sábado, 31 de dezembro de 2011

O meu primeiro beijo

Parei o carro
Não consegui estacionar no local habitual
Mesmo de frente para o sol
Neste caso para a lua
Porque estava um casal de namorados a ocupar o nosso sítio
Sim o nosso,aquele será sempre o nosso sítio
Assim, tive de ficar um pouco mais atras
Entre a linha do comboio e a estrada de acesso ao nosso sítio
Estava a começar a escrever aqui
Exactamente aqui no meu blog
Era a forma que tinha de te escrever a ti
Nao agüentava mais nao escrever mas sentia que nao o podia fazer a ti directamente
Em respeito do teu silêncio
Em respeito da tua dor
E estava exactamente a pensar por onde começar
O que dizer
Quando de rompante
Um carro passa por mim em velocidade
Na minha visão míope nao consegui ter a certeza se eras tu
Mas o meu coração acelerou
A minha respiração parou
E todo o meu corpo banhado de calafrios me fez tremer as mãos, os braços, a cabeça...
Passas de novo em alta velocidade por mim
Só consegui ter a certeza que eras tu quando, a custo, verifiquei a matricula
Porque não paraste?
Porque foste embora?
...
Como é possível...?
Que em tantas horas do dia tenhas ido àquele sítio ao mesmo tempo do que eu...?
A natureza afinal ainda conspira a nosso favor
Senti o misto da felicidade deste inesperado, deste acaso
Com a infelicidade de teres ido embora
Todo o meu corpo tremia agora ainda mais...
Como se um frio medonho se apoderasse de mim
Coloquei as minhas mãos sobre o volante, debrocei-me e chorei...
...
...
O fim nunca é um fim
Sem ser o inicio de algo
E o inicio de algo será sempre o fim de outro algo
Aprendi a nao buscar fins nem inicio
E a saborear momentos
Como aquele em que
Inesperadamente sais do carro
Já depois de nos termos despedido e irmos embora
E vens
Das-me um beijo
Com as tuas mãos no meu rosto e dizes
"bom ano para ti"
Este foi o meu beijo
O meu primeiro beijo de 2012
Bom ano também para ti amor...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Quando me chamas "doce"



‎"A vida é um caminho de sombras e luzes.
O importante é que se saiba vitalizar as sombras e aproveitar as luzes."

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Somos...

Gostava de poder dizer
que o mar às vezes é roxo
e que as ondas encrespatadas espumam gotículas verdes
e que as folhas das árvores são cubos
e as flores do campo uns túneis transparentes
Gostava de poder dizer
que o ar que respiro é o teu
e que a minha pele vibra ao toque em ti 
e que as tuas emoções são espirais sem princípio nem fim  
e o meu ser apenas uma miragem tua
Gostava de poder dizer
que o roxo está nos meus fios de cabelo
e o verde nos raios finos dos teus dedos
e que nas espirais do sentido e não sentido, há a miragem do tunel presente
e que encontro a imagem do futuro de nós...
Gostava de poder dizer
que nada mais é, existe ou acontece, senão nós
e que nesse nós eu me entrego
e que nesse nós eu estou entregue
e que nesse nós sou... somos...   

 

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Aconteceu? O que é que aconteceu?

Sofia está a trabalhar. São 16.30 da tarde. Há pouco eram 16.20 e antes eram 16h e um pouco antes eram 15.50 e antes ainda eram...
A contagem do tempo é algo que tem feito agora muito mais... agora desde há dois dias.
Agora desde que tudo aconteceu...
Aconteceu? O que é que aconteceu?
Sofia está a trabalhar no seu gabinete quadrado.
Tem uma janela, de parede a parede, nas suas costas.
Á sua frente, do lado direito, é a porta. Está meio fechada. Nos ultimos dias tem estado quase sempre assim, meio fechada... Ou meio aberta, como queiram.
As paredes do seu gabinete são de um castanho laranja torrado, mesclado com um castanho mais escuro. Daquela vista que faz lembrar os veios dos troncos das árvores, sabem?
E não são lisas, têm uma espécie de molduras em metal.
Na verdade as paredes são mesmo em madeira, em módulos quadrados, que se montam e desmontam e por isso têm as molduras em metal. Até daria para, pelo menos na parede da frente que dá para o corredor, substituir alguns deles por módulos em vidro. Nesse caso, todos os que passassem no corredor viriam a Sofia sentada na sua secretária cor de mel e preto...
Ela hoje está de preto e branco. Tem um vestido de cavas que é mini-saia e uma camisola de gola alta branca. Está com um ar muito mais sexy que o habitual. Os sapatos são pretos com uma fivela a passar o peito do pé, como se fosse uma bailarina.
Sofia está a trabalhar ao computador com os seus mais de dois email's ligados mas os seus olhos só veêm efectivamente um deles... e não consegue parar de pensar no que aconteceu...
Aconteceu? O que é que aconteceu?
Sofia precisa de responder a uma notificação do Estado. Já redigiu quatro vezes a resposta, passaram as 16.30, 16.20, 16h, 15.50, e as... e ainda não conseguiu sequer firmar a estutura do seu requerimento...
Sente as letras a bailarem à sua frente, confunde as datas das cartas que precisa anexar ao seu requerimento, até a imagem do ecrã lhe começa a vir desfocada e confusa...
Está sentada, começa a recostar-se, sente uma espécie de sensação de mau-estar, ou pelo menos convence-se disso.
Bebe água, sente-se a ficar com muito calor.
As suas faces começam a ruborizar-se
Os seus pensamentos são segredos plantados em terras rosadas.
Aconteceu? O que é que aconteceu?
No computador a imagem é a mesma, o requerimento. No email a imagem é mesma, 0 de mensagens novas, no outro email mantêm-se os contactos de trabalho.
Começa a sentir uma vontade de inspirar mais profundamente, de se alhear... o seu peito começa a enrijecer, os seus mamilos a empertigarem-se...
Aconteceu? O que é que aconteceu?
A sua boca está seca.
As vozes que se ouviam na sala de reuniões do lado começam a ficar mais tímidas, o seu corpo está determinado e clama em altos brados! Nada o pode parar!
E geme silenciosamente como um trovão que ecoa nas paredes do seu ser.
...
Levanta-se trémula, meio soada, as faces coradas.
Treme e sente dificuldade em aguentar-se nas suas pernas... 
Navegou até às profundezas do seu ser, ao cerne da cebola.
E agora, com as suas folhas escamiformes retiradas, sente frio...
o frio da sua ausência...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Viagem...

