terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Em vez de mim...

Queria poder dizer-te tudo o que sinto
Queria poder partilhar-te todo o meu crer
Queria poder expressar-te toda a minha imensidão
Queria poder não te esconder nada
Mas sabes, eu amo-te
E quem ama não faz o outro sofrer
O que sinto agora
O que creio agora
O que emerge agora
Far-te-ia sofrer
Mas sabes, tu amas-me
E quem ama não quer ver o outro sofrer
Não podes sentir o que sinto
Não podes crer o que creio
Não podes emergir na minha imensidão
Agora...
Porque agora
Eu estou a sofrer...
E não quero que sofras...
Por mim
Em vez de mim
E para mim...

Quero-te...

Não sei de ti...
Não te vejo, não de cheiro, não te ouço, não te toco... não sei de ti...
Mas hoje pela manhã a tua melodia tocou para mim... eras tu... como quando pegamos num buzio, encostamos ao nosso ouvido e conseguimos penetrar no mar...
...eu penetrei em ti... ouvi a tua melodia, eras tu...

Vens e vais... como um pássaro migratório sem data para voltar mas certo de que voltará...
Quanto tempo demorarás? Não sei...
Quanto tempo ficarás? Não sei...
Mas tu sempre voltas... tu sempre tens voltado...

Da ultima vez, o arco-iris brilhou nas suas sete cores...
V...er-te estimulou a minha paixão...
L...ançaste sobre mim o teu olhar...
A...mei-te desde esse momento...
V...ibro descontroladamente desde então
A...manheceu em mim um novo dia, um novo eu
I...ntensamente diferente, poderoso, irresistível
V...ou querer-te para sempre...

O teu corpo...

Amo o teu corpo...
O que ele me inspira
O que ele me faz sonhar
O que ele me proporciona...
Deleito-me no teu corpo...
Em cada canto e recanto
Em cada curva recta ou arredondada
Em cada esconderijo...
Sacio-me no teu corpo...
com o poder dos teus olhos
a mestria das tuas mãos
a inequícova vocação do teu ser dentro de mim...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Às vezes...

Às vezes precisava sentir que sentes a minha falta
que olhas no relógio e sentes a dificuldade do tempo a passar 
que te distrais com uma voz pensando ser a minha
que olhas duas vezes seguidas para uma mesma pessoa pensando ter-me visto a mim
que abres inúmeras vezes o email à espera que te escreva
Ás vezes precisava sentir que andas perdida em busca de mim
que olhas o infinito na esperança de me encontrar
que te esqueces de comer porque não sabes de mim
que não te concentras porque ainda não dei noticias
Às vezes precisava sentir que sou o teu centro
nem que fosse por breves instantes
que vagueias por aí na esperança de me veres
que aproveitas todos os segundos para me respirar
que trocas o nome das pessoas pelo meu
Às vezes precisava sentir que sou mais que o teu sonho
que saí dessa tela e estou na realidade
que me sorririas mesmo na presença de alguém...
que me quererias mesmo não sendo eu
Às vezes precisava saber mais do que aquilo que sei...
Mas sei que me olho no espelho 
E que vejo tudo isto acontecer... 

Espanta Espíritos: Reflexões

Magnífica a imagem e o paralelismo com o espelho (partido)

Espanta Espíritos: Reflexões: "É mesmo amor, isso que sentesOu simples necessidadeDe te olhares reflectidoNum espelho partido? Pois que estranhoEssa estranheza sem fim..."

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

«Deus quer, o homem sonha e a obra acontece»

Hoje houve alguém que me lembrou deste célebre e tão actual pensamento:
«Deus quer, o homem sonha e a obra acontece»
Reflicto então no que corre mal e apercebo-me de que para mim é evidente que Deus quer, mas não é completamente claro que o homem sonhe, logo, fica inviabilizado o acontecimento da obra, seja ela qual for...
Por outro lado, também pode haver aqui um equívoco, nem todos sabem interpretar o que Deus quer e aquilo que Ele quer não é muita vezes o que nós queremos...
Invariavelmente temos a tendência de justificar os nossos actos com aquilo que Deus quer, com o destino!
Por isso, pergunto-me, saberei eu o que Deus quer?
Páro um momento para introspectivar... e descubro que... não sei.
Descubro que me tenho dado pouco
Descubro que me tenho ouvido menos
Descubro que não me tenho sentido
Descubro que me tenho esquecido de mim
e nessa descoberta sinto a Sua ausência, o Seu silêncio.
Sonhar, sonhar, sonhar... sonhos sem inicio e sem fim, sem fio condutor, sem personagens, sem tema, sem imaginário, de que valem? Para que servem? Onde me encaixo e onde encaixo Deus?
Observo pela janela do meu quarto
o arco da aliança
queria ter tantas certezas como essa
mas não tenho...

sábado, 18 de dezembro de 2010

O nosso pacto

Hoje visitei-as
faço-o algumas vezes apesar de nem sempre o conseguir
Quando descem aos píncaros das montanhas
é quando mais me apetece estar com elas
e quando se vestem de branco, também ficam mais apelativas
Hoje estavam assim, por isso, deitei-me numa delas e deixei-me ficar...
até ser interrompida por um sonoro nasalado e algo áspero.
Deixei-me penetrar pela melodia e conduzir-me onde ela me quis levar
Apareci e desapareci...
Não sei ao certo se conseguirei descrever onde estive
Compreendo agora que nem sempre estou em mim
Mas sei que tendo-me deixado penetrar, te senti...
suave, terna e amorosamente...
Deixei-me então flutuar,
saltando de nuvem em nuvem,
até alcançar o píncaro mais alto daquelas montanhas lá longe.
Quando lá cheguei, olhei o horizonte e vi, claramente, um rasgado arco da aliança de sete cores.
O nosso pacto está selado e ninguém poderá alterá-lo.
Eu quero o nosso pacto
E tu?

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sinto que sou o teu mar...


