quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Respiro...

Olha... que engraçado... há quanto tempo estás aqui?
Há quanto tempo me olhas assim?
Desde quando me sorris dessa forma?
Repara... que interessante... que forma tão bonita de acenar... que maneira tão doce de me dizeres "estou aqui"...
Sabes, gostava muito que conseguisses entrar dentro de mim... sim! Mesmo cá dentro!
Consegues imaginar o que seria navegares dentro do meu ser?
Muitas vezes venho aqui...
sento-me nesta areia fina e nem sempre quente como agora
descalço os meus sapatos e tiro as minhas meias antes de tudo
atiro-me para trás
deito a cabeça no chão
olho o céu
vejo as aves
vejo as nuvens e respiro...
Respiro...
daquela maneira que me ensinaste
com o peito todo
com o ser todo
com a alma toda
daquela maneira em que parece que queremos sugar todo o Mundo que conseguirmos...
queres não queres?
pois queres...
quem não quer?
...
Depois de me deliciar assim
levanto-me...
primeiro deixo-me estar sentada...
contemplo o mar
revejo-me em cada onda que bate forte
que se enrola, que se enleia
que tenta chegar o mais alto possivel e que depois vem vertiginosamente em queda e que bate...
que bate forte! Que se estilhaça! Que se espalha!
E que por fim se deixa misturar nessa areia... 
A seguir levanto-me...
ponho-me de pé...
começo a andar,
a seguir apresso-me e depois... 
Depois corro!
Depois grito!
Depois abro os braços!
Depois liberto-me...!
Ai se eu pudesse...
Se eu pudesse nunca mais olhar para trás
Se eu pudesse seguir em frente
Correr para sempre
Ir para além de tudo
Para além de todos
Para além de toda a matéria
Se eu pudesse apenas ir-me...!
...
Os meus cabelos...
Os meus cabelos chamam-me à realidade...
canso-me
atiro-me de novo para o chão
agora já não quero ver o céu
agora já não me delicio nas nuvens, nem nos pássaros
agora simplesmente me atiro
sou como a concha
sou como a pedra
que rola e rebola
vem e vai com as ondas...
agora sou novamente eu...
agora sou eu que tenho de ser eu...


Sem comentários: