terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Em vez de mim...

Queria poder dizer-te tudo o que sinto
Queria poder partilhar-te todo o meu crer
Queria poder expressar-te toda a minha imensidão
Queria poder não te esconder nada
Mas sabes, eu amo-te
E quem ama não faz o outro sofrer
O que sinto agora
O que creio agora
O que emerge agora
Far-te-ia sofrer
Mas sabes, tu amas-me
E quem ama não quer ver o outro sofrer
Não podes sentir o que sinto
Não podes crer o que creio
Não podes emergir na minha imensidão
Agora...
Porque agora
Eu estou a sofrer...
E não quero que sofras...
Por mim
Em vez de mim
E para mim...

Quero-te...

Não sei de ti...
Não te vejo, não de cheiro, não te ouço, não te toco... não sei de ti...
Mas hoje pela manhã a tua melodia tocou para mim... eras tu... como quando pegamos num buzio, encostamos ao nosso ouvido e conseguimos penetrar no mar...
...eu penetrei em ti... ouvi a tua melodia, eras tu...

Vens e vais... como um pássaro migratório sem data para voltar mas certo de que voltará...
Quanto tempo demorarás? Não sei...
Quanto tempo ficarás? Não sei...
Mas tu sempre voltas... tu sempre tens voltado...

Da ultima vez, o arco-iris brilhou nas suas sete cores...
V...er-te estimulou a minha paixão...
L...ançaste sobre mim o teu olhar...
A...mei-te desde esse momento...
V...ibro descontroladamente desde então
A...manheceu em mim um novo dia, um novo eu
I...ntensamente diferente, poderoso, irresistível
V...ou querer-te para sempre...

O teu corpo...

Amo o teu corpo...
O que ele me inspira
O que ele me faz sonhar
O que ele me proporciona...
Deleito-me no teu corpo...
Em cada canto e recanto
Em cada curva recta ou arredondada
Em cada esconderijo...
Sacio-me no teu corpo...
com o poder dos teus olhos
a mestria das tuas mãos
a inequícova vocação do teu ser dentro de mim...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Às vezes...

Às vezes precisava sentir que sentes a minha falta
que olhas no relógio e sentes a dificuldade do tempo a passar 
que te distrais com uma voz pensando ser a minha
que olhas duas vezes seguidas para uma mesma pessoa pensando ter-me visto a mim
que abres inúmeras vezes o email à espera que te escreva
Ás vezes precisava sentir que andas perdida em busca de mim
que olhas o infinito na esperança de me encontrar
que te esqueces de comer porque não sabes de mim
que não te concentras porque ainda não dei noticias
Às vezes precisava sentir que sou o teu centro
nem que fosse por breves instantes
que vagueias por aí na esperança de me veres
que aproveitas todos os segundos para me respirar
que trocas o nome das pessoas pelo meu
Às vezes precisava sentir que sou mais que o teu sonho
que saí dessa tela e estou na realidade
que me sorririas mesmo na presença de alguém...
que me quererias mesmo não sendo eu
Às vezes precisava saber mais do que aquilo que sei...
Mas sei que me olho no espelho 
E que vejo tudo isto acontecer... 

Espanta Espíritos: Reflexões

Magnífica a imagem e o paralelismo com o espelho (partido)

Espanta Espíritos: Reflexões: "É mesmo amor, isso que sentesOu simples necessidadeDe te olhares reflectidoNum espelho partido? Pois que estranhoEssa estranheza sem fim..."

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

«Deus quer, o homem sonha e a obra acontece»

Hoje houve alguém que me lembrou deste célebre e tão actual pensamento:
«Deus quer, o homem sonha e a obra acontece»
Reflicto então no que corre mal e apercebo-me de que para mim é evidente que Deus quer, mas não é completamente claro que o homem sonhe, logo, fica inviabilizado o acontecimento da obra, seja ela qual for...
Por outro lado, também pode haver aqui um equívoco, nem todos sabem interpretar o que Deus quer e aquilo que Ele quer não é muita vezes o que nós queremos...
Invariavelmente temos a tendência de justificar os nossos actos com aquilo que Deus quer, com o destino!
Por isso, pergunto-me, saberei eu o que Deus quer?
Páro um momento para introspectivar... e descubro que... não sei.
Descubro que me tenho dado pouco
Descubro que me tenho ouvido menos
Descubro que não me tenho sentido
Descubro que me tenho esquecido de mim
e nessa descoberta sinto a Sua ausência, o Seu silêncio.
Sonhar, sonhar, sonhar... sonhos sem inicio e sem fim, sem fio condutor, sem personagens, sem tema, sem imaginário, de que valem? Para que servem? Onde me encaixo e onde encaixo Deus?
Observo pela janela do meu quarto
o arco da aliança
queria ter tantas certezas como essa
mas não tenho...