"Eu gostava de olhar para ti
E dizer-te que és uma luz
Que me acende a noite,
Me guia de dia
E seduz.
Eu gostava de ser como tu
Não ter asas e poder voar
Ter o céu como fundo
Ir ao fim do mundo e voltar
Eu não sei o que me aconteceu
Foi feitiço,
O que é que me deu?
Pra gostar tanto assim de alguém
Como tu...
Eu gostava que olhasses para mim
E sentisses que sou o teu mar
Mergulhasses sem medo
Olhar em segredo
Só pra eu... te abraçar
Eu não sei o que me aconteceu
Foi feitiço,
O que é que me deu?
Pra gostar tanto assim de alguém
Como tu...
O primeiro impulso
É sempre o mais justo
É mais verdadeiro
E o primeiro susto
Dá voltas e voltas
Na volta redonda
De um beijo profundo
Eu...
Eu não sei o que me aconteceu
Foi feitiço,
O que é que me deu?
Pra gostar tanto assim de alguém
Como tu...
Eu não sei o que me aconteceu
Foi feitiço,
O que é que me deu?
Pra gostar tanto assim de alguém
Como tu...
Como tu..."

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Numa casca de búzio

Outro dia pintei um quadro
sentei-me naqueles degraus de pedra, frios e rugosos, abri o meu caderno, procurei os meus pincéis e comecei...
O infinito não estava lá, não conseguia vislumbrá-lo, mas inexplicavelmente senti a sua presença em mim tão forte que julguei por momentos ter sido transportada para outra dimensão...
... no rio, escuro, denso, grosso, proiminente entre duas montanhas escarpadas em que nos píncaros as nuvens tocavam levemente e se misturavam numa simbiosa duvidosa. A tonalidade do rio não foi fácil de surgir e várias cores se sobrepuseram...
...em mim, em ti... mas tocaste-me no ombro levemente e senti que a realidade se agitou vertiginosamente...
... decidi por isso estagnar o curso do rio e pintar antes a folhagem alaranjada. Folhas de todos os tamanhos e feitios, tonalidades laranja, amarela, vermelha, num enleio...
... em espiral perfeita, como numa casca de búzio, única, luzidia, aconchegante sem se ver, mas certos de que estava presente, um infinito...
... mágico! E que irrompeu em largas pinceladas no meu caderno sem qualquer nexo ou sentido mas vibrante e intenso naquela cor...
... manchado, esbatido, mas lá... antes, agora e depois. Porque o antes já foi depois e também já foi agora e o agora já foi antes e também foi depois e o depois há-se ser antes e há-de ser agora...
... em línguas de fogo, que se interlaçam, que passam a nosso lado, que nos queimam a alma, o corpo, o espírito e nos transformam noutro ser, noutro tempo, noutro lugar...
... que clama por ti, que te quer, que te anseia, que te espera... e que chora o antes, o agora e o depois não sentido, não vibrante e o transforma... numa casca de búzio única, luzidia e aconchegante.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A tua janela...

Estou a olhar para a tua janela...
Hoje está fechada...
Faz vento
Chove muito
E talvez por isso
A janela está fechada
Não há luz nesta janela
Não há vida
Faz vento
Chove muito
E talvez por isso
Tudo é escuro
Tudo é noite
Olho de novo
A janela está fechada
A minha esperança dissipa-se
Fico escura
Fico noite
Só posso esperar que amanhã
Tu abras de par em par
A tua janela para mim....

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O teu sorriso rasgou-se como um sol que rasga o Universo

Vinha percorrendo serenamente a beira da estrada com o meu casaco ao ombro e a minha mochila arrastada pelo chão.
O cansaço estava a apoderar-se de mim mas ainda tinha de ter força para a etapa final.
Não sabia exactamente como me irias receber mas precisava ver-te nem que fosse uma ultima vez...
Quando cheguei ao lugar onde pensava encontrar-te, descobri uma porta entrearberta com uma chave na fechadura e outras duas penduradas.
Três chaves. Uma delas mais pequena, como se fosse de um cofre. De imediato pensei na caixa que em tempos te ofereci. Seria aquela a chave da tua caixa?
Chamei por ti antes de entrar mas ninguém, nem mesmo tu, responderam. Também não vislumbrei nenhuma luz, nem sequer a daquela vela colorida e perfurmada que guardaste dentro da tua caixa.
Resolvi entrar mas tirei as chaves da porta.
Mal entrei a porta fechou-se atrás de mim e automaticamente gelei. Comecei a tremer... os meus olhos não te viam mas o meu coração segredou-me que estavas ali
Esperei... esperei... porque não conseguia mover-me...
Uma suave luz começou então a aparecer... tanto tempo passou... mas sim, tu tinhas uma escada... uma escada quase em caracol... e vinhas agora subindo essa escada... tinhas de ser tu...
Os teus olhos não queriam ver aquilo que a luz ténue da vela colorida e perfurmada te faziam vislumbrar... eu...
Mas sim, era eu... ali estava... depois de tanto tempo...
O teu sorriso rasgou-se como um sol que rasga o Universo
E pude finalmente sossegar o meu "eu"... quando juntos transbordámos aquele cálice não fui apenas eu que quis voltar a enchê-lo, tu também o quiseste. E podíamos pelo menos voltar a sonhar, podíamos pelo menos voltar a sorrir...
voltar a sentir a brisa suave do mar...
voltar a sentir a espuma branca da água...
voltar a sentir o vento nas nossas faces...
e escutar...

