sábado, 16 de outubro de 2010

Não sei fazer o luto de ti...

Era noite... a noite neste caso foi a minha cúmplice.
Conduzia de tal forma nervosa que não sei descrever exactamente o caminho que percorri.
Mas sei que a estrada estava escura e que em determinada altura pareceu-me ver um vulto a meio caminho gritanto para que parasse.
Não parei... eu não queria parar...
A lua parecia no céu uma unha encravada e não havia estrelas
Guiei o meu carro até à rua que sabia que era a tua mas àquela hora da noite, com os nervos a cegaram-se, o coração a secar-me a boca e o suor a fazer-me escorregar as mãos... não sabia exactamente onde estavas.
Passei por um grupo de rapazes que falavam alto e, à parte isso, ao entrar na rua que sabia que era a tua, nada de anormal me pareceu estar a acontecer.
Segui devagar com o meu carro, estacionei junto dos outros carros e lá estava...
Por momentos senti como um nó, um calor inexplicável, a cabeça estonteante e por breves segundos fui transportada para uma dimensão entre a terra e o céu.
...
Estava na rua que sabia que era a tua, dentro do meu carro, a escrever para ti... que felicidade...
Nesse instante não pensei em mais nada... apenas em escrever para ti...
A tremura apoderou-se de mim, a falta de ar toldou-me todos os sentidos, tinha de recuperar do meu estado de transe...
Revisitei a minha vida, revisitei a tua vida... mas pus de lado tudo e todos... deixei falar o passarinho longomel...
Estás no teu cabo apertado, com uma parede de cor e as restantes por pintar e eu entrei nesse cubo por uma pequena fresta...
"Afinal a loucura é infelicidade?
A patológica não sei...
Mas a loucura da vida,
A loucura em que o sonho nos faz brilhar os olhos
A loucura em que a criança se liberta dentro do nosso ser
A loucura em que o sorriso desabrocha em ternura....
Não....
Essa não é infelicidade, 
Mesmo que lhe chamem conto de fadas,
Mas se essa loucura respeitar o próximo,
Se essa loucura fizer nascer uma multidão de bem estar,
Será maravilhosamente felicidade....."

A euforia apoderou-se de mim, a rebeldia revolveu minhas entranhas, guiei vorazmente, saí da rua que sabia que era a tua e segui sem destino. Depois parei... sai do carro e comecei a andar e depois a correr.
Senti o fresco da noite na minha cara, todos os pôros da minha pele se encheram desse odor
O meu pico foi o meu êxtase e o meu deleite o teu sinal...
"O maior amor de todos"
...
Hoje voltei à rua que sabia que era a tua.
De novo as mesmas sensações, de novo a mesma euforia, de novo a mesma loucura!
Será que lá fui mesmo?
Um dia... destes vão unir-se
o corpo e a mente
"porque o corpo não é corpo sem mente
e a mente não é mente sem corpo"
E... "Receber um beijo,
É muito melhor do que se imaginar"
Quero muito que esse beijo seja o meu...

Hoje voltei à rua que sabia que era a tua
E espero que tenhas gostado...
Mas será que posso continuar...?
No fundo sei que tenho que deixar-te ir...?
E se calhar o teu silêncio de hoje
a contrastar com a explosão de ontem
revela que tenho que deixar-te ir...
Na minha loucura, patológica ou não,
continuará a haver espaço para o sonho
continuará a haver espaço para o amor
ainda que o corpo não esteja com a mente
e a mente não esteja com o corpo
e por isso não posso dar-te esse beijo...

Mas eu... não sei fazer o luto de ti...
E vou cumprir a minha parte da promessa...

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