sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Abstinência...

E é assim...
Que no silêncio e companhia da noite
Me desprendo...!
Eu que vivi longos anos no peso do incumprimento desse dogma desumano...
Presa à culpa
Presa à vergonha
Presa de mim...!
Hoje sou livre...!
Mas presa...
À ausência...
Ao vazio...
À falta de sentido...
Presa de mim...!
E é assim...
Que no silêncio e companhia da noite...
Permaneço...
Sem nenhuma vontade de a preencher...
Presa...
Mas como serei livre?

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Nua...

E a noite...
Esse pedaço negro que se desprende...
E a noite...
A noite dos meus sonhos...!
Esse vão solto que se envolve...
Tomara eu ter-te assim...
Assim como a noite agora me tem...
Sôfrega...
Fiel...
Cúmplice...
Nua...
Voltei aqui...
Onde tantas vezes nos sentimos acontecer...
E as vezes é tão duro viver dessas memórias...
Ser essas memórias...
Mas seria mais...
... não as sentir...?
...

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Nada me pertence

Está quase a fazer uma semana que estive contigo
E antes dessa, também mais de uma semana tinha passado até estar contigo
Também não te ouço desde essa altura
E antes desta, de facto não passou mais de uma semana, porque eu senti romper o silêncio
Mas nesta, concerteza não te irei ouvir desde essa altura
E nesta, mais de uma semana vai passar até estar contigo...
Uma hora de ausência,
deu lugar a um dia de ausência
que se fez substituir por uma semana...
Incrível...
E até me apetecia dizer que o ser humano tem uma capacidade notável para se adaptar às mudanças
Mas afinal que significa essa capacidade?
Que aceita?
Que se sente bem com ela?
Que enfrenta?
Que sente que não tem outra saída?
Que dá um significado positivo?
Compreendi ao fim deste tempo que afinal todos gostam de encaixar os sentimentos em
Espartilhos!
É tão lindo dizer: "o ser humano tem uma capacidade notável para se adaptar à mudança"
Até parece, que se carrega no botão e acontece
Outra linda é dizer: "o tempo cura tudo"
Até parece, que deixando passar o tempo tudo se encaixa nos espartilhos que se definiram
É mais ou menos como eu acreditar que alguém "nos juntou"
E o outro acreditar que esse alguém "nos separou"
...
Hoje um dia é um dia
E amanha é uma semana...!
E ontem pode ter sido anos...!
E embrulhamo-nos no paradoxo do tempo sem o entender, fechamos a porta, e esperamos que quando de novo a abrirmos estará tudo bem...!
...
Ó quanta ignorância a nossa...!
Que arriscamos tanta criatividade no nosso dia-a-dia e tão pouca canalizada ao nosso sentir, ao nosso ser...!
Hoje foi a eternidade...!
A eternidade da ausência, da espera, ... a eternidade da voz que não se ouviu, do abraço que não se deu, do beijo que não se sentiu...!
Mas amanhã...?
Amanhã pode ser o minuto que quando damos conta já passou...
E que importa tudo isto...?
E que importa tudo o que sei...?
E que importa tudo o que possa vir a saber...?
Nada mais importa...
Porque...
"eu sei que nada me pertence"...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

