitiva
Não me imaginaria capaz de a fazer!
Mas se hoje a sei fazer aprendi-a contigo!
E que bom...!
Porque nos ultimos tempos... à falta que sinto de ti... é muito importante para mim conseguir continuar a respirar...
... mesmo que não estejas presente para inundar meu ser...!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Casar contigo

Ser tua mulher foi a coisa mais linda e livre da minha vida!
Casei contigo
Todos os dias um bocadinho
Naqueles em que fui capaz de ser eu e de compartilhar contigo os meus medos, as minhas fragilidades, os meus sonhos, os meus projectos, as minhas pequenas conquistas felizes, as minhas falhas,...
Todas as vezes em que disse exactamente o que queria dizer mesmo aquelas coisas que pudessem magoar
Casei contigo tantas vezes... foi o casamento mais longo, mais feliz, mais vivo que tive!
E voltarei a casar sempre...!
Não tenho um contrato
Não tenho uma aliança
Não tenho uma casa nossa
Não tenho uma foto empoeirada de há muitos anos atras de nós os dois juntos
Tenho-te a ti a habitar o meu coração todos os dias...!
Longe ou perto fisicamente
E sei que todas as vezes em que estiver contigo
E me desprender de tudo
(E tu de tudo)
Para me deixar inundar de ti
Eu me encontrarei
E nessa partilha de mim em ti
(E de ti em mim)
Vou casar de novo contigo...
Casarei contigo todas as vezes que fluirmos os dois
Porque não há nada, ninguém, nenhuma força, nenhum acontecimento, nada...
Que mude cada bocadinho de casamento que construí contigo neste tempo
Um tempo que é pouco tempo para muitos
Mas que para mim é todo o tempo do Mundo...!
E mesmo que nunca mais casemos os dois
Sou feliz
Porque sonho para o resto da minha vida casar contigo mais um bocadinho um destes dias...! 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Intimidade

Estou com o período
Coisa básica e normal numa mulher
Apareceu hoje quase à noite
Estou com umas dores mais intensas do que o costume
Sinto-me quente
Mas tirando isso nada de mais
É o período de todos os meses
Mas ainda assim, quando me certifiquei de que era, apeteceu-me contar-te
Como é que agora iria dizer-te isto...?
E nao senti contar a mais ninguém...
É em ti que penso quando acordo
É de ti que me despeço quando me deito
É a ti que desejo um bom almoço ou jantar...
Sei que quase tudo mudou...
...
Sei que sempre me aceitaste como sou
Com as circunstancias que tive, que tenho ou que terei
Mesmo com a minha pouca transparência de alguns momentos
E muitas vezes
Senti o meu amor menor que o teu
Senti nao te merecer
Por nao conseguir aceitar-te a ti nas tuas circunstancias...
Mas na verdade podemos ser almas-gémeas e não ser iguais e eu tenho de me aceitar como sou...
A saudade dilacera-me...
Sinto-me em tantos momentos afundar numa tristeza sem fim...
Abstraída de tudo e de todos
Como se nem a maior dor eu desse alerta de vida...!
Mas tenho que ser forte...
Porque já nao é só por mim que tem de ser assim...
...
Sabes amor, estou com o período
E veio igual à ultima vez em que te senti logo depois de ele ter ido
Senti-te mesmo...
E senti-te no meu espaço, no meu canto
Onde de tantas coisas que podias reparar, foi no meu candeeiro redondo que reparaste
Sempre quis ter um
É como se pudesse ver e sentir o Mundo todo
Como quando em pequena
sentia o mesmo da janela da minha avó
Não é difícil entender pois nao?
Sei que para ti nao é
E por isso é que juntos, é como se tivéssemos o Mundo todo... e o Mundo todo fossemos nós...
Há coisas que permanecerão para sempre...
É que sabes amor, ontem desejei-te tanto...
E foi a pensar em ti que o fiz.
E hoje... amor, hoje eu estou com o período e só a ti me apeteceu contar...
Agora que já contei
Posso enfim fechar os olhos
E imaginar-te aqui em plena intimidade comigo
Só assim posso enfim, descansar de mais um dia... sem ti... 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Às vezes era mais fácil se eu fosse cega a pormenores... ou se os conseguisse pôr para trás das costas... ou se conseguisse não lhes dar os meus significados... Na verdade era melhor às vezes se não lhes desse significado nenhum...
Ou melhor, os pormenores são pormenores, têm o significado que lhes quisermos dar... mas nesse significado pode ir uma carga negativa ou positiva...
E normalmente isso depende da perspectiva...
E se juntar a isso, o momento, as circunstâncias, o estado da pessoa...
Então tudo o que é um simples pormenor se complica ainda mais...
E quase sempre, um pormenor, está agarrado a uma expectativa... e uma expectativa de mais e de algo positivo.
E hoje... dois pormenores tão pequenos... quase insignificantes... mas que não consigo que tenham uma carga positiva...
E por isso estou triste... e assim adormeço...
E amanhã será outro dia... com outros tantos pormenores...

terça-feira, 24 de julho de 2012

"em parte, conhecemos, e em parte profetizamos"

Sinto meditar hoje nestas palavras...

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor."
1 Coríntios 13:1-13

A minha luz mais linda...

Respiro... É o que tenho...
É o que posso...
Nesta noite em que nem o silêncio se faz ouvir...
... porque na minha mente martelam  as palavras àsperas escritas ao sabor da emoção de quem ainda queria controlar...
"as maiores culpas são tuas"...
É tão fácil julgar...
E tão dificil compreender...
E por isso recordo agora,
Que bom que existe discernimento,
Que bom que existe bom senso,
E que bom que um dia alguém me disse que Deus nos deu o livre arbítrio...!
Deus esteja contigo meu querido...
Hoje e sempre...
És e serás a minha luz mais linda... sempre...
...

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Tenho saudades tuas...

Tenho saudades tuas...
saudades de te abraçar...
de passar longas horas a conversar...
de te observar...
de te ouvir...
de te beijar...
Tenho saudades tuas...
saudades de saber mais de ti...
de te ver sem ser a correr e por escassos minutos...
Tenho saudades tuas...
mas na verdade vou ter sempre...
porque o muito em nós parece sempre pouco...
Tenho saudades tuas...
mas desta vez não vou ter medo de te perder
porque as almas gémeas não se perdem...
Fluem...
Ainda que por vezes, fisicamente distantes...


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Gosto de me preparar para o pior...

