sábado, 28 de abril de 2012

Coragem

É assim que fico sempre que tu vais... a minha voz desaparece... fico quase sem conseguir respirar... apetece-me sempre ficar sózinha... e procuro o canto mais escuro do Mundo para chorar... Nunca conheci amor maior... e também não conheço dor maior...
Entrego-te ao Mundo e a Deus... e quando enfim me liberto, sózinha, de todas as minhas lágrimas, foco-me no teu sorriso lindo, nos teus carcóis dourados ao sol, no teu abraço pequenino mas tão apertado, no teu olhar maroto e na tua voz... naquela vozinha linda que me diz "Adoro-te mamã, és linda"
...
Nestes instantes de vazio... peço perdão... perdão por todas as vezes em que não fui uma boa mãe e faço sempre a mesma promessa... "Quero ser feliz filha, pois sei que se for te ajudarei a ser também..."
E é então, que junto com o meu pedido de perdão, agradeço a Deus a maior benção da minha vida... ser mãe!
Sei que nesta caminhada de aventura, falharei muitas vezes... mas no final só precisarei de uma coisa, que me ames sempre pelo que sou e que eu tenha a força, a coragem e a abertura de coração para te amar sempre e para sempre como tu escolheres ser.
Quero muito nunca te fazer sentir o que sinto hoje... que falhei como filha porque não encaixo no padrão... mas se fizer isso, que tenhas a coragem de fazer o que ainda não tive: acordar-me!
Dizer-me abertamente, que acima dos padrões, está a nossa felicidade!
E do vazio, do escuro, da solidão... quero e vou gradualmente caminhando para de novo ver a a beleza do teu rosto, o brilho dos teus olhos e a beleza maravilhosa de um amor único e transcendente como é o nosso!
Amo-te minha querida T
Deus te abençoe e esteja sempre contigo filha...   

Enquanto...

Enquanto o sol envergonhado decide se irrompe ou nao por entre as nuvens 
Enquanto os pássaros voando livremente decidem que melodia cantar 
Enquanto as nuvens persistentes decidem se se coloram de branco ou negro 
Enquanto a criança alegre decide que brincadeira quer fazer 
Enquanto por esse Mundo fora tantos adultos decidem se fazem bem ou mal 
Eu, não tenho nada a decidir
Apenas deixo fluir nesta manhã
A paz que serenamente me inunda 
E o amor, a paixão, o desejo, o fulgor que meu ser se permitiu conhecer... 

Abraço apertado...

quinta-feira, 26 de abril de 2012

O que vejo...?

Sombras?
Realidade?
Sol?
Interrogo-me...
Interroguem-se também!
De vez em quando é bom parar e pensar.
O que vejo...?
E então percebemos que há coisas que deliberadamente não queremos ver, outras que vemos muito bem e outras ainda...
Aquelas que não vemos
Mas que só saberemos que não vemos no dia em que passarmos a vê-las ou a querer vê-las...
Ou há outra forma de perceber o que não vemos?

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O teu perfume...

Naquela manhã fresca de Outono, perfumada pelo cheiro da terra molhada, é o verde que sobressai aos meus olhos.Vejo na transparência do orvalho da manhã, por entre rasgos entrecortados pelos ramos das árvores, o reflexo de uma tela de cores brilhantes.Caminho tranquilamente sobre folhas que o tempo coloriu de amarelo-torrado, laranja e castanho e chego ao lago. Sento-me a observar a tranquilidade das águas que esperam ansiosamente o romper total do sol e é então que sinto a presença transcendente do Pai e o abraço de um arco-íris brilhante.
Esperam-me sorrisos, gritos de alegria, conversas eufóricas e cruzadas, a rebeldia enérgica da juventude, ansiedades, mistérios, surpresas e o tom prata daquelas águas!
E enquanto não vêm, penso nos tantos sonhos que nascem, florescem, se ligam e interligam, sonhos que são também os meus. Eu, que um dia, ajudei a dar corpo, alma e espírito ao maior sonho de todos... a Felicidade!

terça-feira, 24 de abril de 2012

Eras tu...

Sei que eras tu...
Não te vi
Não te ouvi
Mas sei que eras tu...
E naqueles escassos segundos... pude sentir a tua presença...
Sei que eras tu...
E por saber e sentir que eras tu
Disse: - Quem fala?
Mas tu não falaste...
E não precisavas...
Porque eu sei...
Eras tu...

domingo, 15 de abril de 2012

Alma virgem...

Não foi nas margens do rio pietra que eu sentei e chorei como no livro de Paulo Coelho. Na verdade não chorei e o meu rio é o Tejo A sua cor, as suas margens, a sua densidade... é como se mergulhasse nele de todas as vezes em que especada olho para ele Trato-o por "tu", é isso E vejo-te dentro dele, tal como eu... Caminhas para mim serenamente... como se teu corpo não pesasse e a tua alma fosse virgem. Sorris suavemente para mim e é então que é como se a tua mão percorresse todos os caminhos do meu rosto Afagas-me o cabelo e eu fecho os olhos... não é dor o que eu sinto, é paz... e saudade... A noite começa a baixar silenciosamente e só agora reparo que a luz do dia, a luz da natureza, da lugar à luz amarela artificial do candeeiro Tenho de ir... Irei sempre... sempre que a paz deixe de estar presente ... sempre que o natural der lugar ao artificial... ... sempre que deixar de ser eu... Porque contigo só quero ser eu... e não há lugar para mais ninguém...

terça-feira, 10 de abril de 2012

Voar...