@ D


Estou na aldeia que te disse  
A viagem até cá foi muito difícil... 
De noite, com nevoeiro, sozinha...
Foi um alento enorme quando o meu Telm cerca das 6h apitou e percebi que eras tu...
Fiquei triste por sentir mais uma vez que... te magoei tanto e nao conseguir entender o porquê...
Pediste-me para eu te esquecer...
E foi com grande esforço que consegui continuar a conduzir, com nevoeiro, e com o meu coracao despedaçado... mas ainda assim, teres acordado mais cedo para comunicares comigo foi mesmo muito bom... 
Passado uns momentos, enviaste-me um email. 
Quando o li perdi-me no percurso pela primeira vez
Tive que voltar atras e nao consegui responder
Consegui chegar a vila mais perto da aldeia não sem antes me enganar de novo no caminho... e quando descia a montanha que erradamente tinha subido, um sol se infiltrou por entre as arvores... E quase me cegou...!
Cheguei a essa vila e enviei uma SMS para ti, sabia que era a ultima e que nao irias responder...
E no meu coração permiti-me apenas à sensação do teu beijo... do teu primeiro beijo... aquele que provavelmente nunca mais irei sentir...
... 
A partir dessa vila o caminho foi ainda mais difícil... 
sozinha... sem poder comunicar... e varias vezes perdida na serra sem certeza de onde estava...
Cheguei à ultima aldeia antes do local de destino e lá me ensinaram como chegar... 
Segui cautelosamente a estrada ainda de alcatrão e progressivamente, no alto da serra percebi que do meu lado esquerdo se avistavam ravinas profundas e sem que eu vislumbrasse o fim...!
Permite-me àquela sensação de infinito...
Quando encontrei a estrada de terra a seguir à placa, senti que já nao me perderia e assim foi!
Percorri lentamente a estrada estreita, de terra e com muitas pedras e grandes, sempre a descer e fui progressivamente sendo engolida pelas ravinas da serra...! 
Andei cerca de 3km assim, até que avistei a aldeia...!
Um autêntico... buraco de casas em pedra...
Estacionei o carro no ponto máximo que o carro conseguia fazer e os restantes 1000metros fiz a pé de mochila às costas. 
Um percurso todo em pedras de altos e baixos e sempre com os olhos postos lá em baixo, no riacho e nas casas...
Umas mais em baixo e outras mais em cima. Apesar de ser um buraco e ser num vale é acidentado, tem muitos altos e baixos...
Entrei na aldeia e perguntei a duas moças pelo meu grupo, nao sabiam...
Andei mais um pouco e depois de um muro havia uma passagem com umas escadas
Eu estava tão feliz por ter chegado e queria saber deles, nao queria ter chegado atrasada, fui pelas escadas em direcção a um chefe que estava um pouco mais à frente
E foi então que... Caí...!
Pus o pé em falso e uma dor enorme percorreu todo o meu corpo...
Suei, tive falta de ar, fiquei completamente imobilizada...! 
Quando me recompus olhei o meu pé... tinha uma batata enorme no tornozelo esquerdo...
Todos vieram... 
E os meus miúdos também...
Quase nao mexia o pé... 
Estava deitada no chão e 20 pessoas à minha volta...
Quase nao ouvi nem vi ninguém e na minha cabeça só pensei "estás no fim do Mundo, com o pé partido, mas tens de ter calma... és chefe tens de te aguentar, tens de dar o exemplo"
Quando consegui recompor-me estavam a levar-me ao colo para uma lagoa, para pôr o pé no frio.
No caminho, como era cheio de pedras e areia caímos os três... 
e uma dor tão forte me percorria... só tinha vontade de chorar... e tive de me aguentar...!
Chegámos à lagoa...