Amanhã é o dia. Pensei que não teria nenhuma memória associada ao dia de amanhã e provavelmente irei ter... Gostava de pensar que será uma memória boa e positiva mas tenho duvidas... Já ensaiei em minha cabeça mil e uma vezes as notas desta conversa... e não consigo antever o que acontecerá. Mas gosto de me preparar para o pior. Aliás, não serei eu a impulsionadora da conversa, logo, até pode ser que não seja amanhã... mas a probabilidade de ser é muito grande... E estou cansada que se metam em tudo na minha vida...! Por isso é bom que me prepare para o pior... E para isso tenho a noite toda...

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Dia 7 :)

Qual é a natureza de um dia?
O tempo?
O sabermos que tem 24 horas?
Todos sentimos que um dia passa depressa se estamos felizes e devagar se estamos tristes.
Mas então o que passa não é só o dia...
Passa também uma enorme oportunidade de podermos alterar o foco que queremos ter...!
Passa a oportunidade de tornar o triste menos triste e feliz ainda mais feliz!
Presos a esta ideia de que o feliz nos faz correr e o triste nos manda parar, não conseguimos sair de nós para gerir estas emoções que nos prendem e nos congelam a cognição...!
Quero potenciar o belo, o saboroso, o bom, o feliz!
E quero resignificar o feio, o azedo, o mau, o triste!
E hoje quero sonhar com o dia 7...! :)
Dois dias 7!
E saborear essa coincidência tão feliz de dois acontecimentos num dia 7!
Ainda não cheguei lá?
Pois não.
Então se calhar estou também congelada nessa pressa de lá chegar?
Se calhar estou, mas não quero saber!
Quero sentir a alegria e felicidade desse dia!
Quem disse que eu faço tudo aquilo que escrevo e que considero? :)

Bom DIA para ti meu querido... :)
Obrigada por tudo... e pela expectativa destes dias 7!

 

Escrever-te nesta noite...

Ia escrever-te...
E escrevo assim.
Para te dizer que apesar desta hora tardia penso em ti...
E que não importa as horas que forem, vou sempre pensar em ti...!
E que só me importarei no dia em que
Nem meus lábios, nem meus olhos, nem minhas mãos consigam falar contigo... 
E sabes quando será esse dia?
Nunca...!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Hino à vida

Dedico a ti hoje em especial
E a ti também
Falei de ambos hoje, com pessoas diferentes
Não vejo, mas sinto
Não sinto, mas vive em mim...!
E por isso faz sentido dedicar este hino à vida!
À vida que ainda me corre nas veias e que um dia se cruzou com a vossa...!

"Sou apenas mais um cidadão que acredita no amor;
E quem crê por favor não disfarce a esperança que tem;
Quem não crê tem a minha amizade e respeito também.
Eu, porém, acredito em Jesus a quem chamo Senhor.

É tempo de ser esperança
É tempo de comunicar
É tempo de ser testemunha de Deus
Neste mundo que não sabe amar."


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Como saber...?

Tantas vezes Te pergunto o que queres de mim?
O que queres que faça?
Julgo que seria mais fácil se me dissesses logo o que pretendes.
E depois dou conta que se calhar o meu problema é esse... julgar.
Mas que queres? Não consigo ser como tu... nem eu, nem provavelmente ninguém!
O ser humano é mesmo assim, impaciente...!
E eu se calhar não fujo à regra.
Mas o meu querer saber, vai para além do suportar ou não a impaciência.
Na verdade, o que queria era ter a certeza que a missão que preparaste para mim está a ser cumprida por mim.
Sabes, isso é muito importante para mim.
Manda-me um sinal por favor...

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Reciclar papel

Nem sempre este silencio me aflige, nem sempre o sinto como negativo.  Há momentos, como o de agora, em que o sinto meu, em que aproveito para estar comigo. E nem sempre é insuportável estar comigo, as vezes é bom.  E para alem de bom, sinto-o muitas vezes como uma necessidade.  Estar comigo é assim mais ou menos como reciclar papel. Volto a ler-me, volto a escrever-me, volto a sentir-me, volto a cheirar-me e mesmo depois de mais um bocadinho de uso e da mais alguma experiência, saio revigorada, saio diferente e apta a enfrentar uma nova leitura, uma nova escrita, um novo Mundo...! E o que acontece ao papel que não é reciclado? Durante um tempo, até pode ser lembrado como uma boa recordação, mas ficará por aí. Não mais voltará a ser escrito, nem lido, nem tocado, nem cheirado e, na pior das hipóteses, morrerá num lixo qualquer. Perde a vida... E eu não quero perder a vida! Porque eu sou vida e eu dou vida! Eu existo, eu cheiro, eu sintonizo letras e palavras! E, em cada momento desses, vivo!!

terça-feira, 29 de maio de 2012

Tenho frio...

Tenho frio... Tenho silêncio... Tenho noite... Tenho vazio... Não sinto o calor do teu corpo... Nem o estalar de ossos do teu abraço... Nem a tua mão no meu peito... Nem o doce dos teus lábios nos meus... ... Tenho frio... e não páro de tremer... Tenho frio e nem sequer está frio... Mas de repente... nem consigo sentir mais nada... Apenas consigo sentir que... Tenho frio... Tenho silêncio... Tenho noite... Tenho vazio... E o único calor que sinto é das lágrimas pesadas que rolam pelo meu rosto...

domingo, 27 de maio de 2012

A consciência do vazio...

Tenho sono e não consigo dormir... nem sequer fechar meus olhos... Cães ladram na rua e isso provoca em mim sentimento(s) tão diferente(s)daquele(s) que senti hoje de manhã quando o galo cantou... Estou tão triste e não consigo chorar... nem sequer fechar meus olhos... Um silêncio sepulcral reina dentro de casa e isso provoca em mim sentimento(s) tão diferente(s)daquele(s) que senti hoje de manhã enquanto permanecias ao meu lado... Acendo a televisão, distrai-mo na internet, procuro em vão que o tempo passe... Em vão... na verdade o tempo passa mas nao na velocidade que eu quero O tempo sempre passrá na velocidade que ele quiser... O ladrar deu lugar a um uivo e senti um arrepio... ... Estou sozinha... E todos os demais nao estão... ...