Nunca tinha percebido o quanto a saudade pode ser diferente... pode ter várias formas... o quanto ela pode doer ferindo ou não... o quanto ela pode ser dilacerante mas tranquila... Nenhum outro povo no Mundo consegue traduzi-la como nós... mas no sentir... se calhar todos conseguem entender isto...
A saudade... pode ferir tanto... mas ao mesmo tempo ser calma... ser tranquila... raras vezes fará sorrir...  mas ainda assim, pensar nela pode ser fonte de felicidade porque raras vezes estará associada a algo que não gostemos.
Pois é... a saudade é sempre de algo que gostamos... que amamos... e então pensar nela é pensar nesse algo... pessoa, momento, coisa...
É mais forte em nós se for uma pessoa... e se associada à pessoa estiverem momentos... e se coisas nos reportarem a esses momentos...
E é então que um nó na garganta se começa a formar... e que retraímos as nossas lágrimas... se estamos a pensar na pessoa... no momento... e nessas coisas que nos reportam à pessoa e aos momentos, porquê chorar?
Mas são as lágrimas que teimam em cair...
A saudade não está associada a algo que não gostemos e no meu caso... bem...
O meu caso não foge a nada do que pensámos até aqui...
...
É de manhã... acordei tão cedo...
E tu também... vieste à minha varanda e cantaste uma melodia suave para mim...
O meu pássaro azul...
Então porquê chorar...?
Vieste e foste... voaste... e sempre foi assim...
E sempre ficará a saudade...
Pensei que poderia proteger-te de tudo...
Pensei que poderia estar sempre lá...
Pensei que poderia ser aquilo que ninguém conseguia...
E na verdade... não...
Deixo-te voar sim... na verdade... quer eu deixe quer não... tu sempre voaste...
E em mim sempre ficará a saudade...
De algo bom... de algo tranquilo... sereno... e suave....
mas que sempre me fará chorar...
... porque à tua partida... sempre o bater forte da saudade me impedirá de sorrir...
e só a imagem do teu sorriso...
e do brilho dos teus olhos...
e da tua voz...
...
me poderão fazer trazer de volta... o meu sorriso...

Tenho tantas saudades tuas... tantas... Dorme bem meu amor...

domingo, 8 de abril de 2012

Nada é por acaso...

"Aquilo a que chamamos acaso não é, não pode deixar de ser, senão a causa ignorada de um efeito conhecido." Voltaire

"A nossa vida é toda ela feita de acasos. Mas é o que em nós há de necessário que lhes há-de dar um sentido." Vergílio Ferreira 

Esperança...

Une-nos e liga-nos a fé
A crença em algo mais
A certeza de uma força que conduz nossos passos,
que nos ampara quando fraquejamos,
que é a nossa alegria
que é a nossa sintonia ao sentido transcendente dos sentidos
e ás mil e uma respostas, sinais e confortos da natureza...
Une-nos e liga-nos o vibrar do coração
na busca de algo mais,
na busca da plenitude,
da eternidade...
Une-nos e liga-nos a certeza do acreditar...
acreditar que tudo o que quisermos pode ser possível,
porque o amor de Deus nos deu o livre-arbítrio mas também o ombro amigo, calmo, sereno e compreensivo...

Resta-me a esperança...
de que a Paz volte a inundar o meu ser...
e seja possível voltar a sentir a plenitude que faz flutuar
na dimensão única do amor...

sábado, 7 de abril de 2012

Hoje lembrei-me de ti...

Hoje lembrei-me de ti... e só te vi uma vez e foi há três anos atrás. Não sei o teu nome, não sei a tua idade, não sei onde moras nem com quem, não sei os teus gostos e preferências, não recordo nenhum traço fisico teu em particular a não ser o teu cabelo ruivo, não sei dos teus sonhos, nem das tuas alegrias ou tristezas... e no entanto... estiveste comigo no momento mais feliz da minha vida...! 
Lembro-me da expressão do teu rosto, sem me lembrar dos teus olhos, nem da tua boca, nem do teu nariz, nem de nada mais físico em ti... lembro-me da tua surpresa acompanhada da mesma expressão facial e, no mesmo instante, da tua exclamação "está pronta".
Ficaste agitada logo a seguir, nem olhaste para mim, mas privaste comigo um momento muito íntimo... Foste a única mulher que me penetrou...
E depois de tantas horas de espera... e de tanta ansiedade... e de tanta gente a mexer-me... os teus dedos delicados fizeram a diferença... foste meiga... foste calma... fizeste-o lentamente... e apesar de a seguir te teres agitado... e mesmo que para ti eu tenha sido só mais uma... foi especial para mim...
E depois de ti... só um homem o fez da mesma forma...