Pus o pé na agua fria... aliviou-me...
Foram buscar-me mantas e tudo para que eu apesar de sentada nas pedras pudesse estar confortável e até à hora de almoço aí permaneci...
Vi-te comigo ali... e as lagrimas teimavam em querer sair...
Estavas comigo nao estavas...?
Pensar em ti
No teu sorriso
No teu olhar
Na tua voz
E no teu beijo...
Foi o que me deu a força maior...!
Estavam outros grupos na aldeia todos vieram ajudar
Uns deram as ligaduras e a fita adesiva, outros deram umas placas de gelo, outros a companhia 
Um grupo ficou mais tempo a fazer uma acção de serviço na lagoa e por isso acompanharam-me
Os meus miúdos partiram para o que estava suposto. 
À hora de almoço tiveram que trazer-me ao colo de novo...
E comecei a desanimar...
Pensei em vir embora mesmo que sozinha e mesmo que com o pé assim...
A carrinha é de mudanças automáticas e tu ensinaste-me só a usar o pé direito e foi isso que treinei depois de ontem ter estado contigo
Portanto talvez conseguisse...
A Ana convenceu-me a ficar, ela tinha ficado comigo, fez-me o almoço e depois o staff da aldeia ofereceu-nos a casa deles para nos deitarmos
Quando cheguei à cama senti um alivio enorme...
Depois da manha inteira sentada em pedras frias soube tão bem o beliche... 
Dormimos eu e a Ana depois de almoço...
Pensei como estarias, que estarias a fazer, se te lembrarias de mim... 
... 
Acordámos cerca das 17h e ficámos na casa a conversar até as 18.30
Hora em que saí a custo e com uma vassoura a servir de muleta consegui andar alguma coisa ao pe coxinho
As 19h havia uma oração e de novo me levaram ao colo...
Incrível como de um momento para o outro ficamos completamente dependentes dos outros e sentimos que a nossa liberdade se cinge à liberdade do nosso pensamento...
Gostei da oração 
Mas sobretudo dos cânticos que me lavaram a alma...! 
De novo me trouxeram ao colo...
Fomos para a mesa comunitária  de pedra. Uns fizeram o jantar, outros cantaram e até de faculdade se falou
Foi giro alguns miúdos ficaram felizes por saber que vou regressar a faculdade 
Houve uns momentos a seguir que fiquei mais sozinha e pude contemplar o céu, o alto dos montes, o riacho mais em baixo... e senti tanto a tua falta...
...
Controlar o desejo, a vontade, a necessidade de comunicar contigo... é horrível... 
Mas se queres que te esqueça... tenho que desabituar-me de ti... talvez tenha sido uma boa forma de começar...
... 
Jantámos e a seguir fizémos a nossa partilha da noite 
Eu já estava muito mal, o pé doía, o rabo de estar nas pedras ainda mais, mas tinha que estar firme com eles...!
Quase no fim da partilha começou a chover e a trovejar...
Tivemos de retirar tudo e eu sem poder ajudar... impotente 
Ainda tentei andar mas dói muito...
Pedi para ir fazer xixi e vieram trazer-me à casa onde dormi a sesta
É onde estou... com as duas moças do staff da aldeia...
Estou deitada no meu saco-cama num beliche...
Nao sei se lerás tudo isto...
E se leres também só será depois de hoje... porque continuo sem rede
Será depois do dia 8 Set e do meu primeiro dia nesta aldeia...
...
Mas nao conseguia ir dormir sem te escrever...
Sinto tanto a tua falta... 
Tu queres que te esqueça...
Mas nunca te vou esquecer... ainda que agora o que guardes de mim seja a mágoa da minha "falta de amor"... 
Assim como nunca esquecerei este dia... o dia em que me beijaste pela primeira vez... 
... 
Noite de paz e tranquilidade...
Dorme bem amor... 
... 