Todos temos sonhos
Todos nos perdemos nos sonhos
Eu encontro-me num sonho
No sonho de me procurares aqui
No sonho de me encontrares aqui
No sonho de ser livre contigo aqui
Hoje
viajei até a esse sonho
Sei que apenas me conduziste
Mas um dia
Eu e tu seremos conduzidos
Eu e tu
seremos livres aqui
Eu e tu
sonharemos juntos aqui...

domingo, 2 de outubro de 2011

Sete cadernos pretos

"António desceu apressadamente as escadas para a sua cave. Cheirava à vela acesa da noite anterior. Entrou no seu gabinete e os seus sete cadernos pretos, tamanho A5, não estavam no mesmo lugar. Procurou-os em stress e lembrou-se de se concentrar no seu olfato. Tinha entornado um café em cima de um deles e no meio do nervosismo a grande mancha na capa nem sequer tinha tido uma tentativa de ser limpa. Os seus sete cadernos agoram eram seis mais um.
Sentou-se na sua cadeira de escritório e abriu a gaveta à sua frente por baixo do tampo da mesa. Tacteou apressadamente e sentiu uma espécie de gancho sobre uma superfície plana. O gancho castanho com a estrela azul celeste que prendeu os cabelos ruivos da Sara. Tinha-se esquecido que estava agora preso ao seu caderno de capa preta e interior branco pautado, contendo uma caligrafia apressada a verde. Os seus sete cadernos agora eram cinco mais dois.
Lembrou-se que a gaveta era funda e logo encontrou outro dos seus cadernos A5 apesar de a forma estar ligeiramente diferente. Puxou-o para si e sobressaía aquele marcador de livros com o malmequer na ponta que quando lhe foi oferecido lhe lembrou o cheiro campestre da casa dos seus avós na Guarda. Afinal aquele seu terceiro caderno, de conteúdo quadriculado e com fórmulas matemáticas, cuidadas e certinhas, que normalmente usava nos seus estudos de estatística, só podiam ter o tom preto e carregado que tem uma estatística.
Estava atrasado.
Levantou-se apressadamente com os três cadernos pretos debaixo do braço e ao virar-se, viu na estante branca sob parede laranja, dois dos seus cadernos. Estavam ligados por um clips grosso que também prendia os pedaços da carta rasgada do dia anterior. Gostava muito de poder aceitar o convite para aquele Baptizado mas já tinha passado a idade de ir a esse tipo de eventos só porque sim ou parecer bem.
Saiu do seu gabinete ainda de odor à vela do dia anterior, mas agora misturado com o cheiro do café e das flores do campo. Suavemente ouviu a melodia do "graças Senhor" que a Sara lhe tocou no dia anterior. Foi até ao seu piano e lá estava o seu caderno preto de interior musical e com a pauta que ela tinha composto...
------------------------------------------------------------------------------ (12m)

Respirou o compasso daquelas páginas brancas pingadas de notas vestindo preto.
Enibriou-se dos dedos delgados e compridos que suavemente beijaram as teclas do seu piano.
Frenéticamente se enganchou nos traços e nas rugas daquele rosto moreno que o chamou. E na doce alfazema da lonjura do vestido de Sara.
O pulsar ferido do seu coração foi teclando, então, a acalmia das manhãs outonais no lago."
Sofia MM

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Para ti...

Para ti...
Para ti os primeiros raios de sol que me aquecem
Para ti a brisa matinal que sopra os meus cabelos
Para ti o movimento empurrado da manhã que me impele à vida corrente
Para ti os laços e enlaços dos pássaros que se cruzam
Para ti o cheiro da terra que se inala e perfuma a áurea do meu ser
Para ti a vontade de pisar o chão e não conseguir a firmeza das certezas inabaláveis
Para ti a doce melodia de Outuno que se assobia e me transporta na viagem dos teus sonhos
Para ti o conforto do quente abraço partilhado nas estendidas partículas do pensamento
Para ti o fresco sentido da água que se esgota nos recantos do meu corpo nú e solto
Para ti o arfar do grito que se destapa dos preconceitos e das regras morais
Para ti a sedosa pincelada da manhã que se deixa acabar na esperança de uma nova
Para ti o renascer
do que suavemente alicerço no fundo de mim...

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Até amanhã

Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.

É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.

É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.

Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.

Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Acreditar...

Acredito que o que tiver de ser
É o que é melhor
Para mim e para ti
Porque Deus está connosco sempre
Tu estarás sempre comigo
E eu estarei sempre contigo...

Acredito que o que não tiver de ser
Não será
Assim como num dia de chuva o sol não aparece
Assim como num dia de sol a chuva não desaba

Acredito neste acreditar
Porque nada mais me resta senão acreditar
E o meu coração sossega
Sempre que num dia de chuva eu vejo o sol
Sempre que num dia de sol sou banhada pelos pingos da chuva
E é nesses...
É nesses que o acreditar se faz sentir
É nesses que o acreditar toma todas as suas cores
As sete...
Como o 70X7
A eternidade...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Recordo...

Recordo o teu sorriso
Como da primeira vez que te vi...
Foi por ele que primeiro me apaixonei...
Recordo cada traço do teu rosto
Cada pôro da tua pele
Cada pêlo de barba bem cortada...
Vieste ter comigo
Irradiando e tocando teu sorriso
Na tua simplicidade
Na tua humildade
Na tua felicidade...
Tocaste-me... não, não foi esse tocar
Tocaste-me todos os cantos e recantos de mim, dos mais escondidos aos mais salientes e hoje
Hoje tenho a certeza que a pupila dos meus olhos se dilatou
Recordo o teu sorriso
Como daquela primeira vez
Como de todas as vezes...
Porque nunca no tracejado do teu rosto outro contorno se esboçou...
Recordo o teu sorriso hoje
E com mais força ainda...
Recordo...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Amor por e puro amor

Porque é que amo?Por uma qualquer necessidade?
Mas amar não é qualquer(?)
E que necessidade seria essa?
Amor é necessário?
Porque é que amo?
Por uma busca de mim ou de outo(s)?
Mas amar não é busca(?)
E que eu e outro(s) seria(m)?
Porque é que amo?
Para sentir ou não sentir?
E amor é sentir
porque mesmo quando não sinto já sinto que não sinto
Amor é cheio?
Amor é vazio?
Amor é só?
Amor é junto, é intimidade?