Hoje lembrei-me de ti... e passados três anos foi a primeira vez que me vieste à memória mais intensamente... Naquele dia, há três anos atrás, fizeste-me esquecer tudo e todos... naquele momento, só te queria a ti a meu lado... Foste tu que me agarraste na mão... foste tu que me segredaste... foi a ti que ouvi em primeiro lugar depois do grito de vida da minha filha! As tuas poucas mas suaves palavras entraram em mim intensamente... desliguei para o resto do Mundo...
E depois de ti... só um homem o fez da mesma forma...

Nunca mais te vi... nem mesmo naquele mesmo dia, passadas algumas horas, ou nos dias em que lá estive... quis saber de ti, quis perguntar por ti... mas... não sabia o teu nome, nem a tua idade, nem onde moravas ou com quem, não sabia os teus gostos e preferências, nem recordei nenhum traço fisico teu em particular a não ser o teu cabelo ruivo e os teus dedos da mão direita... delicados... finos... mas como reagiriam todos, se eu, uma recém mãe, perguntasse pela enfermeira de dedos finos e suaves e cabelo ruivo?
Estás no meu coração... mesmo que não te veja há três anos e só te tenha visto uma vez.
Percebi que hoje me lembrei de ti mais intensamente porque te dei um nome... Sónia. Estava dentro de mim mas só hoje percebi... Não me perguntes porquê este nome. Foi o nome que senti e eu nem gosto particularmente dele. Mas é o "S" que nos liga... só pode ser o "S"...
E depois de ti... só um homem o teve da mesma forma...

Obrigada por tudo Sónia...
Pela minha filha que nasceu rápido e sem sofrimento, nem para mim nem para ela, porque tu estavas lá... e pela ligação das pontas do "S"...
Desvendei o maior mistério da minha vida... porque depois de ti...
Só um homem mo fez sentir da mesma forma... 

quinta-feira, 5 de abril de 2012

De pernas para o ar...

Hoje perdi-me... perdi-me mesmo... não, não estou a falar daquelas vezes em que me perco em mim. Em que meus olhos se fixam no espaço, em que meus ouvidos se enclausuram do Mundo, e em que meu corpo aparantemente estático na verdade flutua... Não, não é isso.
Hoje perdi-me... perdi-me mesmo... ia no carro e de repente... foi como se estivesse noutra cidade, noutro País, noutro Mundo...! Percorri duas vezes a mesma estrada em sentidos diferentes, dei em rotundas voltas desnecessárias... perdi a rota... perdi o rumo... perdi-me mesmo...
Ia de carro sim, já escrevi isso não já? Pois... e sim era de dia, foi o que me salvou... havia trânsito e os carros buzinaram muito... Eh pá senti-me de pernas para o ar mas acho que isso me despertou!
E finalmente fui parar onde acho que queria ir... Digo acho porque, como já vos disse ontem, a maior certeza que tenho é a incerteza portanto, como posso ter certeza que era ali que queria ir?

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Vento...

"A melodia transporta um sentido próprio que preenche os momentos, que os harmoniza" Ou não... Esta que ouço Que habita agora na minha cabeça Nos meus sonhos Nos meus pensamentos Esta grita-me! Esta rebenta com o sentido dos meus sentidos! E sabem porquê? Porque naquela noite Saí à rua sozinha, descalça, quase sem roupa Mas nada disso importava se fosse para vê-lo Saí à rua...? Confundo-me... Já não sei se saí ou não saí Ou se dormi Ou se acordei Ou se simplesmente não sei e talvez neste saber a incerteza seja a maior certeza Mas lembro-me daquele ruído imenso que agora transporto em mim Lembro-me da dor de o ouvir Da dor de o suportar Aquela zoada... aquele remoinho crescente como um calor que cresce em hora de tesão violenta! Um ruído cada vez maior, cada vez mais intenso, cada vez mais audível! Eu não tenho momentos para preencher, Então porque é que esta melodia me persegue...?

vai passar Isabel...

sem explicação...

domingo, 1 de abril de 2012

Cristais coloridos

As gotas cintilantes desta manhã
Bateram suavemente na vidraça da minha janela 
E à sua melodia ritmada
Fui despertando para um novo dia 
Sinto-as quentes, brilhantes e finas 
Quase como cristais
Que nas minhas mãos vão repousando 
Reflectindo as cores vivas do arco-íris
O laranja devolve-me o sorriso 
O azul o conforto 
O amarelo a alegria 
O vermelho a paixão 
O lilás a perseverança 
O verde a esperança 
O anil a fé...
Permaneço repousadamente 
Sorvendo o cheiro da terra molhada 
E deixando que cada pequeno cristal role pelo corpo despido 
Despido das agruras da vida 
Despido das duvidas, dos "ses", dos "talvez"
Despido do negativismo
Despido dos medos 
E pleno da leveza, da pureza, da liberdade do linho branco que dos campos brotou...!