sábado, 26 de maio de 2012

Caminho livre

Caminho livre.Tenho dado calmamente cada passo,
Com medo, ninguém pode dizer que não tem medo. Mesmo no conhecido tantas vezes temos medo.
Mas caminho livre.
Tenho feito por isso,
Com saudade, ninguém pode dizer que não tem saudade. Mesmo quando está com a pessoa que ama.
Aceito cada dia como uma dádiva de Deus e escolho olhar as coisas boas desse dia.
E também escolho essa saudade... a falta que tantas vezes me fazes... o não saber de ti como já soube...
E também reprimo falar-te de mim... de onde estou... do que vou fazer...
Porque é agora assim o meu caminho... livre!

domingo, 6 de maio de 2012

Olha para mim

Nessa viagem que fizeste, nessa manhã fria, senti o bater do teu coração.
Nunca te contei isto, mas sinto agora vontade de o escrever.
Houve um momento dessa manhã, em que tudo parou para mim e, derepente, um bater duplo teimou em meu peito.
Senti de tal modo o bater do teu coração que fechei os olhos e te vi com a mesma nitidez que vejo quando estou contigo.
Tu estavas nas margens daquele caudal de água, suponho que um rio ou um afluente dele.
Agachaste-te até conseguir tocar com as pontas dos dedos da tua mão nas águas frescas.
A água estava gelada, foi como se tivesse sentido também na minha mão, mas deixaste que a corrente das águas deslizasse por entre teus dedos por uns momentos e só depois retiraste tua mão.
Inspiraste fundo o ar límpido da manhã e uma lágrima soltou-se de teus olhos.
O cheiro da manhã entrou de tal modo em tuas narinas que teus olhos humedecidos nao resistiram ao cair de mais lágrimas.
E foi então, que soltaste um grito de dentro do teu ser! Uuuuuu! E eu ouvi-o...!
O teu grito está dentro de mim como uma fonte de prazer e de libertação.
Nao foi a única vez que ouvi teu grito mas foi a única em que ouvi mais nitidamente nao estando fisicamente contigo...!
Recordo agora plenamente esse grito e esse sentir dessa manhã!
E lembro-me da sensação de ter chegado por trás de ti e te ter abraçado...
Hoje, é com o mesmo sentir que me abraças...
Tu que de facto és o único que olha para mim...

sábado, 28 de abril de 2012

Coragem

É assim que fico sempre que tu vais... a minha voz desaparece... fico quase sem conseguir respirar... apetece-me sempre ficar sózinha... e procuro o canto mais escuro do Mundo para chorar... Nunca conheci amor maior... e também não conheço dor maior...
Entrego-te ao Mundo e a Deus... e quando enfim me liberto, sózinha, de todas as minhas lágrimas, foco-me no teu sorriso lindo, nos teus carcóis dourados ao sol, no teu abraço pequenino mas tão apertado, no teu olhar maroto e na tua voz... naquela vozinha linda que me diz "Adoro-te mamã, és linda"
...
Nestes instantes de vazio... peço perdão... perdão por todas as vezes em que não fui uma boa mãe e faço sempre a mesma promessa... "Quero ser feliz filha, pois sei que se for te ajudarei a ser também..."
E é então, que junto com o meu pedido de perdão, agradeço a Deus a maior benção da minha vida... ser mãe!
Sei que nesta caminhada de aventura, falharei muitas vezes... mas no final só precisarei de uma coisa, que me ames sempre pelo que sou e que eu tenha a força, a coragem e a abertura de coração para te amar sempre e para sempre como tu escolheres ser.
Quero muito nunca te fazer sentir o que sinto hoje... que falhei como filha porque não encaixo no padrão... mas se fizer isso, que tenhas a coragem de fazer o que ainda não tive: acordar-me!
Dizer-me abertamente, que acima dos padrões, está a nossa felicidade!
E do vazio, do escuro, da solidão... quero e vou gradualmente caminhando para de novo ver a a beleza do teu rosto, o brilho dos teus olhos e a beleza maravilhosa de um amor único e transcendente como é o nosso!
Amo-te minha querida T
Deus te abençoe e esteja sempre contigo filha...   

Enquanto...

Enquanto o sol envergonhado decide se irrompe ou nao por entre as nuvens 
Enquanto os pássaros voando livremente decidem que melodia cantar 
Enquanto as nuvens persistentes decidem se se coloram de branco ou negro 
Enquanto a criança alegre decide que brincadeira quer fazer 
Enquanto por esse Mundo fora tantos adultos decidem se fazem bem ou mal 
Eu, não tenho nada a decidir
Apenas deixo fluir nesta manhã
A paz que serenamente me inunda 
E o amor, a paixão, o desejo, o fulgor que meu ser se permitiu conhecer... 

Abraço apertado...

quinta-feira, 26 de abril de 2012

O que vejo...?

Sombras?
Realidade?
Sol?
Interrogo-me...
Interroguem-se também!
De vez em quando é bom parar e pensar.
O que vejo...?
E então percebemos que há coisas que deliberadamente não queremos ver, outras que vemos muito bem e outras ainda...
Aquelas que não vemos
Mas que só saberemos que não vemos no dia em que passarmos a vê-las ou a querer vê-las...
Ou há outra forma de perceber o que não vemos?

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O teu perfume...

Naquela manhã fresca de Outono, perfumada pelo cheiro da terra molhada, é o verde que sobressai aos meus olhos.Vejo na transparência do orvalho da manhã, por entre rasgos entrecortados pelos ramos das árvores, o reflexo de uma tela de cores brilhantes.Caminho tranquilamente sobre folhas que o tempo coloriu de amarelo-torrado, laranja e castanho e chego ao lago. Sento-me a observar a tranquilidade das águas que esperam ansiosamente o romper total do sol e é então que sinto a presença transcendente do Pai e o abraço de um arco-íris brilhante.
Esperam-me sorrisos, gritos de alegria, conversas eufóricas e cruzadas, a rebeldia enérgica da juventude, ansiedades, mistérios, surpresas e o tom prata daquelas águas!
E enquanto não vêm, penso nos tantos sonhos que nascem, florescem, se ligam e interligam, sonhos que são também os meus. Eu, que um dia, ajudei a dar corpo, alma e espírito ao maior sonho de todos... a Felicidade!

terça-feira, 24 de abril de 2012

Eras tu...

Sei que eras tu...
Não te vi
Não te ouvi
Mas sei que eras tu...
E naqueles escassos segundos... pude sentir a tua presença...
Sei que eras tu...
E por saber e sentir que eras tu
Disse: - Quem fala?
Mas tu não falaste...
E não precisavas...
Porque eu sei...
Eras tu...

domingo, 15 de abril de 2012

Alma virgem...