Escutando no vento
Tua voz secreta
Que me sopra por dentro
Deixa-me ser só seu
No teu colo eu me entrego,
Para que me nutras
E me envolvas
Deixa-me ser só seu
Um ponto de luz
Que me seduz
Aceso na alma
Um ponto de luz que me conduz
Aceso na alma
Por trás dessa nuvem
Ardendo no céu
O fogo do sol raia
Eternamente quente
Liberta-me a mente
Liberta-me a mente
Um ponto de luz que me seduz aceso na alma
Um ponto de luz que me seduz aceso na alma

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Uma decisão


Há dias assim...
Em que nada parece fazer sentido e ao mesmo tempo tudo faz sentido
Em que nos perguntamos por tanta coisa e ao mesmo tempo temos resposta para todas elas
Em que pensamos "que raio faço aqui?" e ao mesmo tempo encontramos um lar a cada esquina
Em que queremos perceber a raiz dos nossos sentimentos e ao mesmo tempo há uma luz que nos conduz para eles
Em que não entemos os outros e ao mesmo tempo parece claro o que os outros são
Em que não sabemos para onde vamos e ao mesmo tempo se abre um caminho para nós 
Há dias assim... 
mas não são muitos 
porque é mais fácil nada fazer sentido 
porque é melhor não saber certas respostas 
porque estar aqui às vezes é duro 
porque de sentimentos complicamos se quisermos entender 
porque todos somos um mistério por desvendar 
porque todos os caminhos têm encruzilhadas, obstáculos, cruzamentos e entroncamentos
Há dias assim... 
e esses são todos, 
aqueles em que temos de dar um sentido as coisas
aqueles em que precisamos de respostas
aqueles em que temos de sentir um lugar só nosso
aqueles que precisamos de sentimentos expostos e compreendidos
aqueles em que os outros são importantes
aqueles em que nos pedem constantemente e sem rodeios
que tomemos uma decisão...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O cântico dos salmos

Levanto-me
respiro a brisa do mar
deixo o sol entrar nos meus poros
deixo a minha pele chorar de alegria
a fita do meu cabelo desprende-se de novo e o vento mostra-o
Introduzo-me
o meu sorriso projecta-se até ao céu
e o seu reflexo ilumina o meu ser
Não preciso de casaco porque é Verão
Não preciso de casaco porque TU me aqueces
Vou indo
nua
navegando nas ondas fortes da praia
com a certeza de que posso voltar a terra quando quiser
enlaço-me
E logo jorra o eu que me abraça
e logo brota o cântico dos salmos

Elevo-me
E depois saio
flutuando
voando
E tu estás à minha espera
e olhas para mim
terno
calmo
amando-me
nua e linda...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Abraço...


A fita do meu cabelo desprendeu-se
O meu interior soltou-se
Deixei-me visitar pelo eu
Abro os braços na ânsia de que venha novamente...

sábado, 27 de novembro de 2010

Está frio e eu não tenho casaco...

Vivenciei uma experiência de dor...
Estava num parque de estacionamento movimentado. É quase Dezembro e a azáfama natalícia já se faz sentir. Estacionei o carro num ponto longínquo para fugir a qualquer hipótese de ser vista ou reconhecia. Se há momento que gosto de fazer sózinha e com calma são as compras. Saí do carro sem grande vontade... está frio e não tenho casaco.
Os meus passos foram perros e desnorteados mas em breves minutos entrei no supermercado. Não estava muita gente mas logo à entrada uma pessoa me abordou - peditório do Banco Alimentar. Dei meia volta e... uma pessoa conhecida...
Fiz as compras meio desnorteada. Apesar da lista que sempre levo, apesar de nem estar muita gente, parece que de repente tinha perdido o sentido das coisas... O leite onde estará? Quero água? Sei lá em que corredor se encontra...
Quando finalmente consegui completar a lista de compras e ter o meu carrinho quase cheio pensei que tinha a missão cumprida, inclusive, dois ou três pacotes seriam para o Banco Alimentar.
Já na caixa, senti frio. Pois, está frio e não tenho casaco.
A senhora que ali se encontrava teve o profissionalismo de me arrumar as compras. Era bastante simpática aquela senhora e eu hoje não fui simpática, sei que não fui... talvez apenas educada porque a boa educação não ocupa lugar e é uma regra básica de convivência em sociedade.
À saída do supermercado lá deixei o meu contributo para o Banco Alimentar e não contive o meu pensamento nas milhares de familias que poderão passar "fome"... ou mesmo fome! E é arrepiante...
O caminho até ao carro paraceu-me mais longo.
O carrinho estava pesado, havia alguma agitação de carros e pessoas, a tal azáfama natalícia...
Coloquei as compras na traseira do carro com alguma dificuldade. As minhas mãos estavam geladas, doiam-me as costas e tinha algum sono e fome à mistura. Depois de todas no seu devido lugar voltei para guardar o carrinho das compras. E mais uma vez regressei ao carro.
Sentei-me, liguei-o e curiosamente tocou "End of may" de Michael Buble.
Nesse instante senti o frémito do meu corpo... Está frio e não tenho casaco.
Deixei-me ficar, tremendo, e depois, e sem conter, escorreram em caudal denso lágrimas grossas e pesadas sob a minha face...
Vivênciei uma experiência de dor...
Senti-me esvaziar. Senti-me sózinha...
As teclas do piano dessintonizaram e gritaram no escuro da noite uma melodia pesada, densa e muito muito ausente... Enregelei e assim fiquei...
até que minhas lágrimas secassem, até que...
Pois, para onde poderia ir...?
Está frio e eu não tenho casaco...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Atraco-me...


Atraco-me
sinto os meus pés ondulantes
navego sobre águas e areias
sem norte, sem rumo
Atraco-me
mas apenas de quando em vez
quando sei que estás ou que vais chegar
assim mesmo, lado a lado
ondulamos mutuamente
vejo-te chegar
vejo-te partir
vejo-te
olho-te
respiro-te
toco-te de quando em vez 
Atraco-me
assim mesmo, lado a lado
na ânsia que fiques e não partas
na esperança que voltes quando partes
Vais, vens,...
Escuta
consegues ouvir?
Encosta ao teu ouvido este búzio do mar
assim mesmo, lado a lado,
consegues ouvir?
Atraco-me...

A dança da lua

Movimento-me suavemente. Passo despercebida. Vou conquistando o meu espaço.

Dou pequenos passos.
Assemelho-me a uma romã rosada mas sou como o véu que te cobre.
O meu cabelo preso em rabo de cavalo quer libertar-se e esvoaçar perdido nesta noite.
Descoberto o meu pescoço, arrepia-se, no tilintar das tuas mãos pequeninas, doces e macias.
Calço sapatos de salto alto.
Inspiro a fragância da noite na sua tonalidade escura. O som dos grilos dilata-me os ouvidos.
Saio de repente cá para fora num misto de fé e de ansiedade!
A minha blusa de centim aparece incólume
Agito-me, baloiço-me
Sou brindada pelo sorriso das estrelas....

