quarta-feira, 20 de julho de 2011

Aquilegia...

Senti um sopro suave, lento e compassado na minha face
Em esforço quis combater um sono pesado que se aterrou de mim
Como o erguer de um pássaro que é abatido pela asa, quis erguer-me desse peso
No fundo dos meus sonhos avistei aquela montanha dupla
Aquela que me faz lembrar um dinossauro
Solta-se no universo das expectativas o meu sorriso mais terno 
Na realidade, aquela montanha dupla nada tinha que ver com um dinossauro
E no universo das expectativas
a mais bela lembrança
é a da sua expressão visual,
dos traços do seu rosto
do seu olhar brilhante
do seu sorriso maroto
quando me contrapôs aquele paralelo da montanha dupla.
Estaria ela exactamente a pensar no que pensou?

Senti um sopro suave, lento e compassado na minha face
e percebi que era quente
e de compasso incerto
umas vezes binário
outras vezes quaternário
Em esforço quis combater a irregularidade dos batimentos
Como um maestro que faz gesticular a sua batuta, quis reordenar aquele compasso
Senti-me perdido
Senti-me galgar velozmente

Aterro diante de mim
E sinto o buraco sem fundo dos meus sonhos 
Flutuo nos batimentos, agora regulares, de um compasso sem nome
sem maestro
e sem batuta
Há quem lhe chame loucura
Eu chamo-lhe Aquilegia
E pela minha pele
quente,
tensa,
cansada;
escorre em fio
com caudal guiado e frio,
aquele liquido
de arfar ofegante de um dove...

aquilegia.

1 comentário:

Anónimo disse...

muito bem