Não foi nas margens do rio pietra que eu sentei e chorei como no livro de Paulo Coelho. Na verdade não chorei e o meu rio é o Tejo A sua cor, as suas margens, a sua densidade... é como se mergulhasse nele de todas as vezes em que especada olho para ele Trato-o por "tu", é isso E vejo-te dentro dele, tal como eu... Caminhas para mim serenamente... como se teu corpo não pesasse e a tua alma fosse virgem. Sorris suavemente para mim e é então que é como se a tua mão percorresse todos os caminhos do meu rosto Afagas-me o cabelo e eu fecho os olhos... não é dor o que eu sinto, é paz... e saudade... A noite começa a baixar silenciosamente e só agora reparo que a luz do dia, a luz da natureza, da lugar à luz amarela artificial do candeeiro Tenho de ir... Irei sempre... sempre que a paz deixe de estar presente ... sempre que o natural der lugar ao artificial... ... sempre que deixar de ser eu... Porque contigo só quero ser eu... e não há lugar para mais ninguém...

terça-feira, 10 de abril de 2012

Voar...

Nunca tinha percebido o quanto a saudade pode ser diferente... pode ter várias formas... o quanto ela pode doer ferindo ou não... o quanto ela pode ser dilacerante mas tranquila... Nenhum outro povo no Mundo consegue traduzi-la como nós... mas no sentir... se calhar todos conseguem entender isto...
A saudade... pode ferir tanto... mas ao mesmo tempo ser calma... ser tranquila... raras vezes fará sorrir...  mas ainda assim, pensar nela pode ser fonte de felicidade porque raras vezes estará associada a algo que não gostemos.
Pois é... a saudade é sempre de algo que gostamos... que amamos... e então pensar nela é pensar nesse algo... pessoa, momento, coisa...
É mais forte em nós se for uma pessoa... e se associada à pessoa estiverem momentos... e se coisas nos reportarem a esses momentos...
E é então que um nó na garganta se começa a formar... e que retraímos as nossas lágrimas... se estamos a pensar na pessoa... no momento... e nessas coisas que nos reportam à pessoa e aos momentos, porquê chorar?
Mas são as lágrimas que teimam em cair...
A saudade não está associada a algo que não gostemos e no meu caso... bem...
O meu caso não foge a nada do que pensámos até aqui...
...
É de manhã... acordei tão cedo...
E tu também... vieste à minha varanda e cantaste uma melodia suave para mim...
O meu pássaro azul...
Então porquê chorar...?
Vieste e foste... voaste... e sempre foi assim...
E sempre ficará a saudade...
Pensei que poderia proteger-te de tudo...
Pensei que poderia estar sempre lá...
Pensei que poderia ser aquilo que ninguém conseguia...
E na verdade... não...
Deixo-te voar sim... na verdade... quer eu deixe quer não... tu sempre voaste...
E em mim sempre ficará a saudade...
De algo bom... de algo tranquilo... sereno... e suave....
mas que sempre me fará chorar...
... porque à tua partida... sempre o bater forte da saudade me impedirá de sorrir...
e só a imagem do teu sorriso...
e do brilho dos teus olhos...
e da tua voz...
...
me poderão fazer trazer de volta... o meu sorriso...

Tenho tantas saudades tuas... tantas... Dorme bem meu amor...

domingo, 8 de abril de 2012

Nada é por acaso...

"Aquilo a que chamamos acaso não é, não pode deixar de ser, senão a causa ignorada de um efeito conhecido." Voltaire

"A nossa vida é toda ela feita de acasos. Mas é o que em nós há de necessário que lhes há-de dar um sentido." Vergílio Ferreira 

Esperança...

Une-nos e liga-nos a fé
A crença em algo mais
A certeza de uma força que conduz nossos passos,
que nos ampara quando fraquejamos,
que é a nossa alegria
que é a nossa sintonia ao sentido transcendente dos sentidos
e ás mil e uma respostas, sinais e confortos da natureza...
Une-nos e liga-nos o vibrar do coração
na busca de algo mais,
na busca da plenitude,
da eternidade...
Une-nos e liga-nos a certeza do acreditar...
acreditar que tudo o que quisermos pode ser possível,
porque o amor de Deus nos deu o livre-arbítrio mas também o ombro amigo, calmo, sereno e compreensivo...

Resta-me a esperança...
de que a Paz volte a inundar o meu ser...
e seja possível voltar a sentir a plenitude que faz flutuar
na dimensão única do amor...

sábado, 7 de abril de 2012

Hoje lembrei-me de ti...

Hoje lembrei-me de ti... e só te vi uma vez e foi há três anos atrás. Não sei o teu nome, não sei a tua idade, não sei onde moras nem com quem, não sei os teus gostos e preferências, não recordo nenhum traço fisico teu em particular a não ser o teu cabelo ruivo, não sei dos teus sonhos, nem das tuas alegrias ou tristezas... e no entanto... estiveste comigo no momento mais feliz da minha vida...! 
Lembro-me da expressão do teu rosto, sem me lembrar dos teus olhos, nem da tua boca, nem do teu nariz, nem de nada mais físico em ti... lembro-me da tua surpresa acompanhada da mesma expressão facial e, no mesmo instante, da tua exclamação "está pronta".
Ficaste agitada logo a seguir, nem olhaste para mim, mas privaste comigo um momento muito íntimo... Foste a única mulher que me penetrou...
E depois de tantas horas de espera... e de tanta ansiedade... e de tanta gente a mexer-me... os teus dedos delicados fizeram a diferença... foste meiga... foste calma... fizeste-o lentamente... e apesar de a seguir te teres agitado... e mesmo que para ti eu tenha sido só mais uma... foi especial para mim...
E depois de ti... só um homem o fez da mesma forma...

Hoje lembrei-me de ti... e passados três anos foi a primeira vez que me vieste à memória mais intensamente... Naquele dia, há três anos atrás, fizeste-me esquecer tudo e todos... naquele momento, só te queria a ti a meu lado... Foste tu que me agarraste na mão... foste tu que me segredaste... foi a ti que ouvi em primeiro lugar depois do grito de vida da minha filha! As tuas poucas mas suaves palavras entraram em mim intensamente... desliguei para o resto do Mundo...
E depois de ti... só um homem o fez da mesma forma...