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O meu solitário

Tenho um solitário em minha casa que é perfeito. Não é fácil imaginá-lo mas posso dizer que há de vários tamanhos, cores, feitios mas o meu é perfeito...
Curiosamente esteve muito tempo sózinho, se calhar influenciado pelo seu nome mas depois fez-se acompanhar todas as semanas de uma beleza natural.
Essa beleza murchou e ele voltou a estar sózinho.
Como a companhia faz falta, arranjou uma não tão natural mas que pelo menos permanecesse com ele todos os dias...
Apenas há uns meses conseguiu encontrar o seu verdadeiro perfect fit
É uma beleza natural que apesar de não ser extremamente graciosa tem particularidades: não murcha facilmente, ganha raíz, o seu formato é em espiral e foi oferecida por alguém muito especial.
O seu nome não é importante mas hoje quero falar-te dela: Ana Rita.
Olhos doces, meigos, cor de mel, algo tristes mas brilhantes quando sorri. Cabelos castanhos claros. Silhueta franzina e baixa. Um jeito envergonhado e tímido. A voz serena, concentrada, amiga. Uma menina sonhadora... que sofreu um desgosto.
Conheci-a menina e eu fui a escolhida para participar na sua passagem a mulher. Só hoje me dou conta... Quando tive a minha primeira mestruação estava, felizmente, em casa e o meu irmão é que me alertou para o sangue que tinha nas calças do pijama! Com a Ana Rita não foi assim e eu estava lá... eu que não sou a mãe, nem a irmã, nem sequer propriamente a amiga.
Lembro-me do rosto de aflição, do receio em contar-me e de uma certa vergonha... Hoje olhando para trás se calhar podia e devia ter apoiado melhor este momento. Ana Rita perdoa-me...
Afinal estava estampado em ti, és especial e eu tinha uma missão para contigo... mas não desisti e de novo precisas de mim e eu, aqui estou!
Tu não és o meu solitário, também não és a beleza natural que o acompanha, tu és sol, és luz, tu podes brilhar. Podes ser um anjo e eu vou ajudar-te a erguer de novo as tuas asas.
Ana Rita, apesar de tudo, ainda é cedo para te cingires ao meu solitário...
Solta-te, sai da gaiola, voa, porque tu podes, tu tens asas!

Abraço querida

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Quando um dia...

Quiseste...

Agarraste o meu braço para parar
Quiseste suspender
Mas o meu coração cavalgou a tua montanha
Agarraste a minha mão para parar
Quiseste interromper
Mas o meu coração galopou o teu ser
Quiseste...
mas não conseguiste
O meu corpo devorou-te em relâmpago de prazer!
Sonhaste?
... é bom sonhar...

Quando um dia conseguir libertar-me
Quando um dia me expandir
e me exprimir assim...
alcançarei o êxtase
do meu "eu" desconhecido...

Amor, pois que é palavra essencial
Amor - pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.
Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?
O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.
Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?
Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.
Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.
E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da prórpia vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.
E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o climax:
é quando o amor morre de amor, divino.
Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.
Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.
(Carlos Drummond de Andrade)

Só estou à espera...

Só estou à espera
que ela me deixe pensar 
e que na sua fúria ondulesca se esqueça de ocupar o meu espaço
Só estou à espera
que ela me deixe falar
e que na sua magnitude sereiana se esqueça de alguém que a quer ouvir
Só estou à espera
que ela me deixe tocar
e que na sua imensidão oceânica se esqueça do meu tempo
Só estou à espera
que ela me deixe ouvir
e que na sua dilatadora presença se esqueça dos meus cantares
Só estou à espera
que ela me deixe saborear
a textura da junção que mantém a individualidade
o gosto da mistura que sustenta a diferença

  




segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Eu...

Perguntei-me por mim
Não o faço frequentementemente
Normalmente não sei de mim
Mas hoje quis saber-me se sabia de mim
Respondi-me sobre mim de forma curiosa
Disse-me de mim: "aqui estou para o que for"
Não sei exactamente se compreendo o que me disse de mim
Mas sei perfeitamente que esta luta existe
Talvez amanhã me diga algo mais esclarecedor
Talvez depois de amanhã me sinta a navegar em mim
com legenda, com mapa, com manual de instruções?
Só sei deste eu quando sei de ti
Só conheço este eu quando te conhecer a ti
Só viverei este eu quando o eu deixar...

sábado, 13 de novembro de 2010

Meu anjo...

Meu anjo
juntaste-nos outra vez
Caminhava lenta e suavemente
Quando tu o chamaste
Eu nem quis acreditar!
Caminhava veloz e estrondosamente
Quando tu me chamaste
Eu nem quis acreditar!
De novo o brilho dos teus olhos
De novo a delicadeza dos teus gestos
De novo os teus cabelos esvoaçantes
no menear da tua cabeça
De novo a pureza do teu ser...

Meu anjo
juntaste-nos outra vez
numa seia de amoras silvestres
ele pacificamente reconfortante
eu eruptivamente desconcertante
juntaste-nos outra vez
e eu prometo-te
vou amar para sempre...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Como um grande carrocel...

Queria dar-te o céu, queria mesmo
Os meus olhos elevam-se a esse azul
E sinto essa magnitude
Esse ponto extra sensorial
Queria dar-te o mar, queria mesmo
As minhas mãos clamam esse azul
E sinto essa química
Esse fundo místico
Queria dar-te o infinito, queria mesmo
E dançar, dançar
sobre as nuvens
sobre as águas do mar
sobre os braços do celeste
Lançar-me
Fluir-me
Deixar-me ir
e deixar-me vir...
Ir e vir...
Ir e vir...
como um grande carrocel...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Caminho...

