domingo, 6 de maio de 2012

Olha para mim

Nessa viagem que fizeste, nessa manhã fria, senti o bater do teu coração.
Nunca te contei isto, mas sinto agora vontade de o escrever.
Houve um momento dessa manhã, em que tudo parou para mim e, derepente, um bater duplo teimou em meu peito.
Senti de tal modo o bater do teu coração que fechei os olhos e te vi com a mesma nitidez que vejo quando estou contigo.
Tu estavas nas margens daquele caudal de água, suponho que um rio ou um afluente dele.
Agachaste-te até conseguir tocar com as pontas dos dedos da tua mão nas águas frescas.
A água estava gelada, foi como se tivesse sentido também na minha mão, mas deixaste que a corrente das águas deslizasse por entre teus dedos por uns momentos e só depois retiraste tua mão.
Inspiraste fundo o ar límpido da manhã e uma lágrima soltou-se de teus olhos.
O cheiro da manhã entrou de tal modo em tuas narinas que teus olhos humedecidos nao resistiram ao cair de mais lágrimas.
E foi então, que soltaste um grito de dentro do teu ser! Uuuuuu! E eu ouvi-o...!
O teu grito está dentro de mim como uma fonte de prazer e de libertação.
Nao foi a única vez que ouvi teu grito mas foi a única em que ouvi mais nitidamente nao estando fisicamente contigo...!
Recordo agora plenamente esse grito e esse sentir dessa manhã!
E lembro-me da sensação de ter chegado por trás de ti e te ter abraçado...
Hoje, é com o mesmo sentir que me abraças...
Tu que de facto és o único que olha para mim...

2 comentários:

Anónimo disse...

Fantástico....
Descrição que ultrapassa a velocidade dos sentimentos
Palavras que incorporam momentos que se propagam pelo eco da dimensão do amor....
Magnífico abraço
Impetuosa corrente
Amanhecer histórico
Abraço sem braços

Aglaia disse...

Abraço sem braços...