Nunca mais te vi... nem mesmo naquele mesmo dia, passadas algumas horas, ou nos dias em que lá estive... quis saber de ti, quis perguntar por ti... mas... não sabia o teu nome, nem a tua idade, nem onde moravas ou com quem, não sabia os teus gostos e preferências, nem recordei nenhum traço fisico teu em particular a não ser o teu cabelo ruivo e os teus dedos da mão direita... delicados... finos... mas como reagiriam todos, se eu, uma recém mãe, perguntasse pela enfermeira de dedos finos e suaves e cabelo ruivo?
Estás no meu coração... mesmo que não te veja há três anos e só te tenha visto uma vez.
Percebi que hoje me lembrei de ti mais intensamente porque te dei um nome... Sónia. Estava dentro de mim mas só hoje percebi... Não me perguntes porquê este nome. Foi o nome que senti e eu nem gosto particularmente dele. Mas é o "S" que nos liga... só pode ser o "S"...
E depois de ti... só um homem o teve da mesma forma...

Obrigada por tudo Sónia...
Pela minha filha que nasceu rápido e sem sofrimento, nem para mim nem para ela, porque tu estavas lá... e pela ligação das pontas do "S"...
Desvendei o maior mistério da minha vida... porque depois de ti...
Só um homem mo fez sentir da mesma forma... 

quinta-feira, 5 de abril de 2012

De pernas para o ar...

Hoje perdi-me... perdi-me mesmo... não, não estou a falar daquelas vezes em que me perco em mim. Em que meus olhos se fixam no espaço, em que meus ouvidos se enclausuram do Mundo, e em que meu corpo aparantemente estático na verdade flutua... Não, não é isso.
Hoje perdi-me... perdi-me mesmo... ia no carro e de repente... foi como se estivesse noutra cidade, noutro País, noutro Mundo...! Percorri duas vezes a mesma estrada em sentidos diferentes, dei em rotundas voltas desnecessárias... perdi a rota... perdi o rumo... perdi-me mesmo...
Ia de carro sim, já escrevi isso não já? Pois... e sim era de dia, foi o que me salvou... havia trânsito e os carros buzinaram muito... Eh pá senti-me de pernas para o ar mas acho que isso me despertou!
E finalmente fui parar onde acho que queria ir... Digo acho porque, como já vos disse ontem, a maior certeza que tenho é a incerteza portanto, como posso ter certeza que era ali que queria ir?

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Vento...

"A melodia transporta um sentido próprio que preenche os momentos, que os harmoniza" Ou não... Esta que ouço Que habita agora na minha cabeça Nos meus sonhos Nos meus pensamentos Esta grita-me! Esta rebenta com o sentido dos meus sentidos! E sabem porquê? Porque naquela noite Saí à rua sozinha, descalça, quase sem roupa Mas nada disso importava se fosse para vê-lo Saí à rua...? Confundo-me... Já não sei se saí ou não saí Ou se dormi Ou se acordei Ou se simplesmente não sei e talvez neste saber a incerteza seja a maior certeza Mas lembro-me daquele ruído imenso que agora transporto em mim Lembro-me da dor de o ouvir Da dor de o suportar Aquela zoada... aquele remoinho crescente como um calor que cresce em hora de tesão violenta! Um ruído cada vez maior, cada vez mais intenso, cada vez mais audível! Eu não tenho momentos para preencher, Então porque é que esta melodia me persegue...?

vai passar Isabel...

sem explicação...

domingo, 1 de abril de 2012

Cristais coloridos

As gotas cintilantes desta manhã
Bateram suavemente na vidraça da minha janela 
E à sua melodia ritmada
Fui despertando para um novo dia 
Sinto-as quentes, brilhantes e finas 
Quase como cristais
Que nas minhas mãos vão repousando 
Reflectindo as cores vivas do arco-íris
O laranja devolve-me o sorriso 
O azul o conforto 
O amarelo a alegria 
O vermelho a paixão 
O lilás a perseverança 
O verde a esperança 
O anil a fé...
Permaneço repousadamente 
Sorvendo o cheiro da terra molhada 
E deixando que cada pequeno cristal role pelo corpo despido 
Despido das agruras da vida 
Despido das duvidas, dos "ses", dos "talvez"
Despido do negativismo
Despido dos medos 
E pleno da leveza, da pureza, da liberdade do linho branco que dos campos brotou...!

sexta-feira, 23 de março de 2012

The end...

Só hoje reparei
que a água do copo que está em cima da mesa de cabeceira secou por completo...
que as brasas da lareira se apagaram definitivamente...
que a escova dos dentes azul já não está encostada à minha...
que a cama se tornou mais larga nas ultimas noites
E que, a partir de hoje, faltará menos um dia para ganhar espaço no roupeiro...
Só hoje reparei
que algo está a acabar...
E que, a partir de hoje, faltará menos um dia, para o meu caminho seguir outro rumo...
"E viveram felizes para sempre", afinal não foi o The End...

quinta-feira, 22 de março de 2012

Sorriso...

Sorriso audível das folhas
Não és mais que a brisa ali
Se eu te olho e tu me olhas,
Quem primeiro é que sorri?
O primeiro a sorrir ri.

Ri e olha de repente
Para fins de não olhar
Para onde nas folhas sente
O som do vento a passar
Tudo é vento e disfarçar.

Mas o olhar, de estar olhando
Onde não olha, voltou
E estamos os dois falando
O que se não conversou
Isto acaba ou começou?

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro



Bom dia para ti querido AC...
Era isso que queria ter-te dito esta manhã...
E sentir meus lábios deixar escorregar o sorriso que sempre se abre à tua presença... a física ou a que está em mim... e que paira em cada espaço em que estou, em cada momento que de mim se abeira ...
Não o disse por palavras...
Mas disse-o na água que percorreu o meu corpo...  
Disse-o na brisa da manhã...
Disse-o entre o ruído da realidade que comigo interagiu... 
Disse-o no silêncio do meu ser...  
E disse-o no meu coração...
assim que meus olhos abriram para este Mundo...
assim que tomei consciência do meu respirar...
assim que despertei para a nudez da vida...

quarta-feira, 21 de março de 2012

Esperar...

Este é o nosso segredo...
...