E amor precisa de outro, de matéria, ou basto eu?
Mas amor precisa ou basta-se?

Porque é que amo?
Para que é que amo?
Preciso?
Sinto?
Quero?
Ou simplesmente amo...?

Quando valorizo o teu silêncio em vez do teu diálogo
Quando dou espaço às tuas ausências em vez de dar às tuas presenças
Quando dou primazia aos desencontros em vez de dar às sintonias
Amo?
Amar porque me amas
Amar porque estás aí
Amar porque me ouves e me falas
Amar porque me procuras
Amar porque me dás
Amar assim
Quero amar assim?

Quero amar assim ou quero amar?
Amar porque amo
Amar sem estares aí
Amar sem me ouvires nem me falares
Amar sem me procurares
Amar sem me dares
Amar...
Amor livre
Amor sem barreiras
Amor sem "ses" nem "porquês" nem "mas" nem condições
Amor por amor
Amor puro amor

Amar... quero muito amar...
chegar lá
chegar ao cerne
chegar ao cume
chegar à liberdade de amar

E todas as vezes em que toquei esse amor...
Senti-me eu...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Rumo a ti...

Voo até ti...
Empoleirada numa gaivota
Que de mansinho me espreitou
Que sentiu o meu desespero e estendeu a sua asa
Inclinou a sua cabeça 
Sorriu para mim
Piscou o olho e disse baixinho "vem comigo"
Nem hesitei
Cavalgo agora no seu dorso
Senti o bater das suas asas
Sobrevoo o mar
Vejo lá em baixo em pontos pequenos estes seres humanos 
O cheiro da liberdade me transforma
O toque das penas me projecta ai mais fundo do meu eu
Começo a melhor viagem da minha vida
Rumo a ti
Rumo a nós
Espera-me os teus braços fortes e ternos
E o teu peito onde encontro o meu Porto seguro
Voo até ti
E voarei sempre...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A estrelinha pequenina...

Não tenho dúvidas
Não estou a imaginar
Não há como não ser
O céu está rosado
E não é fim de tarde
E não é filme
E não estou a sonhar
É noite
Está escuro
Mas as nuvens parecem algodão rosado
E há uma estrela
Uma única estrela que me espreita por entre os buracos das nuvens
Uma estrela pequenina brilhante
Está lá
Está lá sempre
Mesmo quando não a vejo
E agora que quase quase a ponta da nuvem rosada a toca e esconderá o seu brilho...
Que será de mim...?
Que será de mim estrelinha pequenina quando partires...?
Tu estas sempre lá eu sei
Tu estas sempre aí eu sinto
Mas estrelinha
Gosto muito quando te consigo ver
Preciso de te ver
E agora que te esconderam só consigo sentir
As enormes saudades que tenho de ti...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Digo tudo?

Prometi que te dizia tudo... Tudo mesmo...
Nem que esse tudo fosse
Não te digo tudo
Mas encontro-me naquele ponto
Em que não sei o que é o tudo...
E se o tudo for eu?
Então
Não te digo tudo
Teria de conhecer todo o eu
Teria de compreender todo o eu
Teria de aceitar todo o eu
Então
Não te digo tudo
Porque o tudo é o eu
E eu do tudo ainda não sei tudo...
Prometi que dizia tudo
E não sei que tudo é
Mas sei que de tudo o que sei
Eu digo tudo...


quarta-feira, 20 de julho de 2011

Aquilegia...

Senti um sopro suave, lento e compassado na minha face
Em esforço quis combater um sono pesado que se aterrou de mim
Como o erguer de um pássaro que é abatido pela asa, quis erguer-me desse peso
No fundo dos meus sonhos avistei aquela montanha dupla
Aquela que me faz lembrar um dinossauro
Solta-se no universo das expectativas o meu sorriso mais terno 
Na realidade, aquela montanha dupla nada tinha que ver com um dinossauro
E no universo das expectativas
a mais bela lembrança
é a da sua expressão visual,
dos traços do seu rosto
do seu olhar brilhante
do seu sorriso maroto
quando me contrapôs aquele paralelo da montanha dupla.
Estaria ela exactamente a pensar no que pensou?

Senti um sopro suave, lento e compassado na minha face
e percebi que era quente
e de compasso incerto
umas vezes binário
outras vezes quaternário
Em esforço quis combater a irregularidade dos batimentos
Como um maestro que faz gesticular a sua batuta, quis reordenar aquele compasso
Senti-me perdido
Senti-me galgar velozmente

Aterro diante de mim
E sinto o buraco sem fundo dos meus sonhos 
Flutuo nos batimentos, agora regulares, de um compasso sem nome
sem maestro
e sem batuta
Há quem lhe chame loucura
Eu chamo-lhe Aquilegia
E pela minha pele
quente,
tensa,
cansada;
escorre em fio
com caudal guiado e frio,
aquele liquido
de arfar ofegante de um dove...

aquilegia.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Aproxima-se...

Aproxima-se... e vai ser a primeira vez...
Por isso quis vir aqui
Por isso precisava escrever-te...
Sei que terás, tal como eu, os teus momentos de desespero...
Mas quero que saibas
aquilo que já sabes
Quero que sintas
aquilo que já sentes
Quero que sonhes
com aquilo que já sonhas...

Aproxima-se... e vai ser muito dificil....
Por isso é importante que saibas
que te amo profundamente
e que sintas
que estou neste momento a pensar em ti
e que sonhes
comigo, assim como sonho contigo... connosco...

Aproxima-se... e sei que não estás preparado
assim como eu não estou
e que vai doer não te ter
e que vai deixar marca não te sentir
e que sonhar é bem melhor quando estamos juntos...
Aproxima-se meu amor...
mas fica comigo...
tu sabes que eu estou sempre contigo... 

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Em 2021...

Quero olhar para trás...
e ter feito aquela viagem sózinha que sempre quis
e ter construido sorrisos por onde passei
e ter comido e bebido aquilo que queria
e ter dado todos os abraços
e ter aprendido mais daquilo que sempre sonhei
e ter saboreado uma noite de amor no mar
e ter alcançado os meus projectos profissionais
e ter ajudado outros a serem felizes

Quero olhar para trás...
e não sentir "ah, e se..."