sábado, 18 de dezembro de 2010

O nosso pacto

Hoje visitei-as
faço-o algumas vezes apesar de nem sempre o conseguir
Quando descem aos píncaros das montanhas
é quando mais me apetece estar com elas
e quando se vestem de branco, também ficam mais apelativas
Hoje estavam assim, por isso, deitei-me numa delas e deixei-me ficar...
até ser interrompida por um sonoro nasalado e algo áspero.
Deixei-me penetrar pela melodia e conduzir-me onde ela me quis levar
Apareci e desapareci...
Não sei ao certo se conseguirei descrever onde estive
Compreendo agora que nem sempre estou em mim
Mas sei que tendo-me deixado penetrar, te senti...
suave, terna e amorosamente...
Deixei-me então flutuar,
saltando de nuvem em nuvem,
até alcançar o píncaro mais alto daquelas montanhas lá longe.
Quando lá cheguei, olhei o horizonte e vi, claramente, um rasgado arco da aliança de sete cores.
O nosso pacto está selado e ninguém poderá alterá-lo.
Eu quero o nosso pacto
E tu?

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sinto que sou o teu mar...


"Eu gostava de olhar para ti
E dizer-te que és uma luz
Que me acende a noite,
Me guia de dia
E seduz.
Eu gostava de ser como tu
Não ter asas e poder voar
Ter o céu como fundo
Ir ao fim do mundo e voltar
Eu não sei o que me aconteceu
Foi feitiço,
O que é que me deu?
Pra gostar tanto assim de alguém
Como tu...
Eu gostava que olhasses para mim
E sentisses que sou o teu mar
Mergulhasses sem medo
Olhar em segredo
Só pra eu... te abraçar
Eu não sei o que me aconteceu
Foi feitiço,
O que é que me deu?
Pra gostar tanto assim de alguém
Como tu...
O primeiro impulso
É sempre o mais justo
É mais verdadeiro
E o primeiro susto
Dá voltas e voltas
Na volta redonda
De um beijo profundo
Eu...
Eu não sei o que me aconteceu
Foi feitiço,
O que é que me deu?
Pra gostar tanto assim de alguém
Como tu...
Eu não sei o que me aconteceu
Foi feitiço,
O que é que me deu?
Pra gostar tanto assim de alguém
Como tu...
Como tu..."

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Numa casca de búzio

Outro dia pintei um quadro
sentei-me naqueles degraus de pedra, frios e rugosos, abri o meu caderno, procurei os meus pincéis e comecei...
O infinito não estava lá, não conseguia vislumbrá-lo, mas inexplicavelmente senti a sua presença em mim tão forte que julguei por momentos ter sido transportada para outra dimensão...
... no rio, escuro, denso, grosso, proiminente entre duas montanhas escarpadas em que nos píncaros as nuvens tocavam levemente e se misturavam numa simbiosa duvidosa. A tonalidade do rio não foi fácil de surgir e várias cores se sobrepuseram...
...em mim, em ti... mas tocaste-me no ombro levemente e senti que a realidade se agitou vertiginosamente...
... decidi por isso estagnar o curso do rio e pintar antes a folhagem alaranjada. Folhas de todos os tamanhos e feitios, tonalidades laranja, amarela, vermelha, num enleio...
... em espiral perfeita, como numa casca de búzio, única, luzidia, aconchegante sem se ver, mas certos de que estava presente, um infinito...
... mágico! E que irrompeu em largas pinceladas no meu caderno sem qualquer nexo ou sentido mas vibrante e intenso naquela cor...
... manchado, esbatido, mas lá... antes, agora e depois. Porque o antes já foi depois e também já foi agora e o agora já foi antes e também foi depois e o depois há-se ser antes e há-de ser agora...
... em línguas de fogo, que se interlaçam, que passam a nosso lado, que nos queimam a alma, o corpo, o espírito e nos transformam noutro ser, noutro tempo, noutro lugar...
... que clama por ti, que te quer, que te anseia, que te espera... e que chora o antes, o agora e o depois não sentido, não vibrante e o transforma... numa casca de búzio única, luzidia e aconchegante.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A tua janela...