 

sábado, 8 de setembro de 2012

Beijo...

Hoje é dia 8 de Setembro...
O dia em que quebraste todas as barreiras
O dia em que me fizeste quebrar todos os estigmas, medos
E me fizeste voar
E me ensinaste a caminhar sobre as aguas
O dia em que pude sentir a leveza do meu ser...!
Hoje disseste-me para eu te esquecer...
A obediência é algo a que estou habituada desde miúda
E nao funciona com ao coracao
Ate uma criança, na sua eterna pureza e ingenuidade sabe
Que o coracao será sempre o mais forte de tudo!
Nunca esquecerei este dia
E sei que serei sempre "obediente" ao meu coracao
Ainda que até venhas a odiar-me...!
Por isso podes afastar-te o que quiseres
Eu também o farei obviamente obedecendo ao teu querer!
Mas o meu coracao é livre...!
E nao é passado...
... É bem presente...!
Como no dia 8 de Setembro... há 2 anos atras...
Beijo...

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Chegou a hora da partida...

Nunca ninguém me negou um abraço
Nem um beijo
E muitos, antes pelo contrário,
Desejariam-no antes muitíssimo!
Mas tu não...
Tu não queres
Tu reprimes
Tu afastas
Tu excluis
Tu negas-me um abraço e um beijo!
Tu punes-me!
Por causa de alguém que esta morto...!
Dificilmente algum dia irei entender!
Porque a dor que senti tantas vezes pelas pessoas reais que te rodeiam eu tive de aguentar...!
E fiz tanto para superar tudo!
Tive de engolir tanta coisa...!
Até ofensas e palavras reais...! Bem reais! E de alguém muito vivo!
Mas tu não... tu dás mais importância aos mortos!
Sobre algo que escrevi na minha liberdade!
Pois é
Cada um é livre
Eu sou livre de escrever
Tu és livre de ires por algo que escrevi!
Assim como tantas vezes fui livre de ficar
De nao te negar nada
Apesar da dor...
E quem esta mal?
Eu...
Sempre eu
Pois se até a compreensão é depositada nessa viva que me atormenta!!
Claro que quem esta mal SOU EU!
Mas hei-de-me pôr bem!
Sozinha claro...!
Porque a noite cai
E não é a mim que sao devidas atenções e reconhecimentos
Não é a minha segurança que importa precaver!
Eu cá me hei-de arranjar!
Nem é comigo que há compromissos eternos!
Comigo é quando puder ser e quando não causar transtornos a quem sempre cuidou e esteve ao lado! 
E por isso saio
É bom que cada um perceba a sua hora da partida
Fica mais fácil para todos!
Sobretudo para quem atormenta!
E o triste é isso...
Quem fica bem...
Quem fica bem é quem quiseste que ficasse...
E por isso a mim só resta reconhecer que chegou...
... chegou a minha vez de partir...
Quiçá para sempre...
...


...

Há momentos em que o silêncio é a única saída...
E ocuparmos o lugar para o qual nos remetem...
Sobrevivemos...
Mais que não seja no cume de uma montanha e sem contacto com o Mundo...
...

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O aqui... era...

As lágrimas secaram
E o coração não bate
E eu... fico-me por aqui...
...
E mesmo naquele estado do eu inerte, meio indiferente, quase moribundo...
Há quem goste das minhas coisas...
...
As lagrimas secaram
E o corpo nao mexe
E eu... já não estou aqui...

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Como é que se faz...?

Como é que se faz?
Quando se recebe da pessoa que se ama as palavras mais tristes de sempre...?
Como é que se faz?
Quando a pessoa que amamos sente as coisas como um dever e como já nao sendo importantes?
Como é que se faz?
Quando se tem um não da pessoa amada?
Como é que se faz?
Quando a pessoa que amamos nos fecha a porta e já nem quer conversar?
Como é que se faz...?
...
Há momentos em que guardar o que nos emocionou não chega
Há momentos em que lembrar o que nos fez feliz é pouco
Há momentos em que pensar que o que acontece nos leva a algo melhor é muito vago...!
Há momentos... em que a escuridão total se apodera de nós...
Mas não há dia sem noite
E tempestade que não desemboque num belo arco-íris e num sol radioso...
Pena é que se tenha de chegar ao dia e ao sol
Sem possibilidade de falar...!
Mas sobrevive-se...
E o que não nos derruba torna-nos mais fortes, ...


Inundar meu ser

Deixei de pensar no que significa não me escreveres
O pensamento mais "fácil" seria sempre o de que não tens vontade de o fazer
Mas deixei de me permitir a isso
Àqueles pensamentos que me fazem mal, que me deixam triste, que me põem para baixo
A vida é curta!
E invariavelmente já tem os seus pontos baixos, negativos, coisas que fazem mal e que nos deixam triste e em baixo.
Para quê arranjar mais?
Às vezes é uma batalha bem difícil este não me permitir!
Mas faço todo o possível!
E permito-me antes, a não deixar de pensar, que a seguir a um silêncio teu virá algo melhor!
Seja esse algo melhor vindo de ti ou não.

Ontem percorri o caminho do brilho da lua reflectido no rio e esse algo foi (mesmo) melhor!
E hoje, bastará estar atenta, que logo logo surgirá um algo assim também melhor!

Não vou deixar de esperar por algo melhor vindo de ti! Desejo-o!
Com todas as forças do meu ser!
Apenas hoje me permito não estar dependente disso
Apenas hoje dirijo também o meu olhar para tanta coisa boa e bonita que acontece à minha volta!
Tu dirias que isto é ressignificação cognitiva
Não me imaginaria capaz de a fazer!
Mas se hoje a sei fazer aprendi-a contigo!
E que bom...!
Porque nos ultimos tempos... à falta que sinto de ti... é muito importante para mim conseguir continuar a respirar...
... mesmo que não estejas presente para inundar meu ser...!