Quero olhar para trás...
e não sentir culpa... arrependimento...

Quero olhar para trás...
e ter a certeza que hoje
foi o ultimo dia
em que me limitei ao que não queria só para não magoar outros
em que me cingi ao que me é oferecido só porque não tive coragem de lutar por mais

Quero olhar para trás
e ter a certeza
que deixei cair
todas as correntes que me amarram...

terça-feira, 31 de maio de 2011

Vazio...

Venceste...
não vou lutar contra ti...
não tenho agora mais forças para isso...
não tenho outra alternativa
outro caminho
outra escolha
que não seja receber-te dentro de mim...
Navega...
percorre o meu ser como tu queres
enche-te de mim até poderes
tu sabes o que queres
tu sabes que podes
ainda que temporariamente...
Aproveita...
não será para sempre a tua vitória
não será para sempre a tua presença
tu, como todos, têm um tempo de vida limitado...
e eu...
eu vou ludibriar-te
na aparente acalmia do meu ser
na aparente paz em que te afogas
e depois...
vou comer-te vivo 
e sem aviso
vou cuspir-te todo no Universo
ponto a ponto
molécula a molécula
átomo por átomo
até que te dissipes infinitamente
e te percas no caminho de regresso
qual bifurcação que se vislumbra
sem capacidade de opção...
Agora fica...
fica mais um pouco se quiseres...
quanto mais em mim te afogares
mais violentamente te sacudirei
mais eternamente
me despojarei dos teus resquícios...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Uma Estrelícia no céu...

Pena que ainda haja tanto trânsito
e barulho de carros e motas,
fora isso seria perfeito...
Até o friozinho que já se faz sentir cá fora,
me transporta para aquelas noites de acampamento em que me deixava inundar pela beleza da noite,
pelo cheiro da terra,
pelo mistério dos sons nocturnos,
pela imensidão de uma natureza quase adormecida...
e eu...
eu e Ele abraçados...
e envoltos numa manta,
deixando-nos estar em simbiose terrena aspergida pela celestial...

Não há estrelas no céu...
Mas desde que aqui cheguei o céu desanuviou,
as nuvens estão a dissipar-se
e até já vejo esses pequenos pontos de luz!
E vejo uma em particular,
não pára de olhar para mim,
não pára de me sorrir,
não pára de brilhar!
És tu minha irmã!
Bela...
Mágica...
Delicada...
Ternurenta...
Uma Estrelícia palpitante!

Estou a flutuar...
Sobre um manto de pétalas brancas,
e pequenos salpicos de um olhar esverdeado caem sobre os meus ombros
És tu?
Vens juntar-te a nós?
E danço...
danço incansavelmente até meu corpo se deter...
fica expectante
fica empertigado
fica espectador...
Do meu espirito que esvoaça...
E hoje,
o meu espirito...
é azul céu...
claro, límpido, sereno, tranquilo...
apesar do céu real que me cobre
ser negro
e sem estrelas...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Cristal...

Subi à mais alta montanha para descobrir de onde vinhas
e percebi que do cume não vinhas
Desci ao vale mais profundo para aí te encontrar
e percebi que no sopé não estavas
Percorri florestas densas
Desbravei bosques
E finalmente encontrei-te...
Afinal nasces numa gruta...
Uma gruta prateada
Uma gruta luzidia
Uma gruta repleta de calor
E no seu centro
uma taça transparente de pé alto
com um líquido bordeaux...
...
Tenho o Mundo a meus pés...
e a ti sempre a meu lado
Tenho o Mundo a meus pés
e tu comigo para sempre
flutuo nessas águas bordeaux
e vejo a linha do mais fino cristal
reflexos de mim e de ti
reflexos de nós
mergulho, inundo-me, banho-me...
tentam subir até mim
os reflexos da tua outra...
tentam subir até mim
os reflexos de outros eus...
mas chegados ao ponto íngreme da escalada...
ninguém perdura
ninguém permanece
ninguém resiste
nem a outra
nem ela
apenas eu
apenas tu
apenas nós...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O meu tempo e o meu espaço...

O meu vazio alargou-se ainda mais...
O meu buraco negro aumentou...
Sinto mãos enérgicas a empurram-me no espaço
Um espaço já de si tão ínfimo...!

E tudo isto nos ultimos tempos tem-me feito pensar...
E sobretudo tem-me feito proteger-te...
dos meus sentimentos
dos meus acontecimentos
dos meus pensamentos negativos...

Porque quero ser para ti uma fonte de prazer
quero ser o abraço dado no momento certo
quero ser o beijo desejado
quero ser o pico da montanha da felicidade que escalas incessantemente
Só faz sentido
aproveitar contigo os momentos em que estou feliz
partilhar contigo os sentimentos, acontecimentos, pensamentos, anseios, de onde brote a minha alegria, a minha jovialidade, a minha força, a minha energia postiva
saborear contigo as delicias de um amor que não se procurou mas que aconteceu...

Porque eu...
eu tenho menos tempo...
eu tenho menos espaço... e por isso...
Só faz sentido
assumir que tenho de aproveitar
o pouco tempo e espaço que tenho...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Coexistimos

Levaste-me a passear
gosto quando me levas a passear no campo e tenho a oportunidade de cheirar um mal-me-quer, chupar uma azeda e oferecer-te uma papoila
Parámos naquele sitio do costume,
o sol normalmente põe-se do nosso lado direito e ilumina os teus olhos brilhantes e plenos de ti
O cheiro a terra e a erva, daquela que não me lembro o nome mas que a minha avó dava aos coelhos, inunda as nossas narinas
Esvoaçam pássaros sobre as nossas cabeças e ao longe ouve-se a água que corre freneticamente por entre regos de terra
Beijas-me...
Olhas-me...
Tocas-me... daquela forma misteriosa, doce e ao mesmo tempo fulgurante que só tu sabes, que só tu consegues...
É tão bom... sentir que sinto falta de tudo...
de tudo de ti
de tudo em ti
de tudo em ti que é meu
de tudo de ti que me dás
de tudo de ti que não me dás mas que sinto, prevejo, cheiro, sinto, antevejo
de tudo o que de mim é teu
de tudo o que de mim nasce de ti
de tudo o que de mim permanece contigo
de tudo o que de mim fica quando partes
Conversámos durante horas, sem sentir o passar do tempo, sem pensar no Mundo...
Sem pensar em mim ou em ti... apenas nós...