Hoje dou conta
Do nada que sou quando quero ser nada
Do frio que tenho quando quero ter frio
Do peso da alma quando a quero sentir pesada
Do seco dos lábios quando quero sentir secura
...
Hoje dou conta
Do que posso mudar e do que não posso...
...
O calor da tua mão no meu rosto
O cheiro da tua pele na minha pele
O húmido dos teus lábios nos meus lábios
...
São miragens... daquele beijo que não volta...

quarta-feira, 14 de março de 2012

Cascata

Corre uma suave brisa
E os pássaros cantam
Consigo até distinguir as suas diferentes melodias acompanhadas pelo bater das folhas secas do canavial que fazem, curiosamente, lembrar uma pequena cascata de água...
Um dia, gostava tanto de tomar banho numa cascata de água...
tombar a minha cabeça e sentir a água a correr...
Abrir os olhos devagar... e ver-te nas margens a olhar e a sorrir para mim...
E depois, sentir o calor do teu corpo a movimentar-se suavemente até mim, desejando o meu...
Despido, frágil e livre de tudo para ti...

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dourado

Dourado o sol
Dourado o sabor
Dourado o som das palavras
Dourado o sentir 
O que flui de mim e o que flui de ti
Na exacta medida
Da indefinição
Na perfeita dimensão
Do mistério 
Deleito-me nesse dourado
Que sintonicamente hoje se manifestou
a partir de ti para
mim em
ondas suaves e
ternas, desenhadas na imaginação e no 
espaço do nosso ser...   

quarta-feira, 7 de março de 2012

Algo que se perdeu...

Estávamos deitados de lado
De frente um para o outro
E conversámos assim durante muito tempo
Dois amantes ávidos de si
Dos seus corpos
Dos seus gemidos
Entregues à delícia de se ouvirem
Selam essa conversa com um forte abraço
E ele com uma festa no rosto dela...
A mesma que hoje senti no meu rosto...
...
Hoje sei que o luto
Não é só quando um ente querido morre e nos deixa
Hoje sei que o luto
Não é só quando deixamos de ver, ouvir e falar a pessoa que amamos
Hoje sei que o luto
É a perda de algo
de momentos
de estados mais íntimos
de uma relação que se construiu
Tivesse ou nao tivesse um nome...
...
Hoje sei que o luto
Pode ser muito negro
Ou esbatido com outros tons menos escuros
Um cinza, um azul, até mesmo um laranja ou um amarelo!
Ainda assim,
haverá sempre uma ponta de preto
De negro
Um resquício de luto...
E por isso
De algo que se perdeu... e que não volta...

domingo, 4 de março de 2012

O que me resta...

Queres saber?
Eu digo-te
Sinto-me dentro de um pesadelo
Daqueles que fazes força para acordar e não consegues
Há momentos, em que até me convenço, que nada foi real
E que amanhã
Virás para mim de braços abertos e o teu sorriso lindo
Quando esses momentos vêm
Tento nervosamente parar o tempo, parar o pensamento e convencer-me que só essa sensação, só esse momento são reais...
Mas de novo vêm os contornos do meu pesadelo...
É real
Afinal eu até nem estava a dormir
Afinal eu até nem estava preparada para ouvir aquilo que teu coração ditou...
E agora
Sinto que por mais que este pesadelo pese
Terei de o enfrentar
Quando temos medos a melhor forma de os afastarmos é expormo-nos a esses medos
As tuas razões são nobres
São sentidas
São de um espírito que ouve o inaudível
E é por isso
Que o que me resta
É ajudar-te na tua decisão...
ISC

sábado, 3 de março de 2012

Silêncio...

Sinto que queres o meu silêncio...
Que precisas de silêncio...
O tempo certo, o tempo de falar... passou...
Deixei-o ir...
Sinto que me deste o ponto da entrega total...
E que agora... te recolhes...
Como antes eu me recolhi sem pre-aviso... aparentando a entrega total...
Apesar de tudo isto
Continuas a enaltecer e a cantar a minha beleza
Apesar de tudo isto
Manténs o teu espirito ligado...
Deste-me uma segunda oportunidade... foi assim que a senti...
E por isso...
Caem as minhas lagrimas...
Por saber e sentir que dificilmente voltará
Aquilo que nos proporcionaste...
Esboço entre as lagrimas o sorriso
Do canto dos pássaros
Do verde da natureza
Do cheiro da terra
Do toque macio da relva
E da alma e espirito que me permitiste sentir
Tantas e tantas vezes...
E busco de novo
A paz que excede o entendimento
Ainda que apenas nas minhas recordações e lembranças...
ISC

quinta-feira, 1 de março de 2012

Búzio

Sinto-o dentro de mim
Como se fosse um outro eu que nao eu
Como se fosse um duplo bater de coração
Uma voz que se sobrepõe à minha própria voz
Um sentir que se manifesta sobre o meu próprio sentir
Assim como quando encosto um búzio ao ouvido e ouço o mar
Ou quando uma onda me derruba e, enleada de água salgada e areia, fico sem saber de mim
É essa a sensação,
entre "o prazer de sentir e o turbilhão do ambiente que não conheço"
Que perdura dentro de mim...

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Vesti vermelho

Vou fazer de conta que hoje é ontem, dia 11 Queria ter escrito ontem, enquanto era 11
Agora que já é 12, posso apenas fazer de conta
E é isso que vou fazer
Hoje foi o primeiro dia
Hoje foi o primeiro dia em que vesti vermelho
Hoje foi o primeiro dia em que vesti vermelho depois de teres ido embora
Hoje foi o primeiro dia em que vesti vermelho depois de teres ido embora no dia 1
Não 11, mas 1
Não de Fevereiro (2), mas de Setembro (9)
Curioso... 2+9=11
11 afinal deve ter um significado...
Vesti vermelho é tudo o que sei
Vesti vermelho depois de algum tempo...
Algum tempo sem ti...
Diria agora que, algum tempo, tem sido na verdade uma eternidade sem ti...
Uma infinitude...
Tal como uma infinitude podem ser as vezes que queira fazer de conta que não é 12, é 11
E não sei se foram 11 as vezes que me lembrei de ti
Provavelmente terão sido uma infinitude de vezes...
Quando dei por mim vestida de vermelho... o meu ser parou...
Caminhava calmamente mas abrandei o meu passo
Estava na ponte
Aquela ponte de betão por cima da auto-estrada
E com o frio e a geada na manhã o piso estava escorregadio
Lembro-me de ter tido dificuldade em controlar os meus pés
E senti "ai, vesti vermelho..."
Foi então que uma voz se fez ouvir dentro de mim
"Sossega teu coração, eu estou contigo
E estou contigo sempre
Dá um passo em frente no teu luto
Ainda que queiram pôr-te por caminhos escorregadios
Liberta-te das formalidades
Das rezas em surdina e dos rituais desprovidos de sentido
Eu estou em paz... e continuo contigo, no teu coração"