Estou a olhar para a tua janela...
Hoje está fechada...
Faz vento
Chove muito
E talvez por isso
A janela está fechada
Não há luz nesta janela
Não há vida
Faz vento
Chove muito
E talvez por isso
Tudo é escuro
Tudo é noite
Olho de novo
A janela está fechada
A minha esperança dissipa-se
Fico escura
Fico noite
Só posso esperar que amanhã
Tu abras de par em par
A tua janela para mim....

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O teu sorriso rasgou-se como um sol que rasga o Universo

Vinha percorrendo serenamente a beira da estrada com o meu casaco ao ombro e a minha mochila arrastada pelo chão.
O cansaço estava a apoderar-se de mim mas ainda tinha de ter força para a etapa final.
Não sabia exactamente como me irias receber mas precisava ver-te nem que fosse uma ultima vez...
Quando cheguei ao lugar onde pensava encontrar-te, descobri uma porta entrearberta com uma chave na fechadura e outras duas penduradas.
Três chaves. Uma delas mais pequena, como se fosse de um cofre. De imediato pensei na caixa que em tempos te ofereci. Seria aquela a chave da tua caixa?
Chamei por ti antes de entrar mas ninguém, nem mesmo tu, responderam. Também não vislumbrei nenhuma luz, nem sequer a daquela vela colorida e perfurmada que guardaste dentro da tua caixa.
Resolvi entrar mas tirei as chaves da porta.
Mal entrei a porta fechou-se atrás de mim e automaticamente gelei. Comecei a tremer... os meus olhos não te viam mas o meu coração segredou-me que estavas ali
Esperei... esperei... porque não conseguia mover-me...
Uma suave luz começou então a aparecer... tanto tempo passou... mas sim, tu tinhas uma escada... uma escada quase em caracol... e vinhas agora subindo essa escada... tinhas de ser tu...
Os teus olhos não queriam ver aquilo que a luz ténue da vela colorida e perfurmada te faziam vislumbrar... eu...
Mas sim, era eu... ali estava... depois de tanto tempo...
O teu sorriso rasgou-se como um sol que rasga o Universo
E pude finalmente sossegar o meu "eu"... quando juntos transbordámos aquele cálice não fui apenas eu que quis voltar a enchê-lo, tu também o quiseste. E podíamos pelo menos voltar a sonhar, podíamos pelo menos voltar a sorrir...
voltar a sentir a brisa suave do mar...
voltar a sentir a espuma branca da água...
voltar a sentir o vento nas nossas faces...
e escutar...

Escutando no vento
Tua voz secreta
Que me sopra por dentro
Deixa-me ser só seu
No teu colo eu me entrego,
Para que me nutras
E me envolvas
Deixa-me ser só seu
Um ponto de luz
Que me seduz
Aceso na alma
Um ponto de luz que me conduz
Aceso na alma
Por trás dessa nuvem
Ardendo no céu
O fogo do sol raia
Eternamente quente
Liberta-me a mente
Liberta-me a mente
Um ponto de luz que me seduz aceso na alma
Um ponto de luz que me seduz aceso na alma

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Uma decisão


Há dias assim...
Em que nada parece fazer sentido e ao mesmo tempo tudo faz sentido
Em que nos perguntamos por tanta coisa e ao mesmo tempo temos resposta para todas elas
Em que pensamos "que raio faço aqui?" e ao mesmo tempo encontramos um lar a cada esquina
Em que queremos perceber a raiz dos nossos sentimentos e ao mesmo tempo há uma luz que nos conduz para eles
Em que não entemos os outros e ao mesmo tempo parece claro o que os outros são
Em que não sabemos para onde vamos e ao mesmo tempo se abre um caminho para nós 
Há dias assim... 
mas não são muitos 
porque é mais fácil nada fazer sentido 
porque é melhor não saber certas respostas 
porque estar aqui às vezes é duro 
porque de sentimentos complicamos se quisermos entender 
porque todos somos um mistério por desvendar 
porque todos os caminhos têm encruzilhadas, obstáculos, cruzamentos e entroncamentos
Há dias assim... 
e esses são todos, 
aqueles em que temos de dar um sentido as coisas
aqueles em que precisamos de respostas
aqueles em que temos de sentir um lugar só nosso
aqueles que precisamos de sentimentos expostos e compreendidos
aqueles em que os outros são importantes
aqueles em que nos pedem constantemente e sem rodeios
que tomemos uma decisão...