Passou tanto tempo que obviamente era chegado o momento de partir...
Ponderámos...
Mas porquê partir já? Porquê não ficar mais um pouco?
Que amarras nos prendem?
Decidimos ir jantar
Sim, era tarde, tínhamos fome
Fomos juntos procurar um sitio especial e eis que encontrámos uma casa de madeira
Uma gente simpática nos acolheu
Engraçado, olham-nos sempre de uma forma especial, quase atónitos! Lembraste daquela vez que o senhor do café se enganou no teu troco? Foi fenomenal...
Tu dizes que eu tenho poder... um poder que descontrola as pessoas, mas estás enganado.
O poder é nosso!

Estava frio, por isso ficámos dentro de casa mas junto daquela janela de onde podiámos ver os peixes a saltar alegremente na água
Enquanto procurei que nos viessem atender tu detiveste-te num som... um som particular...
Eram rãs! Fantástico!
Há séculos que não via nem ouvia rãs!
E estávamos nós nesta brincadeira com rãs quando reparámos que nos acenderam uma lareira, "não propriamente pela necessidade do calor" disse-nos a senhora simpática, de facto não estava assim tanto frio, mas "é bonito olharem juntos o fogo, é o que vejo crepitar no vosso olhar", continuou ela...
Automaticamente, assim que ela nos deixou, fiz-te logo notar do nosso poder...!
Saboreámos uma bela refeição mas confesso que não me lembro de grandes pormenores.
Lembro-me do vinho
Escolheste um belo vinho para nós e ensinaste-me a saboreá-lo
O meu pai costuma dizer daquele tipo de vinho que "é frutado"
Não sei se era desses ou não, mas foi a primeira vez que o saboreei assim... deixámo-lo ficar na boca por uns instantes, fechámos os olhos e só passados breves segundos o engolimos lentamente... que delicia...!

Tudo fluiu na perfeição... e chegámos àquele ponto da noite em que, depois de tanto conversar, depois de tanto nos contemplarmos, depois de tanto nos sentirmos pensei mesmo que nada mais haveria a dizer...
E foi quando me contaste a história
A história do monge
Do seu aprendiz
E da mulher nas margens do rio...
Elevámo-nos ao mais alto cume do alheamento
Percorremos com o monge e o seu aprendiz uma floresta banhada de nevoeiro
Ajudámos aquela mulher a passar a margem do rio
E chegados ao convento... absorvemos juntos a moral da história...
Deixámos a mulher do outro lado do rio e não a carregámos connosco...

Vivemos
Existimos
Sonhamos
Há coisas que fazemos e outras que não fazemos
Há coisas que simplesmente sonhamos
E muitas outras que desejamos
Três dimensões em paralelo
mas sempre, sempre juntos
porque eu, tu e nós
efectivamente coexistimos...
e contigo
o meu eu não tem medo
e contigo
o meu eu ganha um novo sentido
o sentido do nós
o sentido de
coexistir...

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Sim, vejo-te

Sim,
vejo-te a ti
em todos os momentos
em todos os intantes
em todas as situações
estejas fisicamente ou não estejas
penses em mim ou não penses
Sim
vejo-te a ti
em todos os meus actos
em todos os meus pensamentos
em todos os meus sonhos
em todos os meus anseios
em todos os meus projectos
estejas comigo ou não estejas
quer me queiras quer não
Sim
vejo-te a ti
sempre que me vejo a mim
sempre que me compreendo a mim
sempre que me quero a mim
sempre que me cuido a mim
sempre que me amo a mim 
Sim vejo-te a ti
sempre
porque eu sou tu
e tu és eu
e eu e tu somos nós
e nós somos
1+1 = 3

sábado, 30 de abril de 2011

Constelações de afectos...

Alguém de braços abertos....
na areia húmida
de rosto voltado para o céu
lado a lado com o mar que se faz em bonança
com o sorriso da espuma...
As gaivotas a sobrevoar....
nem som delas ou do mar se escuta
porque nesses braços
está o amor
o amor que silencia tudo
todo o ruído
todas as repressões
todos os enganos
todas as verdades feitas
o amor que torna
momentos idos em momentos presentes...
momentos presentes em momentos futuros...
Constelações de afectos florescem
inundam todos os seres
do mar
do ceu
da terra
todos vivos ou renascidos

Chegas
Hesitas 
entre cair nos meus braços tremendos de calor e frescura
ou cair
cair na areia
beijar meus pés
dedo sobre dedo
sorver meu hálito
gota sobre gota
roçar minha pele
pôro sobre pôro
ajoelhas-te...
tocas-me...
veneras-me...
saboreias-me...
Constelações de afectos florescem
e irrompem em erupção!

Nessa beira-mar perdida
nesse areal de sal,
de conchas,
de rubis,
de pérolas,
de diamantes
...
Constelações de afectos
a eclodir em todo o Universo...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O ninho onde me encontro...

Encontro-me naquela situação de questionar tudo
Perguntas e mais perguntas
Dúvidas
Questões...
Para cada uma
Uma resposta...

Encontro-me naquela situação em que percebo que
Para cada pergunta uma resposta diferente
Diferente ora é dada por ti ou por ti
Diferente ora é dada hoje ou amanhã
Diferente ora está neste ou naquele contexto
E por isso

Encontro-me naquela situação de questionar tudo
Porque provavelmente nunca terei
A resposta
A inquestionável
A que não difere

Encontro-me naquela situação em que te espero...
E mesmo que me perguntem: porquê?
Dificilmente terão
A resposta
A inquestionável
A que não difere
E por isso

Encontro-me naquela situação em que já não quero questionar tudo
Porque sei
Que és...

Um pássaro, livre,
que voa em busca de si,
e que nessa busca se esquece de si,
e no regresso,
busca aquele ninho,
onde sempre se encontrou a si...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Procuro...

A chuva penetrou a terra
e as nossas mãos unidas,
entrelaçaram os seus dedos
O cinzento das nuvens cobriu o céu
e aquelas flores amarelas
sim aquelas que brotavam no alcatrão
encolheram timidamente suas folhas 
Fechei os olhos...
Fechaste os olhos...
E as nossas almas se entrelaçaram
A luz vinda de ti cobriu meu ser
e logo de mim brotou uma melodia intensa
Inundaste-me
de uma profunda paz...