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

1 papagaio Etern8

Um dia em criança
Vi um papagaio de papel no céu
Pensei que era um pássaro
E meus olhos não se despregaram dele
Porque era colorido como o arco-íris
E dava-me uma sensação de leveza
Ele foi querendo fugir à frente dos meus olhos
E então comecei a apressar-me
E depois a correr
Desatei as sandálias para conseguir ir mais depressa
Senti o fresco da areia molhada
Estava na praia
Quanto mais corria mais o papagaio parecia fugir
Parei então
Parei de cansaço
E fixei meu olhar nas suas cores lindas
Pedi que voltasse para mim
Pedi que voltasse para trás
Deixei de o ver...
Durante muito tempo não o vi...
...
Agora,
De novo sentindo o freco da areia molhada
Estou sentada e olho o mar de lado...
Do meu lado esquerdo
O sol está nas minhas costas
À minha frente, o horizonte é um extenso areal
E uns montes que me impedem de ver mais além...
... Splash!
Levei com uma onda!
A água molhou meu cabelo,
Meus olhos, minha boca, minhas faces, minhas orelhas...
Todo o meu corpo!
E com a sua força quase me derrubou!
Senti então um calor no meu braço direito e nas minhas costas
Seria o sol?
Mas para além do calor sentia-me amparada
Uma voz se fez ouvir?
"Estou aqui"
"O papagaio?" pensei eu
Não sei porque me lembrei do papagaio naquele momento
Sim pensei: "O papagaio que deixei de ver voltou?"
Fechei meus olhos
Podia estar a sonhar...
E se estivesse a sonhar preferia que fosse com a sua presença
Tão bom sentir aquele calor...
Tão bom sentir...
Aquele abraço!
Era um abraço sim!
Foi então que abri meus olhos...
E para meu espanto o papagaio estava por perto
Quase por cima de mim...?
Não, por cima de nós!
E uma voz se fez ouvir?
"Queres segura-lo comigo? Eu sozinho não consigo"
Foi então que virei ligeiramente o meu rosto para trás
Era o sol, sim era
Eras tu!
Porque só contigo
Posso dar asas ao vôo mais puro, mais leve, mais colorido de sempre...!
E inscrever no céu um 8
Precedido de 1
Um... porque eu e tu...
Somos um!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Não digas nada

Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender —
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer

Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

...

Estou seca...

Estou seca...
Nada brota de mim
Nem mesmo um leve suspiro...
O silêncio tomou conta de mim...
E quem escreve agora...
Já não sei quem sou...
Estou amachucada
Encarquilhada
Apenas umas nervuras sobressaem...
Não vejo
Não ouço
Não saboreio
Não sinto
Nenhuma melodia, som ou palavra sai da minha boca... enrugada pelo tempo, pelo espaço,...
Não há cor...
Aqui não há cor como noutros sítios
Ou outras palavras...
Ou outras gentes...
Aqui... não há mais nada...
Que não seja
Um enorme rancor!
De uma palavra seca que se recebe...

Serei aquilo que quiser ser
E não quero ser
O gozo de ninguém...

sábado, 28 de janeiro de 2012

O ponteiro do relógio

Toca na radio um dedilhado de viola que me aquece aquela parte da alma que consegue não resistir ao som melodioso destas cordas...
Estou dentro do carro e esta frio...
Repouso a minha cabeça no apoio superior do banco e quando reclino a minha cabeça para a esquerda vejo o relógio luminoso da torre da Igreja...
Fixo-me nos ponteiros pretos que só consigo distinguir porque contrastam com a clareza do fundo
Não estou assim muito longe mas nestes momentos é que me apercebo do que consigo e do que nao consigo ver...
Esta é uma Igreja pequena, diria que familiar. O seu jardim da-lhe um ar de lar que não encontro nas outras Igrejas dos arredores
Lembro-me de uma vez termos passeado nesta calçada e de, numa rua aqui perto, me teres dito que ali moravam ou tinham morado duas raparigas com quem "andaste"
Não preciso recordar muito mais desta história para ainda me lembrar do calafrio que senti... e do quanto a minha cabeça voou para pensamentos que nunca verbalizei...
Hoje também e visto a esta distância vejo o quanto, nalguns momentos, tinha sido importante verbalizar os meus sentimentos...
E não propriamente por ti... mas para ti e por mim...
Há quem diga que nunca é tarde para isto ou para aquilo
E de facto talvez não seja mas as oportunidades que se perdem, não voltam...
E esta é uma realidade inabalável...
Assim como aquele passeio não volta a acontecer e foi o primeiro em que me deste a mão na rua
Assim como o ponteiro do relógio da torre da Igreja não volta a registar as 12h P.M. do dia 28.01.2012.
Toca o sino! O sino volta a tocar...!
Amanhã, se cá voltar, já não será dia 28.01.2012 mas o relógio estará cá, a Igreja também e quem sabe não daremos outro passeio...
Há quem diga que é uma tolice esperar por alguém
E de facto talvez até seja mas quando ganho essa oportunidade de te ver, de estar contigo, de te tocar, de te ouvir ou simplesmente de te contemplar... não a quero perder por nada deste Mundo!
E esta é uma realidade inabalável...!
Assim como a noite agora se adensa e amanhã despertará num sol radioso...