Caminho
perfumada com a flor do jasmim

por entre flores brancas
que se entrelaçam no meu corpo protegido
por umas vestes largas, curtas, esvoaçantes e brancas
os meus pés despidos
o meu cabelo preso ao lado
as minhas mãos semi-nuas
a minha boca húmida
os meus olhos reflexo de luz
Caminho
em frente
na certeza deste caminho
não vejo o fim
não vi o inicio
apenas olho agora
Sou acarinhada por pássaros
Beijada por borboletas
Acariciada pela brisa
que se faz sentir de quando em vez
e me penetra os pôros dilatados da minha pele
banhada por águas de cascata
Caminho...
em frente
e na verdade sem nenhuma certeza
nem aquela que olho agora
o que vejo agora é um instante
amanhã será o inicio que não vi
e depois de amanhã poderá ser o fim que não consigo ver
na verdade não tenho certeza nenhuma
a não ser que
Caminho...
em frente...

Sinto o coração a bater...

Sinto o coração a bater
tanto...
Pois, ainda bem!
Mas não, não é aí
O meu coração não bate dentro do peito
O meu coração bate de forma apressada
quer saltar e saltou
arrisca todos os dias outros caminhos
põe-se à espera
põe-se em marcha
avança a correr acelerado e...
de repente pára!
Mas onde bate ele?
Ai, não me digas que não sabes?
Não me digas que não descobres?
O meu coração nestes momentos não bate dentro do peito
O meu coração bate mais abaixo...
Mas onde bate ele?
Ai, não me digas que não sabes?
O meu coração não bate dentro do peito
ele saiu
saiu de renpente, bateu a porta
esqueceu-se do casaco e da carteira
saiu a correr
não come
não dorme
só quer correr, sair desalvorado
ele saiu
em busca de algo
em busca de ser apaziguado...
Agarra-o!
Agarra-o por favor porque se não agarras...
Ai, não me digas que não sabes?
...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Eu sou do tamanho do que vejo

Onde você vê um obstáculo,
alguém vê o término da viagem
e o outro vê uma chance de crescer.
Onde você vê um motivo pra se irritar,
Alguém vê a tragédia total
E o outro vê uma prova para sua paciência.
Onde você vê a morte,
Alguém vê o fim
E o outro vê o começo de uma nova etapa...
Onde você vê a fortuna,
Alguém vê a riqueza material
E o outro pode encontrar por trás de tudo, a dor e a miséria total.
Onde você vê a teimosia,
Alguém vê a ignorância,
Um outro compreende as limitações do companheiro,
percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo.
E que é inútil querer apressar o passo do outro,
a não ser que ele deseje isso.
Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar.
"Porque eu sou do tamanho do que vejo.
E não do tamanho da minha altura."

Fernando Pessoa

Cheguei a ti?

Ontem não consegui dormir
a areia bateu-me no rosto
o sol queimou-me os lábios
os meus cabelos ficaram embaraçados
as minhas mãos gretaram
até jorrar sangue vivo
Ao longe pareceu-me ver-te
mas o sol toldou-me a vista
e o meu coração toldou-me a visão
adormeci...
e não consegui acordar
os meus pés em ferida
encaminharam-se para ti
rastejei na areia fina quando fraquejaram
senti a areia na minha boca, nos meus ouvidos
e em todos os buracos e orificios do meu corpo
cheguei a ti?
Ontem não consegui dormir
estive no deserto...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Liberdade!


Phuket

Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.

(Sophia de Mello Breyner Andresen)



domingo, 7 de novembro de 2010

Para ti

Para ti
que vasculhas o meu FB
os meus email's
confiante que assim me conheces,
nos conheces
Para ti
que acreditas conseguir alcançar sentimentos
com as tuas pesquisas
de génio alucinado
Para ti
que vives na busca de fragilidades
para explorar e expôr  
Para ti
com ou sem nome
que acreditas: "A cabeça dele só eu sei controlar"
Para ti
que vives este amor egoísta
que não respeita o espaço, o tempo, a vida de quem amas
Para ti
que não conheces o verdadeiro amor
o único, o puro, o infinito, o insondável, o omnipresente
aquele que sobrevive a tudo - ser mãe
A ti
faço hoje o favor
de não partilhar este comentário,
apesar de correres o risco de ele próprio o ler
já que conhece perfeitamente este blog e o seu verdadeiro autor
A ti
dedico esta bonita música de João Pedro Pais:

Conta-me histórias de tempos
A que eu gostaria de voltar
Tenho saudades de momentos
Que nunca mais vou encontrar
A vida talvez sejam só 3 dias
Eu quero andar sempre devagar
Até a ti chegar

Ninguém é de ninguém
Mesmo quando se ama alguém
Ninguém é de ninguém
Quando a vida nos contém
Ninguém é de ninguém
Quando dorme a meu lado
Ninguém é de ninguém
Quando fico acordado vendo-te dormir

Um raio de sol através de um vidro
Faz-me por vezes hesitar
Na vontade de estar contigo
Melodia paira no ar
Paira no ar

Ninguém é de ninguém
Mesmo quando se ama alguém
Ninguém é de ninguém
Quando a vida nos contém
Ninguém é de ninguém
Quando dorme a meu lado
Ninguém é de ninguém
Quando fico acordado vendo-te dormir

Preciso de ti...

Não sei de mim...
Não sei de mim porque não sei de ti...
Preciso de ti...
Preciso de amar...
Preciso encontrar-te...
No abraço
No olhar
Nas palavras não ditas
No sorriso
Procuro por ti incessantemente
E não descanso
Habito um corpo efémero que não me larga
Que não sabe para onde ir
Que não me deixa fazer o que quero
Preciso de ti
Muito mais do que preciso de mim...
Existo para lá do meu corpo
Porque tu existes em mim
Preciso de ti...

sábado, 6 de novembro de 2010

Amar...

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distração animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
Alberto Caeiro (Fernando Pessoa) - O Pastor Amoroso
 
 

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Vou...

vou
na calada da noite
na frescura da humidade da terra
no uivar dos lobos
na sombra esguia da lua
no eco da batida
do teu coração
e na fusão do meu palpitar


vou
no silêncio da madrugada
na frescura dos campos verdes
no cantar do galo da manhã
na luz dos primeiros raios de sol  
no eco da batida
do teu coração
aguardar a tua chegada
de menino tímido mas crente
e receber de tuas mãos
o néctar perfumado do teu ser...  

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Estou feliz...