Agora
que a chuva se foi
que não vislumbro as flores amarelas
e que não me perco nas tuas mãos
procuro incessantemente a tua luz

Agora
que permaneço na escuridão
resta-me recordar
a minha alma entrelaçada à tua
e sentir
a profunda paz que sempre me proporcionas...

  

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Amanheceu... É novo dia!

Hoje...
avistámos um mocho bebé...
perdido,
mas solto;
colhemos a rosa e o seu botão
diferentes,
mas juntos;
percorremos caminhos
nunca antes delineados;
vislumbrámos sete magníficos pássaros...
cantando...
 
Hoje
fomos pela floresta e deixámos 
pesos
dores
dúvidas
angústias
sofrimentos
perdas
as agrúras maiores...
 
Hoje
soltou-se uma nova gota...
uma lágrima
uma esperança
uma alegria
uma sintonia
uma certeza
uma partilha
uma unicidade...
 
Hoje...
Amanheceu...
Avistámo-nos
Abracámo-nos
Aconteceu...
Agora
Amamo-nos...
Amanheceu... É novo dia!
 

domingo, 10 de abril de 2011

Que tempo é este?

No silêncio da noite
Pára o tempo,
O tempo meu
O tempo nosso
Aquele tempo sem tempo
Um tempo que não é nosso
Por entre as frestas do dia
Ouço o teu respirar
O teu cheiro invade minhas narinas
A tua pele fricciona-se com a minha
E logo o tempo se avoluma
numa repentina velocidade
Esse tempo sem tempo
Um tempo que não é nosso
Porque o que é nosso
Não tem tempo
É um tempo sem tempo...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Um passeio ao luar

Hoje senti
como se déssemos um passeio ao luar
a minha mão na tua
os pés flutuando sobre a terra
a nossa conversa fluída
os nossos olhos de vez em quando nas estrelas
Hoje senti
como se fossemos tocados
pela brisa calma da noite
pela espuma salgadiça do mar
pela melodia suave das ondas
Hoje senti
como se juntos...
pudéssemos tudo...!
 

quinta-feira, 31 de março de 2011

Regressei...

Regressei...
Regressei àquilo em que acredito
Regressei à minha essência
Regressei à minha certeza de que dar um sorriso é bem melhor que não dar
Regressei à minha certeza de que escutar, ouvir, dar uns minutos do
nosso tempo a quem precisa pode ser fulcral na vida de alguém
Regressei à minha certeza de que posso fazer a diferença se estiver
atenta a quem precisa de mim
Regressei à minha certeza de que mesmo que não tenha nenhuma
recompensa dos meus actos, sempre terei uma, a felicidade de ver
alguém feliz
Regressei à minha certeza de que é sempre melhor construir que
destruir, conciliar que ignorar
Regressei à minha certeza de que quem crê em Deus tem uma missão especial
Regressei à minha certeza de que não posso esperar que os outros
façam, tenho de eu dar o primeiro passo
Regressei à minha certeza de que mesmo que não me compreendam o que
importa é que sinta que a minha missão foi cumprida
Regressei à minha certeza de que não posso enveredar por um caminho só
porque todos vão, querem ou me dizem para seguir, tenho de acreditar
Regressei à minha certeza de que um mau momento não significa
infelicidade para sempre, apenas uma forma de me tornar mais forte
Regressei à minha certeza de que ainda há pessoas realmente especiais,
importantes, que fazem a diferença, que deixam a sua marca no Mundo...
Pessoas como tu...

quarta-feira, 23 de março de 2011

Quando nos abraçamos...

Quando nos abraçamos
ficamos numa imagem redonda
o nosso corpo encaixa-se
a nossa alma enlaça-se
refletimos mutuamente uma luz

Quando nos abraçamos
ficamos numa paz sublime
o mar acaricia-nos
beira-mar e mar profundo
ora somos gota
ora somos oceano
ora somos onda
que rebenta em extenso areal
ou que se ergue no mais profundo mar.

Quando nos abraçamos
ficamos um no outro
ora acariciamos a areia
ora somos farol
que se ergue
em sinais contínuos ou intermitentes
luz clara ou fugidia
brilhante na noite
fosca no dia
mas presente
proclamando a defesa do nosso amor.

(escrito a quatro mãos...)

O Amor pode tudo!

Quem disse que a felicidade é limitada, restrita e só aparece uma vez na vida?
Quem disse que não posso mais correr pela praia e sentir a frescura do mar no meu rosto?
Quem disse que não posso fazer como em criança, rir e chorar quando me apetecer?
Quem disse que não posso decidir sobre o meu tempo, o meu espaço, o meu destino?
Quem disse que tenho de ser assim?
Quem disse que tenho de fazer assim?
Quem disse que tenho de sentir assim?
Andar descalças pela rua, posso?
Cantar bem alto um salmo, posso?
Cheirar a suor ou a rosas, posso?
Olhar para ti com os meus olhos castanhos, posso?
Tactear o teu rosto, posso?
Meu anjo...
simplesmente meu anjo...
O que leio em ti é cristalino...
É claro
É evidente
É saboroso
Eu posso tudo...
O Amor pode tudo!

terça-feira, 15 de março de 2011

A natureza no seu esplendor

Se um dia a visão me faltar
Eu perder a audição
Ou não conseguir articular palavra
Nas minhas mãos nada sentir
Nem sentir o perfume de uma flor
Ainda assim
O meu coração
Irá ver
Irá ouvir
Irá dizer
Irá sentir
Irá cheirar
A natureza no seu esplendor...
Aquela que em todo o momento
Tu me ensinas a olhar
Tu me despertas a ouvir
Tu me impeles a dizer
Tu me levas a sentir e a cheirar...
Porque tu és
A natureza a brotar de dentro de mim!

segunda-feira, 14 de março de 2011

A liberdade...