sábado, 14 de janeiro de 2012

Convento de Jerico

Convento de Jericó

Despimo-nos do corpóreo e do incorpóreo 
Aqui, em terras ribatejanas 
Onde em tempos frades capuchinhos se devotaram a S. Baco 
Votos de pobreza, oração e trabalho respiram-se!
Ainda se sentem as suas pegadas diárias 
Em busca da santidade desbotada no real das duas vidas
Chego e poiso o meu tripé
Tiro da mala o meu estojo 
Escolho o meu melhor pincel 
Começo pelo verde
É tão intenso e vivo que não posso resistir-lhe por muito tempo 
Um manto verde cobre quase todo o chão 
Apenas entrecortado pelos caminhos bejes da terra agora pisada e repisada por rodados de carros 
Talvez em outros tempos se vissem cavalos, carroças e até mesmo os cajados dos frades
Galhos castanhos repousam nesse manto verde
E sobressaem florinhas amarelas de caule verde
Daquelas que em miúda chamava de "azedas" e que chupava às escondidas de todos!
A sensação do azedo arrepiava-me a pele!
O vento da-lhes de quando em vez e sente-se uma brisa suave que me faz ouvir a melodia
"Nas asas do vento que vem..."
Continuo pincelando no meu cenário natural 
Árvores, muitas árvores povoam as margens do rio 
Árvores de tronco principal grosso, disforme, e ramificado em raminhos fininhos e completamente nus
A sensação é que estarão secos mas a sua cor castanha escura e viva, afasta-a
Daqui onde coloquei a minha tela o rio faz uma saliência arredondada
Hoje há mais lodo viscoso, escuro, castanho do que água
Mas quero pintar água, 
Água que cobre estas ilhas de terra e lodo que se vêem 
E esta ausência da vida dos peixes
Visto deste ponto 
O rio quase parece pequenos lagos que se tocam em margens de terra comuns 
Margens que são amontoados de ramagens, de arbustros, de vegetação 
Na sua maioria acastanhada
Em todos os castanhos que a minha palete de tintas consiga fabricar
Quando páro a avidez da pintura e me sereno
Pássaros aos pares, sozinhos ou em família vêm para mais perto 
E oferecem-me o doce dos seus corpos
A luminosidade das suas penas 
E a frescura dos seus cantares 
Um deles, branco, grande, quiçá uma garça,
Fez um vôo bem rasteiro à água e abriu por completo as suas asas 
Num misto de pertença e de liberdade 
Buscando um rumo e deixando-se conduzir 
O sol desceu
Afinal sempre vou pintar o pôr-do-sol 
Como aquele que se reproduz numa das minhas memórias mais felizes 
Jericó, a "Cidade das Palmeiras" 
Quase que poderia ser aqui 
Aqui, poderia ser o que se quisesse 
Por isso, pinto o céu de azul claro, em mantos brancos que se adensam mais nuns lados do que noutros 
E junto ao rio, a uma distancia simpática e apelativa
Vou fazer nascer uma casa de madeira
Com um alpendre grande e uma cadeira de baloiço 
Para onde dão duas grandes janelas largas e a porta de entrada 
Com um corrimão que sustenta pequenos vasos de amores perfeitos 
E uma esteira suspensa com uma manta azul turquesa 
Cheira a jasmim do chá quente acabado de fazer e posto na mesinha pequenina da rua
As bolachas de canela estão no frasco de vidro de tampa dourada 
Sentamo-nos nas almofadas laranjas "pele de pêssego"
E lembro-me de pensar: 
Aqui, em terras ribatejanas 
Onde em tempos frades capuchinhos se devotaram a S. Baco 
Votos de felicidade e amor em estado puro 
respiram-se!

sábado, 7 de janeiro de 2012

Um resquício de uma semente

Banho-me nestas águas pela primeira vez
Deixando que cada pôro da minha pele
Inale as profundezas de tudo aquilo que me queres dizer
Venho-me a ti sem medo e sem destino
Confiando que tudo aquilo que queiras falar-me
Será o que for melhor para ti
Será aquilo que nos conduzirá
Não espero nada de ti
Nunca quis nada de ti
E estou pronto para te ajudar naquilo que quiseres e precisares
Observo-te
Os teus cabelos ondeiam ao vento como as folhagens das arvores
O teu rosto reflecte a luz do sol
E os teus olhos encandeiam-se com o brilho das águas do rio
Não posso abraçar-te agora...
Tenho que permanecer distante
Para criar-te o espaço que precisas
Sei que precisas desse espaço...
Se soubesses como te amo...
Se soubesses como te quero...
Olhas para mim com o olhar terno de sempre
As tuas mãos, ainda nao lhes toquei mas sei que estão suadas
Mexes nas tuas chaves
Sei que estas nervosa...
Sei que queres falar e nao consegues
E sei, que provavelmente me iras deixar...
E porra, vou ter que te ajudar nisto...
Pois nao posso e nao quero ver-te sofrer...!
Entrego-me agora à natureza e vou deixar que seja ela a conduzir-nos
Começas a falar
Que linda
Falas a medo mas com convicção
Falas ternamente mas dói tanto o que dizes...!
...
Mas há algo que opera em nos tão mais forte...!
Eu também sinto!
Deixo-me conduzir pela natureza e tu também
E o nosso grito espelha
A nossa unicidade!
Enchemos bem os nossos pulmões e gritamos!
Gritamos mesmo!
E tu gritas comigo pela primeira vez! Que linda!
Entregaste
Das-te
Nunca terei em meus braços uma mulher como tu
Saboreio cada momento contigo e este em particular
Sim,
Cada um de nós
Se revê no patinho do lago
Aquele que anda lado a lado
Aquele que se cola
Aquele que protege
...
Sou teu
Sou teu na certeza de ser
Sou teu na certeza de que és
Sou teu na certeza de que somos...
Supera-te agora
Vê comigo para alem destes dois caminhos do rio
Fecha os olhos comigo
Respira fundo
E ouve
Ouve o que ainda nao tinhas ouvido
Sente o que ainda nao tinhas sentido
Liberta-te
Entrega-te à natureza
Tatua em ti esta simbiose única de dois seres
que se deram, que se dão e que se darão
Aconteça o que acontecer
Vivam o que viverem
Construam o que construírem
Porque todos os momentos são e serão sempre
Um resquício de uma semente
Que um dia germinará
De forma indefectível...!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Mergulho...

Estou sentada nas margens,
apertando as mãos contra a minha boca,
num gesto de protecção e de busca de conforto,
tentando impedir que ao mínimo soltar de ar,
se lance sobre a atmosfera aquele fumegar branco nevoeiro.
Aquele fumegar que denuncia a minha presença ali... 
Esquecida,
Estou mais preocupada com o fumegar da minha boca
do que com o casaco branco comprido que visto
e que à luz do luar da noite e dos alguns candeeiros do parque
poderia ser visto ao longe como o farol que marca a presença da terra firme.
Encontrada
Por dois patinhos que navegam nas águas do lago
sou surpreendida pelo seu ar feliz e empertigado
como quem anuncia a chegada de algo bom
e se orgulha por fazer parte de algo maior
Mergulho
Nessa sensação amorosa
dos seus abraços
dos seus mimos
dos seus beijos sem lábios...
Eles
que no silêncio da noite fria e gélida de Dezembro
navegam sem deixar marcas ondulantes na água
e que assumem esse estar juntos
das profundezas do ser e do estar