Duas pequenas palavras
de forma natural, genuína, expontânea 
Irradiaram luz
como raios de sol
como pétalas de estrela
como gotas de lua 
E acenderam 
a mais densa calma,
a mais crente certeza,
a mais profunda felicidade, 
que só o rasto do amor circunscreve.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Regresso do sol

Sobrepôr a minha mão na tua
Sentir a tua sobreposta na minha
Erguer uma torre,
como dizendo: é nosso  

Subir ao ponto mais alto 
Sentir a tua presença na minha
Erguer os meus olhos 
como dizendo: preciso de ti

Inspirar fundo 
Sentir-me tua  
Erguer-me 
como dizendo: olha amor, o sol regressou!

O meu nome dito por ti...

Queria ouvir o meu nome, agora, dito por ti
Queria que me chamasses, agora...
Tenho saudades, de todas as vezes em que o meu nome foi dito por ti
Tenho saudades que me chames pelo meu nome
Agora são poucas as vezes em que o ouço,
E não quero pensar que amanhã será ainda mais raro
Não sei como preencher este vazio
A ausência do meu nome em ti
Agora são poucas as vezes em que o ouço,
E não quero pensar que nunca mais o vou ouvir...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Mal-me-quer, Bem-me-quer...

Às vezes gostava que o tempo parasse.
E que nessa paragem desaparecessem, ainda que por momentos, as minhas obrigações, os meus afazeres, as minhas solicitações.
Uma paragem em que sentisse liberdade no tempo, no espaço, nas pessoas, nos encontros e desencontros,...
E gostava que parasse para ti também. Uma paragem mútua e em uníssono.
Quando o tempo não pára, não me sinto livre nele mesmo, nem nos espaços, nem nas pessoas, nem nos encontros e desencontros,...
Não sou livre de optar porque o meu tempo não pára...
E gostava que parasse... e que parasse para ti também...
Serias livre de optar e eu perceberia se optarias por mim...
Quando o tempo não pára, não sinto se optas livremente por mim ou se eu te sou imposta, se eu me imponho a ti...
Mas não consigo parar o tempo... e na marioria das vezes o que quero mesmo afinal é que ele corra!
Se ele correr eu vou atrás, na esperança de...
... de que optes por mim, de que queiras estar comigo, de que queiras ouvir-me, de que queiras ver-me...
Se o tempo ficasse agora estático e parado eu não te teria...
... porque não estás aqui e também não sei que opção tomarias...
Na maioria das vezes, quero que o tempo corra para ti,
mas sinto falta
do teu tempo a correr para mim...
Em menina conseguia parar o tempo desfolhando um mal-me-quer, bem-me-quer...
Sabia que naquele instante era livre de conseguir quem me quisesse bem. Contava as pétalas do mal-me-quer e só desfolhava aquele que sabia que ia dar em "bem"!
Hoje já não sei quantas são as pétalas... por isso opto, no tempo que corre e que não consigo parar, por não desfolhar o mal-me-quer, bem-me-quer...
Agora já sabes onde me levar
Agora já sabes onde o sonho me pode levar
A menina de olhos esverdeados e sardas ensina-te o caminho...

Yasamin

Estou a tentar abrir os olhos, sinto uma luz projectada sobre mim, não sei de onde vem, não sei onde estou.
Tapo os olhos da maneira que posso de modo a que consiga habituar-me a esta luminosidade. Ainda assim setas de luz perpassam para o meu rosto e sinto um calor desconhecido.
Apercebo-me neste instante que estou deitada e que sinto por baixo de mim umas rogosidades.
As minhas narinas são seduzidas por um aroma que me é familiar, não encontro a nascente deste rio mas sinto-me inebriada...
Decido movimentar-me, tento abrir os meus olhos mas a luminosidade permanece arrepiante. Tacteio, a minha mão esquerda não consegue exactamente decifrar.
Permaneço deitada.
Lentamente instala-se dentro de mim um aroma fortemente adocicado e quase me sinto desfalecer. Será assim o estado hipnótico? Quero concentrar-me para tentar compreender, mas não consigo focar-me.
Que desconhecido é este? Que coisa é esta que me inebriaga?
Sou interrompida por uma sonoridade... perfumada, arrepiante, eléctrica! Todo o meu corpo responde a este estímulo acutilante, enérgico e... upa! Ergo-me!
Ouço tambores, ouço flauta, ouço cítara, apetece-me flutuar, apetece-me dançar!
E páro... páro estarrecida! Não compreendo o que os meus olhos veêm... que branco meu Deus, que branco, que luminosidade, que brilho, que até a minha mácula se confunde. E este branco reflecte-se...
- Yasamin! Yasamin! Ouço alguém chamar alto.
Yasamin? Que língua é esta? Latim? Mas onde afinal eu estou?
Não reconheço este lugar... não reconheço ninguém!
- Ai!
Grito!
Sinto um puxão nas minhas calças e de imediato olho para baixo.
Vejo uma linda menina de olhos esverdeados. Ela estende-me uma flor e repete: 
- Yasamin
Aceito a flor e ela foge.
- Espera!
Mas não... Uma linda menina de olhos esverdeados e sardas, foge de mim depois de me ter dado aquela bela flor, a mais bela flor... Yasamin.
O meu coração está a galope, quer saltar-me do peito!
Todo o meu corpo é uma multidão de estímulos!
A minha mão esquerda sobe até ao meu rosto corado e quente e tenta acalmar a minha tez. Ouço de novo aquela flauta, aquela cítara mas passou o turbilhão dos tambores.
Não quero acordar agora...
Viro-me... pela primeira vez viro-me...
Que belo... Inesquecívelmente belo... reflectido em mim.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Encontro-me...