Gosto de passear
à beira-mar
ou à beira-rio
sentido o fresco no rosto
o vento nos meus cabelos
sózinha
ou de mãos dadas contigo
sem freios
nem receios
sem correntes
nem amarras
sem "ses"
nem "porquês"
sem hora marcada
sem pressões
com chuva
ou com sol
sentindo os salpicos da água
ou os raios quentes que me aquecem
em sonhos
ou no real...
Gosto de passear
e o que importa é que
leve no meu coração
a liberdade
dos meus passos
a liberdade
do meu destino
a liberdade
do meu pensamento
e sempre... sempre...
a liberdade
daqueles que amo no coração...
daqueles que amo como tu...

segunda-feira, 7 de março de 2011

O meu ópio...

É noite e chove
É noite e o céu está negro
É noite
Chove, o céu está negro, inundado de lágrimas
Mas
De quando em vez um manto branco impõe-se ao seu negrume
É noite
Experimento pela segunda vez a sensação deste branco que avassala o preto por escassos segundos
O cheiro a terra molhada é tão intenso como ópio
O bater do meu coração é tão forte como quando tuas mãos percorrem o meu corpo
É noite
Estou sozinha no monte...
O branco apareceu de novo
Como um véu de noiva que cobre um rosto
É noite
Queres que me foque no branco
Na felicidade
No teu olhar vivo e brilhante
No teu sorriso contagiante
Mas é noite
E chove
E está negro...
E o branco só permanece por escassos segundos...
Perdoa-me...
Hoje não consigo...

domingo, 6 de março de 2011

Observo...

Observo pela minha janela
a luz clara e suave do teu olhar
não que me espreites
não que me olhes
apenas porque ela toca minha alma
e seus fios translúcidos
ecoam em mim
quais teclas vibrantes de um piano
enérgicamente controladas por teus dedos
E sim
ao longe a voz suave de um anjo
sente-se vivo e audível
qual estorninho ao encontro do seu bando...
E lá
se ampara
se aconchega
encontra seu lar...
Ainda que para trás
deixe ficar
as résteas da sua fêmea gémea...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Tatuagem...

Infiltro-me na noite...
escura...
densa...
fria...
aterreradora...
sentir a tua falta é isto...
não é só não saber de ti...
não é só não te ouvir...
não é só não te ver...
não é é só não te sentir...
é infiltrar-me no mais escuro de mim...
é cortarem-me as asas
é sugarem-me a vida
é apagarem os meus genes
é formatarem o meu coração
é tatuarem-me a dor
... a dor da tua ausência...
...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Respiro...

Olha... que engraçado... há quanto tempo estás aqui?
Há quanto tempo me olhas assim?
Desde quando me sorris dessa forma?
Repara... que interessante... que forma tão bonita de acenar... que maneira tão doce de me dizeres "estou aqui"...
Sabes, gostava muito que conseguisses entrar dentro de mim... sim! Mesmo cá dentro!
Consegues imaginar o que seria navegares dentro do meu ser?
Muitas vezes venho aqui...
sento-me nesta areia fina e nem sempre quente como agora
descalço os meus sapatos e tiro as minhas meias antes de tudo
atiro-me para trás
deito a cabeça no chão
olho o céu
vejo as aves
vejo as nuvens e respiro...
Respiro...
daquela maneira que me ensinaste
com o peito todo
com o ser todo
com a alma toda
daquela maneira em que parece que queremos sugar todo o Mundo que conseguirmos...
queres não queres?
pois queres...
quem não quer?
...
Depois de me deliciar assim
levanto-me...
primeiro deixo-me estar sentada...
contemplo o mar
revejo-me em cada onda que bate forte
que se enrola, que se enleia
que tenta chegar o mais alto possivel e que depois vem vertiginosamente em queda e que bate...
que bate forte! Que se estilhaça! Que se espalha!
E que por fim se deixa misturar nessa areia... 
A seguir levanto-me...
ponho-me de pé...
começo a andar,
a seguir apresso-me e depois... 
Depois corro!
Depois grito!
Depois abro os braços!
Depois liberto-me...!
Ai se eu pudesse...
Se eu pudesse nunca mais olhar para trás
Se eu pudesse seguir em frente
Correr para sempre
Ir para além de tudo
Para além de todos
Para além de toda a matéria
Se eu pudesse apenas ir-me...!
...
Os meus cabelos...
Os meus cabelos chamam-me à realidade...
canso-me
atiro-me de novo para o chão
agora já não quero ver o céu
agora já não me delicio nas nuvens, nem nos pássaros
agora simplesmente me atiro
sou como a concha
sou como a pedra
que rola e rebola
vem e vai com as ondas...
agora sou novamente eu...
agora sou eu que tenho de ser eu...


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O anjo do algodão doce...

Sou a menina,
a menina criança,
alegre e feliz,
de mão dada com o pai.
Boina vermelha,
cachecol branco,
casaco azul marinho,
sapatos de fivelas brilhantes.

Caminhamos num mercado,
caminhamos ao ar livre,
impera a frescura invernosa,
fere-nos o som de carrocéis,
insufla-nos o cheiro miscelâneo de farturas, pão com chouriço e...
algodão doce...

Solto-me da mão do meu pai
e corro para ele...
Sento-me sobre ele...
acariciada pela sua leveza...
consumida pelo seu perfume e sabor...
irrigada pelo seu liquido pegajoso...
flamejada com o seu toque sedoso...
adormeço...

Envolta nesse manto
sedoso,
perfurmado,
suave e quente...
Que me toca,
que me conforta,
que me protege...
Descanso...
Sou o anjo do algodão doce...

Sou o anjo do céu
sou o anjo de todas as horas
sou o anjo das causas,
o anjo dos amores-perfeitos
e na minha inocência,
sou o anjo branco...
puro,
transparente,
cristal,
o anjo da entrega...

Sou o anjo que te ampara...
te sopra...
te aquece...
te embala...
Sou o anjo
que está onde os teus olhos veêm
que soa onde os teus ouvidos ouvem ´
que toca onde o teu abraço enleia
que transpira onde as tuas narinas inspiram
o teu anjo do algodão doce...


segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Um mais um igual a...

Aproximo-me 
das tuas margens
dos teus limites
das tuas fronteiras
das tuas entradas
das tuas saídas
da tua nascente
e da tua foz
lentamente
suavemente
sem correntes...

Tu não me ouves
não me vês...
não me esperas...
sento-me e...
cheiro
a tua maresia
sorvo
o teu brilho
sinto
a tua mansidão

Sem querer
tu tocas-me...
lentamente
suavemente
sem correntes
em cada canto e recanto do meu ser...

Contigo
sou comigo
contigo
sou tu
contigo
sou connosco...
apelas-me a um eu
recôndito
escondido
desconhecido
cativo
e muitas vezes
inóspito...

E eu só posso responder-te...
um mais um igual a...
três...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Nada mais há a dizer...

Fecho os olhos
consigo imaginar uma panóplia de sentimentos
um enleio de mixed feelings e de dores
um misto de vivências e de perdas
Fecho os olhos
consigo ver-me, ver-te, ver-nos
num Mundo mágico só nosso
numa descoberta poderosa de encontros e desencontros
Fecho os olhos...

Bebo do silêncio da noite o que preciso para acalmar meu coração
inquieto, solitário, a rebentar de saudades...
As minhas mãos procuram-se em busca das tuas...
O meu abraço fecha-se por não encontrar o teu...
Insuflo do silêncio do dia o que preciso para acalmar meu coração
dorido, sofredor, a explodir de amor por ti...
A minha boca procura incessantemente a tua...
O meu corpo fecha-se por não encontrar o teu...

Nada mais há a dizer...

"Sempre amei por palavras muito mais
do que devia

são um perigo
as palavras
quando as soltamos já não há
regresso possível
ninguém pode não dizer o que já disse
apenas esquecer e o esquecimento acredita
é a mais lenta das feridas mortais
espalha-se insidiosamente pelo nosso corpo
e vai cortando a pele como se um barco
nos atravessasse de madrugada
e de repente acordamos um dia
desprevenidos e completamente
indefesos
um perigo
as palavras
mesmo agora
aparentemente tão tranquilas
neste claro momento em que as deixo em desalinho
sacudindo o pó dos velhos dias
sobre a cama em que te espero"
(Poema de Alice Vieira)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Rubi

Pé ante pé...
na serenidade de um quarto
na serenidade de um momento
uma brisa te aconchega
um rio te corre
um manto te acaricia
e eu
pé ante pé te visito
e eu
pé ante pé te espreito
e eu
pé ante pé
reflexo do meu ser
musicalidade da minha alma
te encontro
pé ante pé...
O meu espírito se enleia ao teu
numa fusão
de pétalas miscelâneas
perfurmadas
desnorteadas...
Onde antes...
meus pés,
pé ante pé,
pisaram a amálgama vribração
do teu ser
qual diamante em bruto
Hoje...
meus pés,
pé ante pé,
flutuam por entre
raios de uma aurora
celestial
qual rubi escarlate
em pleno fulgor de êxtase!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Não existo...

Não existo
falo-te nesta linguagem
escrevo-te
mas não existo
Aceito ser humana
de vez em quando
para que me
transcrevam
Para que
falem de mim
falem por mim

Estou cansada de existir...
Vêem ver-me
vejam bem!
Mas para quê?
Eu não existo!
Deixei de existir há muito tempo...

No meu Universo
não sou
torno-me
moldo-me
misturo-me
enleio-me...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Amar é uma vírgula

Amar
é uma benção
e é um risco constante
é um ganho
e uma perda em potência
é uma união
e uma solidão
é uma alegria
e uma angústia espontânea
é um cheio pleno
e um vazio esporádico
é uma liberdade
e uma prisão de quando em vez
muito boa
e às vezes muito má
Amar
é uma vírgula
sou eu
és tu
somos

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Viagem...

A ponta do meu dedo tocou no teu
Como um beijo roubado do infinito do mar ao céu
O caminho percorrido foi inamiginavel
Flutuámos
Navegámos
Muitas vezes não no mesmo barco
E muitas vezes sem remos.
As ondas do mar
Cobriram-nos tantas vezes
Como um manto cobriu Jesus
As ondas do mar
Suavizaram-nos tantas vezes
Como o abraço da Mae que nos aconchega no regaço
As minhas lágrimas fundiram-se nas tuas
E perderam-se nesse caudal azul celeste.
Fui tua tantas vezes
E tu foste meu...
Conduziu-nos a certeza
De uma viagem sem rumo e eventualmente sem destino...
Conduz-nos a certeza...
De uma viagem em busca do sonho...
Um sonho sem formato, sem tempo, sem lugar, sem certeza...
Um sonho incerto
Na certeza de que
sonhado incerto pode ser certo...
Na certeza de que
Sonhado incerto vive certo
No nosso coração...

domingo, 9 de janeiro de 2011

Lembro-me...

Lembro-me do dia em que te conheci
E o teu sorriso foi esse
Lembro-me da nossa primeira conversa
E a tua voz foi essa
Lembro-me do primeiro momento sem mais ninguém
E o teu olhar foi esse
Olhavas pela janela
Falavas com os passarinhos
Fantasiavas
E ouvias-me...

Lembro-me da minha insegurança
De não saber que dizer
De não saber que vestir
De ter medo de olhar nos teus olhos...
De ter medo de sentir o bater forte do meu coração!

Lembro-me do que chorei
quando pensei que nunca mais te ia ver...
Lembro-me
do abraço não dado
do olhar não trocado
do beijo não sentido...
E do nó na garganta que sentimos...
tinha chegado ao fim...

Lembro-me do encontro na praia...
o sorriso, o olhar, a voz...
O não dado
O não trocado
O não sentido
E mais uma vez...
O não dito...

Preciso de lembrar-me de dizer...
AMO-TE!
E quero mergulhar nesse amor...

sábado, 1 de janeiro de 2011

Liberta-te!!!

O meu corpo não se sente.
Gritos frenéticos ouvem-se na escuridão e frieza da noite e à dor gélida dos meus músculos une-se um arrepio sonóro de duvida, incerteza áspera e fustigante.
Todos os meus pôros respondem a essas farpas acutilantes com uma repressão calculista. Os meus cabelos enleiam-se sem sentido numa teia desordenada e mal trabalhada.
As minhas unhas cravam-se, como águia dorida a quem roubaram o rebento, no primeiro parapeito de pranto descontrolado!
Jorra do meu coração o suor do pânico da solidão!
Quero acordar deste pesadelo que me aprisiona o espirito, a alma e o corpo... e me consome a espaços o ventre em chagas vivas e vulcânicas!
O meu corpo não se pode sentir...
O meu espírito tem de pairar fora daqui...
A minha alma... enterra-se num silêncio sepulcral...
É hora...