Estou aqui, onde mais poderia estar?
Estive lá, onde mais poderia ter ido?
E voltei de novo para aqui, onde mais me poderia encontrar?
E voltarei para lá, ou para outro qualquer lugar
Para me encontrares basta quereres...
Eu fujo? Não... Eu só fujo de mim...
E tu, foges?
Eu sei que sim, foges para o monte das oliveiras como Cristo. Fica em Paz, lá, ninguém, nem eu te podem encontrar, só tu te encontras, assim como eu me encontro agora aqui...

domingo, 31 de outubro de 2010

Gosto de cozinhar. Ultimamente tenho-o feito pouco mas não deixo de o fazer. A minha mente fica ocupada e inunda-se de cheiros e sabores.
Invento e reescrevo frequentemente e na maioria das vezes com ingredientes e auxiliares básicos.
Na verdade o essencial de cozinhar é o de sempre, o prazer que daí se retira, o prazer que eventualmente se possa proporcionar.
Hoje estavas a observar-me, sim tu estavas lá a observar-me e acredita que não gosto mesmo nada que me olhem quando estou neste processo criativo! Mas deixei-te ficar. Estavas sereno, sorridente, espectante... Esperaste com calma o desenrolar da minha "obra prima".
Não sei o que poderias estar a sentir mas tenho a certeza estavas a observar-me e foi muito bom...
Sabes sinto tanto a tua falta que até pela porta da cozinha tu me entras... Ou melhor, tu não entras, tu estás sempre cá...

Piano...

Magnífica melodia...
Enleio-me nas teclas daquele piano
E deixo-as tocarem-me... O corpo, a alma, o espírito!
"Achas que o piano fica bem ali?"
Acho...

sábado, 30 de outubro de 2010

A espera...

Partilhaste comigo um acontecimento triste... alguém que perdeu o seu amor
E igualmente me revelaste algo supremo...
Não entendi o alcance desta ligação sequencial... o acontecimento triste, a revelação da alma...
Mas... estavas a falar de ti nos dois momentos...
Na verdade todos nós somos um misto de extremos 
escuro e claro
silêncio e turbilhão de palavras
rosto sério e a sorrir (?)
Eu preferiria ser sempre
a luz
o turbilhão de palavras
o sorriso
mas não consigo...
porque não o consigo sózinha.

Vou ter um encontro
e estou nervosa.. mas ao mesmo tempo calma
Não sei o que vou dizer... mas ao mesmo tempo não estou preocupada
Será um encontro... importante
Esclarecedor? Talvez
Focado no meu ser? Espero que sim
Decisivo? Não creio...
Como em qualquer outra situação da minha vida
Deixarei o meu coração falar
Se for isso que ele sentir que quer
e sei que se ele sentir 
terá muito a dizer
mas também sei
que independentemente do que encontrar
o meu coração, é o meu coração
e é ele que fala, é ele que sente, é ele que vive em mim,
E é ele que sente a tua falta!
Em todos os momentos em que não te sente
em todos os momentos em que não te ouve
em todos os momentos em que te não te vê...

Nesses momentos
ele prefere o silêncio
a calma
o entardecer...
simplesmente porque espera... espera... espera...
espera ansiosamente!
E sabe que a sua espera tem sentido
e sabe que a sua espera traga ou não te traga a ti
queiras ou não queiras vir...
a sua espera... lhe reconforta eternamente a alma...!

Esqueci-me... não me esqueço mais!

Estou a olhar para mim, não, não me enganei estou mesmo a olhar para mim. Agora de vez em quando faço isso. Dantes raramente o fazia e até há bem pouco tempo quase me ia esquecendo de mim...
Esquecia-me de me dizer bom dia,
Esquecia-me de me olhar
Esquecia-me de me sorrir
Esquecia-me de me permitir algum tempo a sós
Esquecia-me de me ter no meu espaço

Esquecia-me...
Mas não me esqueço mais porque tu não me fizeste esquecer
Porque tu não me fazes esquecer
Porque tu não me farás esquecer mais
Ensinaste-me a olhar para mim
A procurar o meu "eu"
E a querer estar com ele e dar-lhe espaço nem que seja por uns momentos
Ensinaste-me a sorrir para mim e o sorriso que tenho de volta é maravilhoso...!
Ás vezes sim não estou lá mas é mesmo como se estivesse...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Bom dia!

Um Bom Dia começa com um bom café da manhã
tomado tranquilamente
saboreado
com tempo, com calma, 
Um bom café da manhã 
que estimule não só o paladar
mas também a visão, o olfato, a audição, quiçá o tacto
Impossível?
Não, não é, e pode fazer milagres ao nosso dia
que nem sempre desperta sorridente. 

Dar espaço a um bom café da manhã
Dar lugar a esse sabor 
aproveitar os cheiros 
sentir as texturas
dar asas à audição 
e deixar o tacto falar... 
São o início perfeito para o dia
ainda que se preveja cinzento, nebuloso, tristonho. 

Perder algum tempo num bom café da manhã
é sem dúvida ganhar um Bom Dia
seja ele partilhado fisicamente com alguém
ou simplesmente desfrutado na presença do imaginário.

Dar tempo a um bom café da manhã
Sem esquecer de dar graças 
é abrir de par em par as janelas do nosso ser
a um bom, esplendoroso e luminoso dia!

 

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Eu sou assim?

Perfil da mulher do signo Caranguejo
de 22 de Junho a 22 de Julho
Nenhuma mulher consegue ser mais apaixonada, romântica e devotada ao parceiro do que a nativa do signo Caranguejo!
  
Ela estará sempre a sufocá-lo com beijos apaixonados ou a envolvê-lo num abraço quente e fogoso! Carinho e atenção nunca são poucos quando se trata de agradar ao seu amor.
 Nos dias frios, ela cobre as suas pernas com um cobertor deita-se ao seu lado para ver televisão. Quando sente que o seu companheiro está triste, fará de tudo para agradar-lhe, e não faltarão palavras de incentivo e encorajamento. Poucas são as mulheres deste signo que
costumam reclamar dos maridos ou namorados. Não que elas achem que são perfeitos ou que sejam cegas para os seus defeitos! Elas simplesmente
preferem guardar os defeitos dentro de quatro paredes e exaltar as qualidades.
  
Se ela  criticar o seu parceiro é porque está muito magoada e ferida.  
Quando estão apaixonadas, as mulheres deste signo costumam falar de seus amados a maior parte do tempo.
  
Há duas maneiras distintas pelas quais costumam agir quando estão apaixonadas. Na primeira, ela é tímida, delicada e feminina. Na segunda, é mais ardente directa e agressiva. Nestas alturas fará tudo para conquistar o seu homem, não medindo esforços para agarrá-lo. Esqueça menina tímida e comportada quando ela resolve atacar.
  
Ela vai parecer mais uma leonina do que uma nativa de um signo da lua.

Existem algumas coisas que jamais devemos fazer: odeia ser criticada, fica profundamente magoada com a ingratidão e não suporta ser repelida. As feridas criadas por um amor que acabou podem deixá-la tão deprimida que levará anos para esquecer totalmente o que aconteceu. Esta mulher entrega-se por completo, dedica todo o seu amor sem limites, faz qualquer sacrifício para ficar ao lado de quem ama, e não suporta a dor de uma perda sem sentir que acabou de perder uma parte de si.

Também não leia o seu diário ou vasculhe as suas coisas em busca de segredos. Ela gosta de guardar segredos e não é muito de fazer confissões. Para ela, segredos são segredos e não devem ser mostrados. Para tirá-la do sério, basta invadir a sua intimidade.
  
Ela é muito ciumenta e possessiva.

Nunca brinque com seus sentimentos se quiser viver em harmonia e não
ganhar uma inimiga. Apesar de parecer inofensiva, pode ser muito pior que a mulher do signo Escorpião quando se sente traída! Ela pode perdoar muitas coisas, mas a traição não é uma delas. Todo aquele amor morre e se transforma em ódio da noite para o dia!
  
Esta mulher quase sempre costuma preparar-se para o pior: se o dia está claro, ela já imagina se uma tempestade está por chegar.

Preocupantes são também as suas crises de depressão. Ela pode ser linda e maravilhosa, ter um rosto e um corpo fantásticos, mas mesmo assim não será raro presenciar uma de suas crises onde se julga gorda e velha! Quando as coisas não acontecem como ela quer, pode derramar rios de lágrimas, mas a sua atitude mais comum é cruzar os braços e aguardar que as coisas voltem ao normal.

A paciência é uma das suas virtudes mais admiráveis. Porém, se a sua depressão for muito profunda, tem que arranjar maneira de a tirar do buraco. Se palavras de carinho e incentivo não resultarem, experimente dar um berro ou um murro na mesa… verá que ela reage! É provável que fique com raiva o dia todo, mas é melhor do que vê-la amuada durante todo um ciclo da lua minguante! Mas não se deixe enganar por esta mulher que muitas vezes parece ser frágil e carente.
  
Ela sabe muito bem cuidar de si mesma e pode ser tão forte e determinada quanto uma mulher do signo Carneiro! A mulher nativa deste signo nunca é fraca, mas gosta de fazer um papel de donzela. No fundo é uma guerreira e uma vencedora nos momentos em que tem que enfrentar o mundo! Muitas pessoas que pensam que podem vencê-la facilmente acabam tendo uma péssima surpresa ao deparar-se com uma mulher fria, forte e determinada! Se ela joga é para ganhar!

Ela jamais se deixará abater quando as coisas ficarem realmente más e parecerá mais um rochedo do que uma donzela frágil. Se algo ameaçar
os filhos ou aqueles de quem ama, ela fica uma fera pronta para enfrentar o mundo!
O seu afecto e compreensão sempre serão a força revigorante que todos precisam quando estiverem deprimidos ou fracos. Ela sabe como ninguém levantar o moral de alguém, pois conhece todos os caminhos que levam à alma.
 
Outra coisa que as nativas deste signo possuem é magnetismo, uma
beleza que enfeitiça o mais duro coração.

Costumam ser belas por natureza sem precisar de muitos artifícios ou truques femininos. Por mais bonita que seja, o seu rosto sempre será mais evidente do que o corpo porque  irradia imensa luz. Por ser um signo de água e regida pela lua, sempre ficará mais bela sob os raios da lua cheia. Quando um homem fala sobre a sua beleza, nunca saberá explicar se é exterior ou interior. Afinal, o que pode ser mais belo, um corpo deslumbrante ou uma alma de Deusa?

A sensação da leveza...

No teu abraço

No teu abraço
a calma, a paz, a tranquilidade
venha cedo, ou tarde
venha repentinamente, ou em sossego
No teu abraço
o alento, a força, a energia plena
venha de dia ou de noite
venha vulcanicamente ou em suavidade
No teu abraço
de Rei, de Príncipe, de um Deus
encontro o meu porto seguro
encontro o meu lar
encontro o meu eu...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Preciso de ti!

Preciso de ti... Tu sabes que sim!
Por isso... Ficas comigo?
Preciso de ti... Não fujas!
Se fugires... vou procurar-te!
Só desisto se me pedires...
Por isso... Ficas comigo?

Só...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Posso ter defeitos, viver ansioso
e ficar irritado algumas vezes mas
não esqueço de que minha vida é a
maior empresa do mundo, e posso
evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale
a pena viver apesar de todos os
desafios, incompreensões e períodos
de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e se tornar um autor
da própria história. É atravessar
desertos fora de si, mas ser capaz de
encontrar um oásis no recôndito da
sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã
pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios
sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma
crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir
um castelo…


Fernando Pessoa

Pelo sonho é que vou...

"Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos,
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e do que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos."
(Sebastião da Gama)

"A vida não é feita de sonhos"?
Não...?
Eu não vou desistir de sonhar
Assim como não desisto de amar
Sou como sou porque sonho
Sou como sou porque amo
Sou como sou porque o meu amor por ti é maior que o meu amor por mim
E sou... sonho...
E sou... amor...
Recomeço sempre que chegar ao fim
Levanto sempre que cair
Construo sempre que nada existir
Não posso, não quero, acreditar que não existe!
Pelo sonho é que vou...
e por isso vivo nele
e por isso ele me conduz
e por isso em nome dele faço tudo
tudo aquilo que possa fazer
tudo aquilo que o sonho me permitir
tudo aquilo que o meu amor ditar
tudo aquilo que equilibre as partes dissonantes
e me faça continuar a sonhar
e a amar incondicionalmente...